Anastácia
Quando aceitei a chance de trabalhar na investigação sobre a
possível corrupção na Motors, eu sabia que iria ser bastante
cansativo e que iria exigir o máximo de mim. Mas não imaginei que
a pior parte não era o trabalho excessivo, principalmente depois da
tarefa exaustiva que era organizar a agenda do turco, encaixar as
várias solicitações pedindo uma reunião, e criar uma ordem de
prioridade dos documentos que exigiam a atenção dele. Era um
ritmo completamente frenético e extenuante, embora fosse muito
bem remunerada pela função, principalmente pelo trabalho extra,
pago antecipadamente, um valor que era muito mais do que aquele
que recebi nos meus dois anos no cargo anterior, e que ele
prometeu dobrar quando tudo terminasse. Aceitei sem titubear,
embora acreditasse que não teria escolha, o tom de voz empregado
por Cristhian bem como a sua expressão deixavam aquilo bastante
claro.
Quem realmente não gostou disso tudo foi minha mãe. Como
se eu fosse uma criança pequena, na verdade, acreditava que, na
sua visão, eu sempre seria a sua menininha, ela ralhou comigo,
brigando que estava chegando em casa tarde demais, que eu não
estava dormindo às oito horas diárias necessárias, não estava me
cuidando, e por aí vai. Podia imaginar a careta que ela tinha feito dooutro lado da linha quando disse que trabalharia nos finais de
semana também. Apesar de tudo, sentia que traía a nossa amizade
de mãe e filha, ao colocar somente culpa no cansaço, escondendo
aquilo que se passava em meu coração, embora mamãe me
conhecesse bem o suficiente para saber que não era apenas
excesso de tarefas.
Não contive um suspiro profundo, com um pouco de tristeza,
pois as várias ligações e trocas de e-mail que fiz durante o dia, os
diferentes relatórios e as planilhas que exigiam atenção, que até
agora não indicavam nenhum possível desvio, acrescido dos
diversos problemas que sempre pareciam cair nas minhas mãos
com a minha nova função - estranhamente não tinha visto meu
chefe durante a semana - não eram nada perante o fato de ter que
trabalhar com Cristhian
Ficar tão próximo a ele e sujeitar-me aos toques acidentais,
quando ficávamos lado a lado na mesa dele, eram a pior parte. Era
muito melhor me afundar nos dados. Eles eram muito menos
perigosos do que encarar aqueles olhos negros sempre atentos a
cada gesto meu. Foram várias as vezes que o peguei me
observando, me devorando, fazendo com que pequenos arrepiospercorressem a minha pele, minha feminilidade totalmente
consciente da masculinidade dele.
As refeições que compartilhávamos durante a noite eram um
delicioso martírio, principalmente que, com elas, vinham as
conversas, onde acabávamos perguntando como foi o dia um do
outro, apesar de conhecermos muito bem todas as tarefas que
tínhamos. Mas era como se precisássemos saber como o outro
estava. A preocupação do turco com o meu bem-estar fazia o meu
coração sangrar por dentro, pois era uma coisa que meu ex-
namorado não fazia questão de me perguntar, deixando ainda mais
claro e evidente o quão pouco valor ele tinha me dado, mas era algo
que o homem que queria apenas me levar para cama me oferecia.
Ao mesmo tempo que me enternecia por isso, sentia uma grande
tristeza por eu ter sempre o menos, por me deixar levar por um
carinho que era uma mera ilusão. Cristhian não tinha me prometido
nada, mesmo assim, me presenteava com essas pequenas
gentilezas que não faziam parte do papel de chefe, mas, sim, de um
companheiro, o que ele não era.
Era inevitável não apreciar cada segundo que passávamos
juntos, em que acabámos revelando parte de nós mesmos,
pequenos anseios, coisas do passado, e o quão nossa infância foidiferente, mais por questões culturais do que financeiras. E não sei
se agradecia, ou me sentia mais para baixo, por ele não mencionar
o ocorrido na noite em que o deixei sozinho em sua sala, quando
disse que não poderia ir para cama dele novamente por eu não ser
mais aquela mulher que conseguia se envolver apenas fisicamente
e deixar de lado o emocional. Que eu seria daquele tipo que
provavelmente acabaria se apaixonando por um homem que não
queria nada além de sexo.
Evitávamos tacitamente aquele assunto, e algo dentro de
mim se ressentia por ele não o mencionar, por não ter voltado a
tentar me beijar, pela ausência de carícias que buscavam me
persuadir, e até mesmo por não receber mais os pequenos beijos
que ele deixava na minha mão e testa.
Mesmo assim, eu mergulhava nessa fantasia, naquele
companheirismo, mesmo que me machucasse. Ficaria arrasada
quando aquela gentileza acabasse, pois sabia que ela chegaria ao
fim quando ele desistisse de mim e partisse para um alvo mais fácil,
assim como Mark fez.
Tornaria aquela doçura em fel.
Mas o que de fato mexia comigo, tornando ainda mais difícil
aquela proximidade dos últimos dias, era o fato do turco deixar
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O Pai Do Meus Bebês É O Ceo
FanfictionESSA HISTORIA NÃO ME PERTENCE Uma mocinha ferida, um milionário arrogante e uma gravidez acidental... Depois de flagrar o homem que achava que seria o seu príncipe encantado transando com uma colega em plena festa da empresa, Anastácia refugiou-se...