Capítulo 48

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Anastácia

Mesmo com olheiras, cansada pelas noites mal dormidas,
não contive um sorriso ao ver meu pequeno Erol, muito mais
gordinho depois de passados dez dias, sugar com força o bico do
meu seio.
Embora também utilizássemos chuquinhas já que era
impossível alimentar os trigêmeos só com o peito, amava esses
momentos. Não foram poucas as vezes que peguei-me admirando o
modo como Cristhian  parecia extremamente emocionado todas as
vezes que ajudava-me alimentar os pequenos. Sorria, conversando
com eles, sentado na poltrona do quarto privativo do hospital, que
ele tinha providenciado para que nós dois pudéssemos ficar com os
nossos bebês enquanto permaneciam internados para ganhar peso.
Sabia que muitas maternidades não permitiriam a presença de

ambos os pais fora dos horários de visita, mas ele mexeu seus
pauzinhos. Confesso que não havia refletido muito sobre essa parte
operacional, em como seria, mas ele havia pensado em tudo e eu
agradecia por ter conseguido esse arranjo para que não
desgrudássemos deles, dando-nos privacidade e conforto, já que
praticamente estávamos morando naquele quarto.
Nós não deixávamos o hospital por nada, tudo o que
precisávamos era trago pelos meus pais, pela mãe dele ou por
algum funcionário. Cristhian  trabalhava mais ali do que no escritório,
fazendo até algumas videoconferências no quarto. Se já era uma
bobona romântica, agora me sentia bem mais.
Suspirei, apaixonada, ao recordar-me do momento em que
chegamos no quarto todo equipado, e vi que Cristhian  tinha colocado
pequenos nazar boncuk, mais conhecidos como olho grego ou
turco, próximos aos bercinhos dos nossos bebês. Segundo ele, era
uma tradição turca dar ao recém-nascido o amuleto para proteção e
evitar mau olhado.
Suspirei ainda mais com o fato dele vir demonstrando ser um
excelente pai, sempre atencioso a cada choro, compartilhando
responsabilidades e tarefas, até mesmo, se levantando de
madrugada para trazer nossos bebês para que eu pudesse

amamentá-los. O homem que eu amava era um verdadeiro sonho
como pai e companheiro.
Ele poderia se considerar alguém de sorte, mas eu sabia que
eu tinha muito mais por ele não ter desistido de mim.
Então, tudo que faltava para a minha completa felicidade era
que meu último bebê, o menorzinho de todos, ganhasse alta, o que
poderia acontecer em breve.
— Será que a pediatra dará alta para o seu irmãozinho hoje,
meu pequeno Erol? — sussurrei, sentindo um friozinho na minha
barriga.
— Espero que sim, estou louco para levá-los para casa —
Cristhian  comentou da sua poltrona, colocando Onur para arrotar.
Encarei-o, sentindo meu coração bater descompassado ao
ver que ele dava uma chuquinha para Onur, com um sorriso no
rosto, como se fosse a melhor tarefa do mundo. Meu sorriso ficando
ainda maior, se era possível.
Felizmente nossa princesinha estava dormindo no pequeno
bercinho portátil que havíamos comprado para que ficasse mais
confortável. Quando os três ficavam com fome ao mesmo tempo,
era uma tremenda confusão.

— Estou doido para ver como Aylla irá recepcionar os
irmãozinhos dela. — Não escondeu o ar sonhador e eu emiti uma
risada baixa, que fez com que Erol largasse a minha mama e
começasse a chorar.
— Não, meu amor, você vai acordar sua irmãzinha —
erguendo-o, deixando em pé, comecei a fazer movimentos
circulares nas suas costas.
Não tivemos mais tempo para conversar, pois logo tudo se
tornou um pequeno caos, com três bebês chorando freneticamente.
Tentando tranquilizar o menininho no meu colo, vi Cristhian  fazer um
grande malabarismo, segurando firmemente Onur, que havia
arrotado, para ir socorrer a nossa pequena princesa. Querendo
aproveitar esse período, não havíamos contratado ninguém para
nos auxiliar, o que talvez fosse um erro da nossa parte, mas sempre
haveria tempo quando realmente sentíssemos necessidade. E ainda
era cedo para o horário de visita — para o maior desgosto da minha
mãe, que demonstrou ser uma vovó bastante grudenta, gostando de
segurá-los e mimá-los, junto ao meu pai que também era outro. Já a
mãe de Cristhian  era um pouco mais contida do que a minha.
Com os dois no colo, ele tentava acalmá-los, balançando-os,
enquanto um Erol mais calmo, pedia novamente pelo peito. Ver a

segurança dele ao segurar os dois ao mesmo tempo fazia um
calorzinho gostoso surgir no meu peito, uma onda de ternura me
assolando. Tinha que confessar que nem eu, mesmo eles estando
cada vez mais durinhos, tinha essa confiança para segurar os dois
enquanto estava de pé. Eles eram tão frágeis, pequeninos, que
tinha medo de deixá-los cair com os movimentos de mãozinhas e
perninhas.
Imersa nesse estado de caos e amor, só percebi a presença
da médica, Dra Banks, quando nos cumprimentou.
— Bom dia, papais. Pelo que vejo, temos uma confusão por
aqui — disse com uma voz contente.
— Bom dia — falamos praticamente em uníssono.
— Um pouco — Cristhian  comentou —, mas estamos colocando
tudo sob controle, não é, meus bebês?
Nádia continuou a chorar em resposta ao papai, mas Onur
parecia bem mais calmo.
— Acho que ela deve estar com fome — falou mais para si
mesmo.
— Enquanto você cuida dela, por que não me dá esse
meninão que precisa ser examinado? Se ele atingiu dois quilos,
darei a alta dele. Não haverá mais motivos para segurá-lo aqui. — A

médica foi suave e eu senti que minha respiração ficava acelerada
em expectativa, rezando para que isso acontecesse.
— Claro — respondeu com voz alterada, indicando que
estava nervoso.
Com suavidade, contrariando seu estado, Cristhian  passou a
criança para a médica que o pegou delicadamente em seus braços.
Apesar de ser algo corriqueiro para pediatras pegarem bebês no
colo, o modo carinhoso com que a doutora Banks segurava a
criança, embalando-a até colocá-la no local onde eram feitos os
check-ups e a pesagem, era de alguma forma tocante. Enquanto
aguardava em expectativa o resultado do exame do meu pequeno
Onur, troquei de bebê com Cristhian , que fazia Erol arrotar, ao passo
que eu levava meu outro seio em direção a boquinha da minha
menininha chorona, meu mamilo sendo rejeitado por ela.
Provavelmente era a fralda, diferentemente dos irmãos, ela não
aguentava ficar nem um minuto sequer suja.
Ocupada, não consegui prestar atenção naquilo que a
médica fazia, então foi com alívio que a escutei dizer:
— Excelente, meninão.
— E então? — Cristhian  perguntou com a voz
apreensiva.

— Boas notícias, pai, vocês poderão levá-lo para casa ainda
hoje — quando a médica disse isso, pareceu que o meu coração iria
explodir de alegria, não cabendo em meu peito.
Feliz, busquei Cristhian  com o olhar e percebi que um sorriso
suave dominava sua expressão, mas era o modo intenso com que
me fitava que fez com que eu perdesse o ar momentaneamente,
apenas para sorrir de volta.
Compartilhávamos em silêncio a mesma sensação de que
finalmente poderíamos começar a nossa vida em família, não em
um hospital, mas, sim, na nossa casa. No nosso lar.
Eu, ele, nossos três bebês e a doce Aylla.

Continua...

Votem e comentem assim saberei se estão gostando da história.

Beijos até a próxima.

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora