Capítulo 49

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Anastácia

— Estamos chegando, meus bebês — a voz de Cristhian  ecoou
baixinho pela caixa de metal, enquanto ele fitava os nossos dois
meninos que dormiam tranquilamente, ao passo que uma Nádia
bem acordada me encarava com seus olhos arregalados, movendo
suas mãozinhas e pezinhos, cobertos pelas luvinhas e sapatinhos
rosas que seu papai havia comprado em um momento de
empolgação.
Desviei o olhar, e vi que um dos nossos vizinhos, um senhor
de cerca de setenta anos, sorriu com a fala dele. Tínhamos nos
esbarrado algumas vezes no elevador e até mesmo no hall comum,
e o senhorzinho sempre havia sido muito simpático, conversador,
perguntando sobre a minha gestação. Quando ele viu os três
pacotinhos que carregávamos, ele ficou tão contente, como se meus
bebês fossem os netinhos dele, que me emocionou.
— Saudades de quando os meus meninos eram tão
pequeninos — comentou, emitindo um suspiro depois: — Pena que
eles crescem tão rápido.
— Minha mãe diz o mesmo — falei em um sussurro.
— Verdade, menina — fez uma pausa —, quando vocês
menos esperarem, eles serão adolescentes preocupados com as
namoradinhas e namoradinhos.

Ouvi o bufar exasperado de Cristhian , percebendo o rosto
sorridente se transformar numa carranca, e tive que me conter para
não rir alto da cara que fez.
Desde que a ficha dele havia caído que teria uma linda
menininha, ele vinha sofrendo por antecipação o momento em que,
segundo ele, teria que defendê-la dos “maus intencionados”, que
inclui todos do sexo masculino. Lembro da vez quando disse, já
enciumado, que se Nádia tivesse olhos azuis como os meus, ele
estaria completamente perdido, pois ela seria a menina mais linda
do mundo, do mesmo modo que eu era a mais bela, e outras coisas
mais. Nunca ri tanto na minha vida, eufórica, ainda mais quando ele
se tornou o Cristhian  de sempre, severo e mal-humorado, ao mesmo
tempo que me senti completamente derretida pelo seu elogio.
— Não quero pensar nisso agora, Edgar — rosnou para o
senhorzinho e vi que ele também se continha para não gargalhar.
Porém, antes que pudesse atiçar ainda mais o brio de Cristhian ,
o elevador parou no andar em que ficava o apartamento de Edgar, e
ele se preparou para sair:
— Novamente meus parabéns para vocês dois. Eles são
lindos — murmurou, impedindo a porta de se fechar com o corpo.

— Obrigada — sorri para ele quando deixou um beijo gentil
em minha mão livre. — Depois aparece lá em casa para tomar um
chá e visitá-los. Você sabe que será bem-vindo — convidei. Apesar
de Cristhian  não ser um grande fã de interações sociais, ele não me
impedia de receber visitas, inclusive do doce velhinho, um dos
únicos que valia a pena naquele círculo de esnobes moldados pelo
dinheiro, e que no final da minha gestação foi uma excelente
companhia com suas histórias. Até mesmo a mãe de Cristhian
simpatizou imediatamente com ele, embora ela mantivesse certas
reservas impostas pela sua cultura.
— Com certeza irei. Até — disse, dando um passo para trás,
e antes das portas se fecharem, jogou um beijo para mim.
— Ele vai me deixar louco com essas insinuações —
sussurrou e se as mãos dele não estivessem ocupadas, eu sabia
que passaria os dedos nos seus cabelos.
— Você sobreviverá ao fato quando chegar a hora, papai.
Não conseguirá mantê-la debaixo das suas asas para sempre. —
Provoquei-o.
— Isso que veremos — ignorou a minha primeira frase,
respondendo a segunda naquele tom sedoso que não fazia a
mínima questão de esconder sua arrogância.

Arqueei a sobrancelha, mas não disse mais nada, deixando
um beijinho no rostinho da minha menininha, o que foi o meu maior
erro, pois o chorinho dela ecoou na caixa de metal.
— Não, meu amor — trouxe seu corpinho mais para o meu
—, desculpa a mamãe. Ela não quis te assustar.
Continuou a chorar até que deixássemos o elevador, o que
não demorou nem dez segundos, mas que foi o suficiente para
acordar os outros irmãozinhos no braço de Cristhian, que começou a
cantar uma música turca que havia aprendido com a sua anne, na
tentativa de que os choros diminuíssem. Porém, sem sucesso.
O som repercutia por todo o hall comum e não foi nenhuma
surpresa que antes mesmo que pudéssemos aproximar da porta do
apartamento, uma Aylla completamente excitada, latindo,
balançando o rabo como se fosse um espanador, nos alcançasse.
— Não, menina. — Cristhian  falou quando a cadela, curiosa,
tentou deixar patadas nas suas coxas, continuando a emitir sons
caninos enquanto cheirava freneticamente o papai. — Calma. Daqui
a pouco você poderá ver os seus irmãozinhos.
Seu comentário dito em um tom tão doce, assomado com a
alegria da recepção calorosa da cadela, que parecia completamente
animada pelo fato de ter irmãozinhos, fez com que eu desse um

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora