Capítulo 17

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Anastácia

Pagando o taxista, que me abriu um sorriso quando lhe disse
para ficar com o troco, desci do veículo em frente ao arranha-céu
histórico em estilo neogótico, composto de peças em formato de
arcos no topo contendo pináculos que apontavam para o céu, e com
detalhes na arcada da porta, que tinha sido transformado em um
condomínio de luxo.
Eu parecia congelada na calçada, apertando a bolsa com
força entre os meus dedos e sentindo meu estômago revirando, em
um nervosismo ridículo.
Suspirando fundo, obriguei-me a caminhar em direção a
entrada. Cumprimentei os dois seguranças, estacados na porta, que
me olharam de cima a baixo, talvez reprovando meus trajes, me
indicando para me dirigir ao atendente e me identificar. Não contive
um som de surpresa ao adentrar na recepção luxuosa com teto
abobadado, piso e balcão de mármore e elementos arquitetônicos
cheios de detalhes que davam um toque romântico a tudo. E junto
com a agitação, por saber que estava prestes a entrar na “toca” do
meu chefe, atormentada pelas reflexões que me deram mais uma
outra noite insone, veio a insegurança das nossas diferenças
sociais, por mais que ele diga que não se importa com isso. Era

mais um aspecto que me dava a certeza de que seria apenas sexo,
isso se ele ainda me quisesse. Eu não era sofisticada, e nunca
seria, não no padrão daquele homem. E, naquela confusão de
sentimentos, por saber que nunca me encaixaria naquilo, na vida
dele, uma tristeza me tomou.
Balancei a cabeça, dizendo a mim mesma que não era para
aquilo que estava ali, mas sim para fazer o meu trabalho. Mesmo
repetindo isso como um mantra, não me ofereceu nenhum conforto.
Aproximei-me do porteiro elegantemente vestido, o barulho dos
meus sapatos ecoando nos meus ouvidos em meio aquele silêncio
ensurdecedor.
— Bom dia. — Meus lábios se curvaram em um sorriso, meio
constrangido, que o senhor retribuiu com gentileza.
— Bom dia, senhora. Em que posso ajudá-la?
— O senhor Grey  está me aguardando. — Coloquei uma
mecha do meu cabelo atrás da orelha, sem jeito. — Apartamento
251.
— Tudo bem, senhora. — Seus olhos brilharam, curiosos,
mas os anos de experiência, provavelmente, o ensinaram a ter
discrição. — Eu vou informar o senhor Grey  da sua chegada. Por
favor, preciso de um documento de identificação.

— Okay.
Abri minha bolsa com meus dedos trêmulos, retirei da carteira
minha habilitação e a entreguei ao homem. Após anotar alguns
dados, me devolveu o documento e pegou o telefone para ligar para
Cristhian . Sabia que não seria barrada a minha entrada, mas essa
espera me deixou nervosa, ainda mais quando vi o senhor
conversar calmamente com o turco. Meu coração batia acelerado no
peito, e enquanto aguardava a autorização, relanceei o meu olhar
pela minha própria aparência, focando na sapatilha. Parecia pouco
profissional. Quando me olhei no espelho antes de sair de casa,
contemplando a maquiagem leve e meus cabelos caindo em onda
sobre meus ombros, tinha me sentido linda, bem comigo mesma,
principalmente confortável com aquele vestido estampado e um
casaco. Fazia tanto tempo que não usava uma roupa tão causal,
que quase não me reconheci. Mas, ali, naquele ambiente, me
arrependia de não ter colocado uma calça e uma blusa social com
meus saltos altos, contrariando o que ele tinha pedido.
— Senhora Stelle ? — O porteiro me tirou do transe e eu
ergui meu rosto, fitando a expressão gentil. — O senhor Grey 
autorizou-a a subir. O apartamento fica no vigésimo quinto andar, os
elevadores ficam à direita — sorriu. — Tenha um bom dia, senhora.

— Obrigada.
Mesmo insegura, me forcei a caminhar em direção a caixa de
metal e vidro, inspirando e expirando lentamente, ainda
embasbacada pelos detalhes que compunham a decoração, cada
arcada, cada coluna. Assim que entrei, fechei os olhos, tentando
vestir uma máscara que escondesse o quão nervosa e insegura me
sentia, mas falhei, e tive essa certeza quando foi anunciado que
tinha chegado ao andar. Senti minha bolsa escorregando dos dedos,
e meu coração estava batendo tão rápido, que parecia que ia sair
pela boca. Perdi completamente o fôlego quando as portas se
abriram e vi a decoração de uma espécie de terraço que tinha uma
vista de quase 360º da vizinhança. Não resisti em aproximar-me de
um dos vãos abertos para contemplar toda a Chicago por alguns
minutos mesmo sabendo que era esperada. Logo em seguida
encontrei a enorme porta de madeira com o número do apartamento
de Cristhian .
Não tive tempo de tentar me aprumar, pois, como se previsse
que eu tinha chegado, o turco abriu a porta. Eu engoli em seco,
dando um passo para trás, enquanto segurava minha bolsa com
mais força. Uma comichão fez o meu sexo se contrair com o desejo
insatisfeito que retomou com toda a sua fúria ao encarar a pele

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora