Capítulo 14

1.4K 82 11
                                    

Cristhian

Enquanto ia até a portaria, fui pensando no desejo violento
que tinha me dominado ao beijá-la, algo que ia além do prazer
físico. Esse breve afastamento era mais do que necessário para me
ajudar a me conter, por isso não mandei que deixassem o
entregador subir.
Ainda a desejava e muito, precisava do seu corpo nu sob o
meu, mas não ao ponto de não conseguir me dominar. Minha
confiança natural foi retomando, que sussurrava a mim mesmo que
não deveria me deixar levar por essa insanidade.
Mas sabia que estava mentindo para mim mesmo, pois como
um homem faminto, ou como um grande estúpido, eu sabia que
mergulharia novamente naquele mar de sensações sem me
importar com o que elas significavam e suas repercussões.
Estava contrariando minha personalidade, que sempre
calculava os riscos. Sabia que na próxima oportunidade, o temor
não iria me paralisaria, e iria apreciar cada segundo da experiência.
Não deixaria que nada me impedisse de desfrutar um belo
jantar com aquela mulher. Quando cheguei na portaria, encontrei o
entregador conversando com o segurança.

- Senhor? - Sua voz não escondia sua surpresa. - Eu
teria levado a encomenda para o senhor se soubesse que não tinha
ninguém para vir buscar.
- Não se preocupe. - Peguei minha carteira, tirei duas
notas de cem dólares, entregando uma ao segurança que estava na
portaria, que ficou ainda mais estarrecido, e a outra ao entregador,
que me encarou, com os olhos arregalados.
- O-obri-ga-do - gaguejou. - Deixa que eu levo para o
senhor.
- Não será necessário.
Virei as costas, concentrado em pegar as sacolas que
estavam em cima do balcão de mármore, equilibrando-as, tomando
cuidado para não as tombar, e fui em direção ao elevador. Além do
ravioli com bastante caldo e salada, acabei decidindo pedir outras
coisas, inclusive uma pequena surpresa para benim değerli, em um
pequeno capricho. Sabia que não era o jantar que ela merecia, que
deveria ser num restaurante luxuoso, a luz de velas e ao som de
uma boa música, onde todos poderiam nos ver, mas tive medo de
convidá-la e ser rechaçado, incerto se ela gostaria de tal exposição.
Enquanto entrava no elevador, apertando o botão
desajeitadamente, fui dominado por uma ansiedade esquisita. Me

deu uma vontade enorme de remover a gravata que parecia apertar
a minha garganta. Um suor frio me tomou, tornando um pouco mais
difícil segurar as alças das sacolas. Era como se tudo em mim
precisasse da aprovação dela nessa minha pequena tentativa de
termos um momento a sós que não envolvesse trabalho. Algo
íntimo. De fato, não tinha mentido quando sem querer disse em voz
alta que queria a continuação daquilo que teríamos feito se ela não
tivesse escapulido no meio da madrugada. Não necessariamente na
ordem que eu tinha em mente naquele dia, já que eu pretendia ter
feito mais sexo primeiro, para depois passar ao café. Mas sabia que
eu queria terminar aquela noite beijando-a da forma que tinha me
negado minutos atrás.
Anastácia seria minha essa noite e me certificaria de que, dessa
vez, quando a levasse para o meu apartamento, ela iria acordar na
minha cama.
Na caixa de metal, vendo os andares passando mais
lentamente do que o normal, algo que pediria para a equipe de
manutenção checar, ansiei por retomarmos a cumplicidade que
tivemos quando discutimos a situação da Motors. Praguejei baixinho
em turco perante a esse desejo sem sentido. Se eu não me
conhecesse bem o suficiente, até mesmo acreditaria que eu estava

ansiando por algo que iria muito além do que mero prazer. Bufei em
exasperação. Não podia estar querendo um relacionamento sério
com ela, algo que só traria mágoas, ressentimento e estresse para
ambas as partes. Tudo se resumiria a cobranças e brigas, até que o
ressentimento acabasse com a paixão que existia. E também os
meus negócios não comportariam tal coisa. Não tinha tempo para
me dedicar a ninguém. Sabia que estava sendo hipócrita, já que
pretendia passar muito tempo me perdendo nas curvas suaves do
corpo delgado.
Fechei a cara, na habitual expressão severa, torcendo os
lábios.
Então porque eu estava desejando coisas que pareciam
pertencer ao pacote "relacionamento sério" e não ao do "sexo
casual"?
Era patético.
Nem queria imaginar o que Javier diria de mim caso
soubesse o rumo dos meus pensamentos. Minha vingança sexual
parecia estar se transformando em ânsia de conversar, de passar
momentos que nada tinham a ver com apenas corpos nus sedentos
pelo ápice. Ele riria alto, embora não achasse graça. E eu fiquei com
o humor ainda mais azedo, só podendo xingar a mim mesmo. Mas

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora