Capítulo 9

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Anastácia

- Ana?
Desviei meu olhar da nota fiscal que estava conferindo para
mandar para o setor de expedição de peças, e olhei para o diretor
responsável do departamento que eu trabalhava, que graças a Deus
não era Mark, percebendo que ele estava mais empertigado do que
de costume. Compreensivo, já que, assim que pisei na empresa,
todos os funcionários não falavam de outra coisa que não fosse a
venda da Motors por milhares de dólares a um empresário
misterioso, numa transação sigilosa, que envolveu apenas o CEO
da empresa. Nem mesmo os executivos e diretores tinham sido
chamados para participar das negociações. Poderia passar de um
mero boato, pois ainda nada foi comunicado oficialmente, mas a
tensão no ambiente, o nervosismo de todos, me faziam duvidar
disso. Era mais do que evidente que alguma coisa estava
acontecendo, e todos estavam com medo de verem suas cabeças
rolando. E, inconscientemente, deixei-me levar também por aquela
ansiedade e tensão, sofrendo por antecipação por mim mesma e
por outras milhares de pessoas. Ao que parecia, a esperança da
minha mãe de que tudo daria certo durou nem um dia.
- Em que posso ajudar, senhor? - Fui formal.

E estranhamente, enquanto encarava o homem e esperava
ele responder, senti que minha tensão ficava ainda maior, sem razão
alguma aparente. Mas, quando notei um ar de desaprovação em
sua expressão, eu engoli em seco com o calafrio que percorreu
minha espinha.
- Estão te esperando na sala de reunião do último andar. -
Sua voz foi suave, contrariando suas feições e eu o fitei, atônita.
Nunca tinha ido naquele piso onde ficavam os escritórios de todos
os diretores da Motors e o do presidente, então não entendia por
que pediam a minha presença ali. E o homem à minha frente sabia
disso. Eu não era ninguém naquela empresa, eu era completamente
substituível. Não havia nada que pudessem dizer sobre a
administração da companhia que dizia respeito a uma funcionária
como eu. - Pediram que eu te acompanhasse.
- Por quê? - questionei em um fio de voz, insegura, e ele
pareceu mais rígido. Deu de ombros, mas seu gesto não conseguia
transmitir a leveza que queria dar. A tensão dele aumentou a minha,
fazendo-me suar frio.
- O presidente assim exigiu - demonstrou sua
incredulidade com isso e eu devo ter deixado a minha evidente
também. - Vamos, não podemos deixar todo mundo esperando. Só

falta você para começarem. Está nos atrasando e todos estão
impacientes.
Encarei-o por alguns segundos, reprimindo uma resposta
mordaz sobre como poderia estar atrasada para um compromisso
que não sabia que existia e que ninguém tinha me avisado. Salvei o
arquivo no meu computador e o desliguei. Ergui-me nos meus
saltos, mesmo não me sentindo completamente firme, pegando meu
caderno e uma caneta, e o segui sem mais demora. Não consegui
controlar meu coração que batia acelerado. Algo estava muito
errado.
Enquanto caminhava atrás do diretor, sentia um pouco de
vergonha por ser alvo do escrutínio de todos os meus outros
colegas de trabalho, que me fitavam com especulação. Para distrair
meu nervosismo tolo, desfiz com as pontas dos dedos uma pequena
prega que tinha se formado na minha saia quando entramos no
elevador. Evitando olhar para o diretor, procurei respirar
pausadamente, me sentindo mais calma quando pisei no andar que
era proibido para mim, vestindo uma máscara fria de
profissionalismo. Não ganharia nada por deixar-me levar pelo medo
como todos pareciam estar. Eu era uma boa profissional, e agiria
como tal. Poderia perder o meu emprego hoje, o que era uma coisa

que já esperava, mas não iria demonstrar fragilidade e insegurança
no meu ainda local de trabalho. Munida de coragem, ignorando o
suor frio e os calafrios que me percorriam, ouvindo meus saltos
batendo contra o assoalho de madeira, adentrei a sala de reunião
completamente silenciosa, mas procurei não deixar que o
nervosismo de todos me afetasse. Escondi o quanto o olhar deles
de questionamento sobre a minha presença ali me incomodava.
Não me importava, eram eles que tinham muito mais a perder
do que eu.
Sentando-me no lugar indicado, deixei que meu olhar
percorresse a sala, que diferentemente do que eu pensava, tinha
um estilo clássico, luxuosamente mobiliado, em tons de vermelho
vivo com dourado. Elegante, porém bastante extravagante
Observava cada detalhe, mas contive a surpresa por ver que a
cadeira presidencial estava desocupada, e que o CEO, que só
conhecia de vista, estava sentado ao lado dela. Ele parecia
completamente sereno, feliz até, e não parecia nenhum pouco
incomodado por ocupar aquele lugar. Não havia dúvidas de que algo
muito estranho estava acontecendo.
Porém logo a minha atenção foi desviada do baixinho para o
homem que se encontrava de pé próximo a janela, de costas para

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora