Anastácia
Sentando com a graça de um felino na cadeira destinada ao
presidente, não deixou de me fitar um só instante, como se temesse
que eu fosse desaparecer da sua frente novamente. Engoli em seco
e desviei o olhar, como uma menininha assustada, que era de fato
como estava me sentindo. Um frio descomunal me varreu por achar
que ele me demitiria como punição e que faria isso na frente de
todos. Isso fez meu coração se apertar ainda mais com a decepção.
O homem que tinha me venerado com a sua boca e mãos, por
quem alimentei sentimentos que eu sabia serem completamente
tolos de se nutrir por um desconhecido que só buscava prazer,
sempre seria inacessível para mim. Eu tive a certeza que ele era
alguém de posses quando me levou para um dos hotéis mais caros
de Chicago, mas com sua ternura descomunal, com o desejo que
demonstrou por mim, o estrangeiro me fez esquecer completamente
daquilo.
Agora, confirmar que ia muito além do que ser rico, que ele
tinha poder e dinheiro suficiente para comprar uma empresa que
valia milhões, me deixava com uma sensação de vazio. Ele poderia
ter tudo o que queria em um estalar de dedos. E mesmo me
desejando aquela noite, me fazendo sentir única, como se quisessemais do que apenas prazer físico, sabia que esses homens eram
bastante volúveis e que quase nunca se entregavam a alguém.
E se já me sentia uma completa idiota por Mark ter me feito
suspirar com palavras doces enquanto transava com todas do
escritório, um gosto amargo surgiu na minha boca ao pensar que
tinha ido muito além com aquele homem que iria me dispensar de
maneira ainda pior do que eu fiz ao deixá-lo sozinho naquele quarto
de hotel. Ele conhecia algumas das minhas vulnerabilidades, minha
fraqueza perante a ele e seu magnetismo. Fechei os olhos, emitindo
um suspiro baixinho, ignorando todas aquelas pessoas poderosas
que falavam ao mesmo tempo, preocupadas com si mesmas,
amaldiçoando-me por ser tão patética, tão carente e tão sonhadora.
Não me importava com mais nada, só desejava que ele me desse
logo o golpe de misericórdia, destroçando-me de uma vez.
Porém o rosnado baixo e furioso fez com que sentisse outro
arrepio, intenso. Um silêncio ensurdecedor tomou a sala de reuniões
obrigando-me abrir os olhos e encarar aqueles olhos negros focados
em mim, que cintilavam perigosamente, como se pudessem ler
meus pensamentos e me desafiassem a continuar a tê-los. Era
como se me dissessem que eu não sabia quem ele era e que não
deveria julgar as suas intenções. Meu pulso se acelerou, e por ummomento ouvi somente o som da minha própria respiração rápida e
os batimentos do meu coração.
— Senhorita Stelle — chamou-me com a voz grave e
soturna, atraindo a atenção de todos para mim. Contive a vontade
de estremecer e chorar com o que turco estava prestes a fazer.
Erguendo o queixo, tentei transparecer uma calma que não sentia,
evidenciando todo o meu profissionalismo, e percebi que seus olhos
cintilaram em aprovação. Um prazer ridículo, dadas as
circunstâncias, formigou em meu interior.
Escutei alguém pigarrear, provavelmente a Senhora Jenkins,
porém não dei atenção a ela. Mas a voz de Mark, num tom
desaprovador, tirou-me do transe e com o canto do olho percebi que
ele estava confuso:
— Senhor, eu...
— Não estou falando com o senhor. — O tom foi cortante,
deixando claro o quão furioso ficou com sua intromissão, e ele
engoliu em seco, parecendo arrependido. Provavelmente ficou com
medo de ser o primeiro a sentir a fúria do turco. Novamente, por
mais que deveria temer uma provável humilhação, eu sorri com o
seu desconforto, e virei-me para o homem poderoso, vendo a
comissura dos lábios de Cristhian se ergueram suavemente, tornandosua aparência ainda mais diabólica. E, estranhamente, uma
sensação de que partilhávamos algo, uma cumplicidade, me
invadiu.
Suspirei. Quão idiota ainda tinha que ser?
— Sim, senhor Grey ? — Forcei-me a dizer, recordando
que o senhor Alfred o tinha chamado assim.
Congratulei-me pelo meu tom profissional e por não ter dito o
primeiro nome dele, que estava na ponta da minha língua, o que
seria um descuido imperdoável. Para quem estava na forca, estava
relaxada demais. Teria sido vexatório se tivesse cometido esse erro
e despertaria ainda mais a atenção das pessoas que claramente
não entendiam o motivo de estar ali, devido ao cargo que eu
ocupava dentro da Motors. Observei sua expressão fechada de
descontentamento, e me perguntei se em algum momento ele se
permitia relaxar. Minha mente me deu a resposta ao recordar o quão
ele parecia calmo e relaxado, quando me puxou para os seus
braços após esgotar a suas forças, sua boca deixando pequenos
beijinhos na minha pele enquanto acariciava e cheirava meus
cabelos. Sim, ele se permitia. Mas agora era eu quem estava tensa
com a lembrança suscitada, e minhas terminações nervosas
voltaram ao seu estado de alerta. Eu o queria.
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O Pai Do Meus Bebês É O Ceo
FanficESSA HISTORIA NÃO ME PERTENCE Uma mocinha ferida, um milionário arrogante e uma gravidez acidental... Depois de flagrar o homem que achava que seria o seu príncipe encantado transando com uma colega em plena festa da empresa, Anastácia refugiou-se...