Capítulo 9

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                            Gabriel Brineli 

Sevilha - Espanha

A premiação do Grammy Latino, naquela noite, transformou-se em quase uma provação para mim. Além de não ser fã desse tipo de evento, a exuberância de Anitta no palco, deslumbrando a todos com sua performance impecável, causou um desconforto que eu não previra. A presença magnética dela tinha o poder de cativar qualquer um, inclusive eu. Quando, por fim, o evento chegou ao seu término, meus acompanhantes decidiram, contra minha vontade, fazer uma visita ao camarim da cantora para cumprimentá-la. Consciente da minha relutância em qualquer tipo de aproximação, optei por aguardar nos bastidores.  O que eu não previa era ser surpreendido por Anitta, visivelmente mal, necessitando da minha ajuda. Naquele momento, deixei de lado nossas desavenças e sentimentos ruins, escolhendo estender-lhe a mão.
  Deixar o quarto após a chegada de Juliana foi um dilema emocional. Minha genuína preocupação com Anitta competia com a necessidade de respeitar o espaço que tínhamos delimitado após a intensa discussão. Ao sair, deparei-me com minha irmã Camila, Adriel e sua esposa, Isabela, todos hospedados no mesmo hotel que eu. A ironia do destino ao colocar-me no mesmo local que Anitta e sua equipe não deixou de ser notada.
Encontro-os no hall luxuoso daquele hotel, aproximando-me um tanto atordoado, incapaz de esconder meu semblante preocupado. Brevemente, explico-lhes o que aconteceu, e percebo um sorriso se formar em seus rostos ao notarem meu gesto, mesmo em meio a todos os acontecimentos tumultuados entre Anitta e eu.

- Que cara é essa? - Adriel questiona, percebendo as meninas se afastando. - Brigaram?

- Não. - Digo, brincando com meus anéis. - Apenas preocupado. A Larissa não parecia nada bem.

- Será que ela está grávida?

- Não fode, Adriel. - Respondo, irritado. - Ela não pode engravidar. Vira essa boca pra lá.

- Calma aí! - Adriel sinaliza. - Claro que pode. Independentemente do status dela, a Anitta pode ter filhos.

- Se a Larissa tiver um filho, eu morro.

As palavras escapam de mim, impetuosas e desprovidas de filtro, enquanto me levanto visivelmente irritado. A mera sugestão me atinge como um soco no estômago, e sinto a urgência de sair do hotel, buscar um pouco de ar fresco. Anitta grávida de alguém? A simples possibilidade é avassaladora, representando o fim definitivo de qualquer vestígio de esperança entre nós.
Censuro-me por tal reação, consciente de que não tínhamos nada, e eu não detinha controle sobre a vida dela ou os rumos que ela decidiria tomar.
Atormentado, decido subir para meu quarto de hotel e me trancar, observando em silêncio toda a movimentação daquela cidade através da sacada. Não tenho noção exata de quanto tempo permaneço ali, mas, após algumas horas, noto Juliana e Camila deixando o hotel. Para onde estariam indo a essa hora da noite? Consulto meu celular e vejo uma mensagem de minha irmã, informando que optaram por aproveitar a noite na Servilha. Reviro os olhos e, prestes a bloquear o aparelho, percebo que já são quase duas da manhã. Em um raro momento, abro minha rede social e dou de cara com uma foto de Anitta, suspirando diante daquela imagem.

- Foda-se!

Tomado por um desejo urgente e incontrolável, deixo aquele quarto de hotel e sigo para outro no final do corredor. Antes de bater na porta, respiro fundo e dou alguns toques sutis. Não demora muito, e quando a porta se abre, deparo-me com a figura de Anitta ali.

- O que faz aqui?

Sua pergunta fica sem resposta, pois avanço, capturando seus lábios. Mesmo que haja uma leve relutância inicial, não demora muito para que Anitta ceda ao meu beijo, permitindo minha língua explorar sua boca. Adentro seu quarto de hotel e fecho a porta entre nossos beijos. Uma das minhas mãos se enreda nos fios do seu cabelo, enquanto a outra firma-se em sua cintura, mantendo nossos corpos unidos. O beijo é ardente, urgente e voraz, minha pele parece pegar fogo. Quando direciono meus lábios para seu pescoço, beijando cada centímetro de sua pele e mordiscando seu lóbulo, ouço a voz dela sussurrar em meu ouvido.

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