Bônus - Flashback

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Anitta

Honório Gurgel - RJ

              *Cuidado! O capítulo contém gatilhos*

Naquele tranquilo domingo, enquanto Honório se preparava para o anoitecer, o calor do dia cedia espaço para um brisa suave que dançava pelas ruas estreitas. De mãos dadas, eu e o Gabriel caminhávamos rumo à padaria local, como era nosso costume aos finais de semana.
No entanto, a presença dele naquele bairro modesto não passava despercebida. Os olhares curiosos e os sussurros maldosos ecoavam ao nosso redor, alimentando fofocas que pairavam no ar. Alguns insinuavam que eu tramava um golpe, que meu relacionamento com o "playboy" era apenas um artifício para alcançar riquezas. Outros, mais cruéis ainda, sugeriam que eu havia recorrido a feitiços para manter o Gabriel ao meu lado.
Enquanto esperávamos pacientemente na fila da padaria, o aroma tentador do pão recém-assado preenchia o ar ao nosso redor. Finalmente, com os pães quentinhos em mãos, começamos a retornar para casa, prontos para desfrutar do nosso café da tarde juntos. No entanto, durante o trajeto, Gabriel, em um gesto brincalhão e afetuoso, envolve-me com seus braços por trás e deposita delicados beijos em meu pescoço. Foi um momento de ternura e cumplicidade, até que, para minha surpresa e desgosto, pude ouvir os comentários maldosos de algumas vizinhas próximas.
Suas palavras venenosas atingiram-me como flechas, insinuando que em breve eu estaria grávida, sugerindo que o meu relacionamento com Gabriel era apenas uma farsa para alcançar algum objetivo obscuro.

- O que ela disse? -Questionei, os músculos tensos de irritação enquanto parava abruptamente e encarava o grupo de mulheres que ousaram proferir tais calúnias.

- Amor, esquece isso...-Gabriel tentou me acalmar, estendendo a mãos para me impedir de prosseguir, mas eu o ignorei determinada, avançando na direção das fofoqueiras.

- No dia em que eu me rebaixar a ponta de precisar recorrer a um golpe baixo como esse para conseguir dinheiro, eu mudo meu nome. -Declarei com firmeza , apontando o dedo acusador para elas, enquanto o Gabriel tentava em vão conter minha fúria- Não preciso de nenhum homem para me sustentar, muito menos para atingir meus objetivos. Se vocês não tem capacidade de almejar algo melhor para sua mesmas, não tentem manchar minha reputação com suas mentiras. -Debochei, sentindo o calor da indignação pulsando em minhas veias- Um dia, eu vou ser rica sim, mas será com o suor do meu trabalho, não por causa de ninguém, e muito menos por causa de um homem.

- Vamos embora, Larissa. -Gabriel colocou a mão em meu ombro, tentando me acalmar- Não vale a pena perder tempo com essas mesquinhas. -Olhei para ele, os olhos ainda faiscando com a intensidade da minha indignação, mas depois respirei fundo, deixando que sua presença dissipasse um pouco da minha raiva.

- você está certo! -Admiti, permitindo que ele me guiasse dali.

Enquanto nos afastávamos, pude sentir o olhar das fofoqueiras ainda sobre nós, mas desta vez não me importei. Eu tinha dito o que precisava ser dito, e agora era hora de seguir em frente, determinada a construir o meu próprio destino, longe das fofocas e dos julgamentos alheios.

- Nossa, que ódio! -Bufei, descarregando a frustração ao entrarmos em casa e depositando as compras sobre a mesa da cozinha- Eu não suporto aquelas mulheres.

- Amor, relaxa! -Gabriel segurou meu rosto gentilmente, acalmando-me com um suave selinho nos lábios- Essas mulheres são vazias. Vivem sentadas na porta de suas casas, fofocando todos os dias. Deixa elas falar e pensar o que quiserem, sabemos que nada disso é verdade.

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