Capítulo 62

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Gabriel Brineli

Miami

Naquela fatídica noite em que a escuridão parecia envolver minha casa, o som dos passos apressados ecoou pelos corredores, anunciando a chegada de Roberto e Mônica, os primeiros a testemunhar a tragédia que se desenrolava no quarto. Enquanto eu, inconsciente de tudo, repousava na cama, minha mãe jazia no chão, imóvel. Minha mente turva despertou para a realidade quando ouvi suas vozes, chamando por ela, antes de ser envolvido pelos braços acolhedores de Mônica, que me afastou do cenário aterrorizante. As lágrimas corriam pelo meu rosto em um fluxo incontrolável, enquanto minha mente tentava compreender a incompreensível perda que havia sofrido.
À medida que a notícia da partida da renomada cantora se espalhava como um incêndio voraz, transformando minha vida em um frenesi caótico de luto e condolências, eu me sentia como um naufrago em meio à tempestade de rostos desconhecidos que invadiam minha privacidade na saída de casa e no velório. Enquanto os olhares curiosos se fixavam em mim, sentia-me sufocado pela solidão e pelo peso da dor avassaladora. No entanto, em meio ao tumulto e ao desespero, Mônica permaneceu como uma âncora, nunca me deixando sozinho por um único momento. Seus braços envoltos de compaixão me sustentavam, proporcionando um vislumbre de conforto em meio à tempestade de emoções que me consumia.
  Após o terrível episódio do quase sequestro perpetrado por César, que me arrastou para longe do Brasil, encontrei-me em uma terra estrangeira, desamparado e desorientado. Mas mesmo a milhares de quilômetros de distância, Mônica não desistiu de mim. Ela travou uma batalha incansável para garantir minha volta, mobilizando todos os recursos e contatos que tinha à disposição. Ao lado de Roberto, ela lutou não apenas pela minha segurança, mas também pela minha permanência em um lugar que eu podia chamar de lar.

- Isso é verdade, Mônica? - Questiono, com uma mistura de confusão e raiva borbulhando dentro de mim, enquanto meus punhos se cerram com força - Fala! -Exclamo, deixando transparecer minha irritação.

- Sim... Sim, Gabriel. - Mônica responde, gaguejando nervosamente, seus olhos transmitindo uma mistura de culpa e ansiedade. - Mas por favor, me deixa explicar.

- Não tem explicação para o que você fez. - Minha voz se eleva, ecoando no espaço entre nós. - Você traiu a minha mãe, traiu o... - Minha voz trava, o pensamento de que Roberto poderia não estar ciente da verdade me deixando momentaneamente sem palavras - Meu pai sabia disso?

- Seu querido 'papai' sabia. - A voz de César irrompe, carregada com um sorriso irônico que só serve para aumentar minha indignação. - Além dele, sua noivinha também.

  A decepção me atingiu como um punhal afiado ao descobrir que Mônica havia traído minha mãe daquela maneira, tecendo uma teia de mentiras ao meu redor. Cada palavra falsa que escapava de seus lábios era como uma ferida aberta em minha alma, infligindo uma dor indescritível. Mas a descoberta de que Roberto, mesmo após sua partida deste mundo, guardava o conhecimento dessa traição, foi como um golpe adicional, um peso opressivo que esmagava meu coração. A sensação de traição e abandono me envolveu como uma névoa densa, obscurecendo minha visão e sufocando minha esperança.
  No entanto, o golpe final veio com a revelação de que Anitta, minha noiva, também estava ciente de toda a trama, mas optara por manter-me na escuridão. Cada lembrança compartilhada, cada sorriso trocado, agora pareciam contaminados pela sombra da decepção e da traição.

- Você sabia de tudo, Larissa? - Pergunto, encarando-a com uma intensidade que busca respostas no fundo de sua alma.

- Eu... -Larissa parece hesitar por um momento, seus olhos desviando-se dos meus antes de finalmente se render à verdade-Sabia. -Ela confessa, sua voz carregada com uma mistura de arrependimento e resignação.

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