Capítulo 27

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                                 Gabriel Brineli

Aspen- EUA

  Anitta estava certa em algo, e era impossível negar: a proximidade entre nós dois era como um campo magnético perigoso. Quando nos aproximávamos, parecia que um universo secreto se abria, e nossas mãos se encontravam automaticamente, trocando carícias como se tivessem vida própria. Há algumas horas, enquanto brincávamos no chão da sala com o Joaquim, minhas mãos se aventuravam pelos ombros de Anitta, proporcionando alívio e, ao mesmo tempo, criando uma conexão que parecia transcender palavras.
Agora, neste instante, seu toque delicado explorava o meu pescoço, fazendo-me arrepiar de uma maneira quase mágica. Enquanto nossos olhos se encontravam, compartilhávamos um sorriso cúmplice, como se estivéssemos cientes de que estávamos dançando nos limites da tentação. Observávamos Joaquim brincando, mas nossas mentes estavam envoltas em uma dança mais íntima, onde as linhas entre amizade e algo mais se tornavam cada vez mais borradas. O contraste entre a intensidade do confronto anterior e a suavidade deste momento criava uma tapeçaria complexa de emoções, pintando nossa relação com pinceladas de ousadia e mistério.
Nessa noite, decidimos não ceder à tentação da vida noturna, já que Joaquim estava um tanto quanto manhoso e como havíamos saído na noite anterior, optamos por desfrutar daquela calmaria ao lado dele. Enquanto nossos amigos se apressavam em se arrumar, eu, meu filho e Anitta nos divertíamos no chão da sala, cercados por uma explosão de brinquedos adquiridos naquela viagem peculiar.
Entre risadas e brincadeiras, criávamos memórias que pareciam imortais, como se o tempo decidisse dar uma trégua naquela noite especial. Anitta mostrava um lado encantador, rindo alegremente com Joaquim e, vez ou outra, trocando olhares cúmplices comigo.

- Hum, hoje quem vai fazer a pizza sou eu. -Anitta anuncia, exibindo um sorriso confiante enquanto se levanta e segue em direção à cozinha, seu entusiasmo contagiante preenchendo o ambiente.

- Você vai colocar fogo na casa alugada, Larissa.
- Implico com uma expressão sarcástica, erguendo uma sobrancelha em tom de advertência - É melhor não. Vai por mim.

- Meu bem, a minha pizza vai ficar mil vezes melhor que a sua. -Larissa rebate, mantendo sua postura desafiadora.

Brincar com Joaquim no chão da sala era um escape para a realidade, uma tentativa de congelar o tempo em um momento de pura descontração. A cena na cozinha, onde Anitta se dedicava a fazer pizza, era como uma pintura viva de tranquilidade doméstica. Um suspiro escapou de mim, revelando um desejo profundo de que aquela serenidade fosse mais do que um breve instante. Contudo, o destino, sempre imprevisível, tinha outros planos para nós. Enquanto me deixava envolver pela atmosfera acolhedora, um aviso de mensagem interrompeu a utopia. A tela do celular exibia uma notificação de Marina, mas escolhi ignorá-la, priorizando o presente ao invés de mergulhar em distrações. Levantei-me, deixando Joaquim sob os cuidados atentos de Jéssica, sua babá, e me dirigi à Anitta na cozinha. Seu olhar encontrou o meu, e um sorriso cúmplice floresceu.

- Quer ajuda? - Questiono.

- Não. - Responde firme - Pode ir sentar com o Joaquim. Não vem me atrapalhar.

- Essa massa está um pouco errada, não acha?
- Digo, implicante, e ela me lança um olhar ameaçador - Tudo bem! Não vou opinar sobre.

- Ainda bem. Senta lá com o Joaquim. Vai.

- Vou. - Digo, aproximando meus lábios do seu pescoço e depositando um selinho ali - Tô indo.

- Desgraçado! - Ela rosna. As faíscas entre nós revelam uma tensão palpável, enquanto ela resiste à proximidade.

Enquanto a segunda pizza adquiria um dourado apetitoso no forno, aproveitei o momento em que Anitta e Jessica embalavam o pequeno Joaquim para uma noite tranquila de sono. Optei por escapar para o lado de fora daquela casa aconchegante. Com um sorriso nos lábios, observei Dom e Charlie mergulhando na brincadeira animada da neve, vislumbrando o cenário encantador da varanda enquanto saboreava uma taça de vinho tinto.
O crepitar da porta me tirou momentaneamente da contemplação, e Anitta surgiu. Um sorriso cúmplice foi trocado, e ela se juntou a mim no exterior da casa. O vinho parecia ganhar um sabor ainda mais especial diante da companhia agradável e do inverno pintando o cenário ao nosso redor. A troca de olhares revelava uma conexão silenciosa, enquanto compartilhávamos aquele instante sereno sob as estrelas que pontilhavam o céu noturno.

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