Capítulo 32

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Anitta

Maragogi- AL

O sorriso brotou em meu rosto ao ver Joaquim, suas mãos adornadas de areia, um traço da travessura na boca e uma careta de desagrado, prontamente resgatado por seu pai. Após o pequeno infortúnio,  Gabriel pegou nosso pequeno, correndo para o mar com ele nos braços, onde as ondas se tornaram cúmplices dessa cena de pura alegria.
Devido aos últimos acontecimentos, Gabriel tomou a decisão de abrir mão de trazer Joaquim consigo para Maragogi, confiando-o aos meus cuidados enquanto eu ponderava se me uniria a eles ou não. À medida que os dias se desenrolavam, a tentação de participar dessa experiência única crescia exponencialmente. No dia anterior, não resisti à chamada do mar e decidi ir ao seu encontro. E, sem sombra de dúvidas, essa escolha se revelou como um capítulo memorável, pois testemunhar a sinfonia de risos entre pai e filho, à beira daquele mar de azul intenso, era a confirmação de que nossas vidas se entrelaçavam em uma narrativa mágica e repleta de descobertas.
A confusão persistia em minha mente, mesmo quando fazia o máximo para ocultá-la. Não era apenas pela agressão sofrida pelo Rodrigo, mas um vendaval de pensamentos que rapidamente se apoderou dos meus sentidos. O turbilhão se intensificava especialmente ao considerar Gabriel e toda a complexidade que permeava nossa história compartilhada. Encontrar clareza era como tentar desembaraçar um novelo intricado, e a tarefa se tornava ainda mais desafiadora ao perceber a necessidade de um tempo para assimilar tudo.
A mesmo tempo, era crucial manter uma fachada de normalidade, uma delicada dança entre a vulnerabilidade interna e a necessidade externa de demonstrar que tudo estava, de alguma maneira, sob controle.

- Por que tão pensativa?

Recupero-me dos meus devaneios ao ser despertada pela voz suave de Gabriel. Meu olhar, então, rastreia a cena até encontrar Joaquim ao lado do meu irmão, compartilhando risadas com meu sobrinho, Benício. O moreno, ainda exalando a alegria do momento, se acomoda ao meu lado após uma breve pausa para limpar a areia do seu short. A proximidade dele traz uma sensação reconfortante, como se, naquele instante, pudesse encontrar refúgio em meio ao caos dos pensamentos que ainda rodopiavam em minha mente.

- Pensando um pouco. - Digo, enquanto meu olhar encontrava o seu, os pensamentos girando como engrenagens em minha mente - Todo suado. -Comento, tirando delicadamente seu cabelo da testa, deixando-me envolver pela proximidade.

- Estou te achando distante. - Comentou Gabriel, sua expressão revelando preocupação.

- Está tudo bem! - Respondi com um sorriso fraco, tocando sua mão para transmitir alguma segurança- Ainda está tudo muito confuso, sabe? Eu estou tentando assimilar essa reviravolta que minha vida deu, tão de repente.

- Odeio te ver assim. - Confessou ele, a frustração evidente em sua voz- Ainda mais por causa do merda do Rodrigo.

- Eu vou ficar bem! - Assegurei, tocando seu rosto suavemente, em um gesto de conforto que tentava tranquilizar não só a ele, mas a mim mesma.

  Quando Gabriel se aproximou para depositar um beijo em meus lábios, ouvi alguns chamados e ao olharmos, vimos um grupo de amigos dele. Ele pediu licença, indo na direção deles e abraçou cada um deles, inclusive o grupo de meninas que não disfarçaram o incômodo em me ver ali.
Minha chegada em Maragogi foi como lançar uma pedra tranquila em um lago sereno; as ondulações do desconforto se espalharam, amplificando-se quando a notícia de que eu e Gabriel compartilharíamos a mesma casa atingiu os ouvidos curiosos. Para eles, essa cena era uma raridade, considerando a fama de Gabriel como um hábil explorador dos prazeres que o lugar oferecia, o que despertava em mim um ciúme enraizado. Não era segredo para ninguém o quão audacioso o moreno podia ser, deixando-me envolta em uma teia de sentimentos enquanto ele, conhecido por ser efêmero em seus envolvimentos, agora dividiria seu espaço comigo.
Meu ciúme atingiu um novo patamar quando meu filho se tornou o centro das atenções, repousando nos braços de Gabriel, enquanto as risadas das outras mulheres preenchiam o ambiente. Respirei fundo, engoli em seco, e os segundos pareciam se esticar até se tornarem uma eternidade, com aquelas presenças femininas ao redor. Quando finalmente se despediram, Gabriel se aproximou de mim, e seu olhar continha uma mistura de ternura e compreensão enquanto ele começava a dizer:

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