Capítulo 18

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Anitta

Rio de Janeiro

Uma certeza era inegável: a presença de Gabriel ao meu lado conferia uma atmosfera de conforto e leveza. Seu cuidado meticuloso e profissionalismo exemplar destacavam-se, estando sempre pronto para intervir de maneira ágil e eficaz. Cada gesto revelava uma autenticidade que nunca fora imposta entre nós, mas uma escolha espontânea do empresário.
Ao desembarcarmos em Natal nas primeiras horas, nos deparamos com o nosso primeiro contratempo. Uma parcela dos instrumentos da banda enfrentava considerável atraso devido a erros da minha equipe, gerando uma irritação intensa. Junto com essa frustração, ressurgiu aquela incômoda onda de enjoo, impedindo-me de agir conforme desejado. Contudo, como um verdadeiro anjo, Gabriel assumiu as rédeas da situação, empenhando-se na tentativa de reverter o quadro preocupante.
Ao chegarmos exaustos no hotel, seguindo o pacto que mantínhamos de preservar nossa amizade, Gabriel esforçou-se para obter um quarto separado para si. Contudo, devido à abarrotada ocupação do hotel, essa tentativa mostrou-se infrutífera. Sem alternativas aparentes, sugeri a ele que compartilhasse a suíte comigo, já que o espaço não se limitava apenas a um quarto, mas também incluía uma pequena sala de entrada. Mesmo relutante, temeroso de invadir meu espaço pessoal, Gabriel, diante da escassez de escolhas, acabou por aceitar.
Nos aposentos do quarto do hotel, após um longo dia, Gabriel se ajeitou no sofá da sala, mergulhando em pensamentos enquanto eu, esgotada, me entreguei à cama em busca de um merecido descanso. O compromisso do próximo dia envolvia um aguardado show, demandando minha presença íntegra e energizada.
Ao despertar na manhã seguinte, deparei-me com o pai do bebê que esperava. Encontrava-se sentado à mesa, onde seu computador repousava, e seu semblante denotava pura exaustão. As linhas de cansaço em seu rosto contavam a história de uma noite de reflexões profundas e preocupações.

- Bom dia! - Ele diz, com um sorriso fraco - Melhor?

- Bom dia!- Cumprimento, me aproximando - Estou. Nem acredito que não acordei com enjoo hoje.

- O pessoal entregou o café da manhã. - Ele avisa - Vou tirar meu computador para que você possa comer à vontade. - anuncia, tirando o notebook.

- Não quer comer também? - Questiono, vendo ele mexer em seu aparelho de celular - Senta aqui.

Ele desliza o celular no bolso e se acomoda à mesa, revelando um olhar agradecido. O clima não era um dos melhores entre eu e o Gabriel, estávamos visivelmente distantes um do outro. Enquanto comíamos, um silêncio absoluto que me incomodava, me fazendo remexer inquieta na cadeira. Lhe encaro e o vejo distante, mastigando um pedaço de pão de queijo. Num esforço para dissipar a tensão, estendo a mão até a travessa de frutas, buscando uma conexão silenciosa. Gabriel ergue o olhar, captando a intenção, e sua expressão suaviza, formando um vínculo momentâneo que quebra o gelo entre nós.

- É, preciso te falar uma coisa. -Gabriel quebra o silêncio- Espero que não fique brava.

- Lá vem! -Suspiro- Os instrumentos não chegaram né? Fala longo, que aí eu sofro de um vez e me estresso também.

- Então, Larissa... -Ele dá uma pausa, causando um suspense- Os instrumentos da banda já estão no trio à espera do seu show.

- Mentira! -Exclamo, feliz- Nossa! Eu não acredito.
- Digo aliviada- Meu Deus! Eu estava pensando que íamos cancelar o show ou ir atrás de instrumentos.

- Pode ficar calma agora. Tudo foi resolvido. -Ele disse, seu olhar transmitindo tranquilidade -Acordei hoje às 6 da manhã para receber os instrumentos e fiz questão de ir com a equipe levá-los até o local.

- Está explicado essa sua cara de cansado. -Comento, após mastigar uma uva. -Não sei como te agradecer, sério.

- Não precisa. Você sabe que eu faço porque gosto de te ajudar e acho que sou viciado em trabalhar. -Ele comenta, fazendo-me sorrir.

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