Capítulo 68

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Gabriel Brineli

Miami

À medida que a noite se estendia sobre Miami, o ambiente na sala da casa de Anitta adquiria uma atmosfera de tranquilidade e antecipação. Observamos Joaquim, nosso pequeno, lutando contra o sono que lentamente o envolvia. Foi então que Anitta, com sua ternura característica, se ofereceu para levá-lo para a cama. Despedi-me com um beijo no rosto do meu filho, sentindo o peso da separação em meu coração, enquanto ele seguia rumo ao descanso ao lado de sua mãe. Enquanto isso, os familiares de Anitta, um a um, anunciavam suas retiradas para os quartos onde passariam a noite. No desfecho da noite, encontrávamo-nos somente eu, Mauro, o patriarca da família de Anitta, e os devotados cães que nos faziam companhia. Enquanto a conversa fluía em meio a risos e lembranças, o tempo parecia se estender em um agradável momento de tranquilidade.
Quando Mauro anunciou sua decisão de se recolher e subiu as escadas, uma sensação de desconforto e perplexidade se apossou de mim. Durante os dez dias em que Anitta esteve ausente, permaneci nesta casa, zelando por Joaquim, mesmo com a chegada dos familiares. No entanto, com o retorno dela e nosso recente término, o ambiente tornou-se carregado de tensão. Sabia que não seria confortável para nenhum de nós dois permanecermos ali juntos. Diante desse impasse, deixei a sala e me dirigi ao escritório, onde meu computador estava montado. Enquanto desembaraçava os fios e organizava o espaço, uma mistura de sentimentos me assaltava: tristeza pela situação, ansiedade pelo futuro e determinação para enfrentar os desafios que estavam por vir.
Absorto na tarefa de desfazer os emaranhados de fios que conectavam o computador, eu me movia com cuidado e silêncio, evitando qualquer ruído que pudesse perturbar o sono dos ocupantes da casa. Enquanto organizava meus papéis e ajustava o ambiente do escritório, mergulhei completamente na concentração, imerso em meus próprios pensamentos. Foi apenas quando ouvi o suave estalo da porta do escritório se fechando que percebi a presença de Anitta ao meu lado. O repentino som interrompeu minha concentração, fazendo-me virar lentamente para encará-la, surpreso e intrigado com sua chegada inesperada.

- São quase duas da manhã e você está no escritório? - Anitta murmura, cruzando os braços e lançando-me um olhar inquisitivo. - Não vai descansar?

- Já estou indo. -Enrolo um fio em torno do dedo enquanto respondo, depositando-o cuidadosamente na bolsa. - Só preciso finalizar esses ajustes nos fios antes de levar meu computador. Amanhã cedo preciso dele para trabalhar.

- Onde você vai? -Ela franze a testa ao sentar-se no sofá diante da mesa.

- Para casa, óbvio. - Respondo, finalmente encontrando seus olhos.

- Gabriel, será que é pedir muito para você ficar?
- Anitta solta um suspiro e se recosta no sofá. , com sua voz soa hesitante. - Não quero que meus familiares saibam que estamos separados, pelo menos não agora... Amanhã é minha festa de aniversário, todos vieram do Brasil para isso, estão tão animados, e uma notícia dessas... -Engulo em seco, ponderando suas palavras.

- Tudo bem. - Apoio-me na mesa, encarando-a com seriedade. - Você tem razão. - Abandonando os fios, retorno meu olhar para ela - Vejo que já tomou sua decisão, não é?

- Minha decisão estava tomada, até eu voltar de viagem, pisar nesta casa e te olhar. - Anitta afirma, mantendo seu olhar fixo no meu, como se buscasse respostas nos meus olhos. - Quando eu digo que te odeio por te amar tanto, é porque você me faz perder o controle sobre mim mesma, sobre o que eu quero... -Ela se ergue do sofá com determinação, aproximando-se de mim até que nossos corpos estejam quase colados. - Durante esses dez dias de viagem, chorei de saudades e de raiva, pensando em você. Senti sua falta, desejei que estivesse lá comigo, te desejei...-Sua respiração quente roça minha pele enquanto ela se aproxima, e um arrepio percorre minha espinha

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