Capítulo 17

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                                  Gabriel Brineli

Rio de Janeiro

Como prometido, observava Anitta reunida com meus amigos na área externa da minha casa, controlando-me ao máximo para não quebrar a linha imaginária que criara entre nós, afastando-nos. No entanto, era quase impossível não sentir o desconforto da situação, especialmente sabendo que eu havia sido o principal causador dela.
  A verdade é que, durante esses dias separados, experimentei sentimentos mais intensos do que poderia imaginar. Punia-me incessantemente por não ter tido uma conversa franca com Anitta desde o princípio. Talvez, um diálogo claro poderia ter evitado não apenas a briga entre nós, mas também aquele clima terrível e até mesmo o conflito com Maria Eduarda. O peso do arrependimento pairava enquanto eu refletia sobre as escolhas que poderiam ter mudado o curso de tudo.
No recôndito da sala, mergulhado em pensamentos tumultuados, absorvo a voragem de ideias que preenche minha mente. De súbito, percebo seu olhar entrelaçar-se ao meu, mas Anitta desvia prontamente, redirecionando sua atenção à animada conversa com as amigas. Engulo em seco e me afasto em direção à cozinha, onde adentro a despensa, em busca de copos adicionais e guardanapos, buscando uma breve pausa para recompor-me.

- Irmão? - Ouço a voz do Victor e saio da dispensa, encontrando-o disposto a me ajudar com os copos.

- Deixa eu te ajudar. - Ele colabora na tarefa. - Nunca pensei que estaríamos em pleno sábado
comemorando que o Adriel vai ser pai.

- Loucura! - Comento, enquanto organizamos os utensílios.

- E você também. - Acrescenta Victor. - Estou gostando de ter a Larissa no nosso grupo agora. A Maria Eduarda tem que parar com as besteiras, superar e aceitar ela também.

- Acho que pra isso, eu também tenho que recuperar o estrago que fiz com ela e com a Duda. - Digo, visivelmente chateado, ponderando sobre o passado.

- Vocês ainda não conversaram? - Victor questiona com surpresa. Nego com um aceno - Por isso que você tá com essa cara de cachorro que caiu da mudança? - Ele ri. - Você gosta dela.

- Não começa com isso. Sabe que me irrita.

- Tudo bem! - Victor levanta as mãos em rendição, cheio de ironia. - Não está mais aqui quem falou.

- Gabriel?

O eco da voz de Anitta ressoa, pegando-me de surpresa. Num movimento ágil, lavo as mãos na pia e me aproximo dela, percebendo que algo não vai bem. Instruo Victor a levar os copos e guardanapos, enquanto auxilio Anitta até a cozinha. Busco um copo de água gelada e entrego a ela, observando-a beber calmamente. No entanto, ao terminar, ela se lança pelo corredor que leva ao meu quarto. Consciente de seus recentes enjoos, corro atrás dela, alcançando o banheiro a tempo de segurar seus cabelos enquanto ela vomita. Após esse episódio, ajudo-a a se levantar, dirigindo-nos à pia para que ela utilize a escova que havia preparado. Juntos, voltamos ao meu quarto, onde a faço sentar-se na cama, seu semblante denotando claramente o desconforto que a acomete.

- Simplesmente não aguento mais esses enjoos. - Vejo seu resmungo enquanto ligo o ar, buscando um conforto melhor para ela. - Droga! Não trouxe a minha bolsa com o remédio.

- Calma! Eu tenho aqui. - Rapidamente, abro uma gaveta próxima, tirando o remédio e entregando a ela. - Vai ajudar a aliviar um pouco.

- Você comprou o remédio e deixou aqui? -Questiona, após tomar o medicamento, estendendo-me a garrafa de água que repousa ao lado da minha cabeceira.

- Uhun. Esses enjoos são tão persistentes que até eu já me precavi contra eles. - Brinco, percebendo seu sorriso discreto. - Eu vou sair, mas não quero te deixar sozinha. Quer que eu chame a Camila?

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