- Isso não vem ao caso agora - Kathy hesitou - aliás eu prefiro não falar nada sobre ele. Futuramente, quem sabe. Agora tenho que ir, vou começar a trabalhar no nosso plano, tenho que conseguir a ambulância e os uniformes. Julian, fique responsável por divulgar a vacina nas intermediações do hospital, não falhe.
- Por que eu tenho que ficar com a parte mais chata? Por que não mandamos o Ethan fazer isso já que ele trabalha lá?
- Por isso mesmo idiota, pense um pouco. O Ethan vai se tornar o maior suspeito depois que Elizabeth desaparecer, imagina se descobrem que ele estava espalhando notícias falsas sobre uma vacina bem no dia do desaparecimento.- Ah, é mesmo.
- Ah é mesmo - Ethan imitou o amigo fazendo uma careta estranha.
- Viu como a gente se arrisca por você? Tudo isso porque você não conseguiu segurar esse seu tesão quando viu a garota. Ver ela lá dormindo te deixou excitadão foi?
- Já contou pra Kathy como você chorava dia e noite? Soluçando como uma putinha engasgada com uma rola?
- BABADO - Kathy se interessou pela conversa e desistiu de ir embora naquele momento.
- Seu porra, deixa de ser burro - Julian ficou sem jeito e evitou olhar para Kathy.
- Ficou na defensiva por que? - Ethan abriu os braços, desafiando o amigo.- Você quer brigar, gafanhoto?
- Vou ter que desenhar?
- Briga, briga, briga - Kathy começou a bater as mãos na parede, dando um clica a cena.
- Pois bem - Julian sapateou antes de começar sua afronta - Eu vou ser sincero com você, amigo. Eu acho melhor você deixar a Elizabeth em coma porque pelo menos assim você tem uma chance com ela. Com essa sua cara aí fica mais fácil conquistar a garota dormindo. Pronto, falei.
- Julian um, Ethan zero. Qual será a reação do adversário diante dessa provocação? - Kathy decidiu narrar a briga.
- Não seja por isso, se eu não conseguir conquistar ela não tem problema. Tem a sua ex caso as coisas deem errado, fiquei sabendo que o apelido dela é bezerro mamador e estou ansioso pra descobrir o porquê. Talvez eu pergunte ao meu irmão, ele deve saber direitinho.- Strike, Strike, Strike. Ethan se levanta e da uma de direita no adverssarios que fica até zonzo emocionalmente - continuou Kathy.
- O quê strike tem haver com isso? - quis saber Julian.
- É, não faz muito sentido - Ethan o acompanhou.
- Que se dane se faz sentido ou não, continuem brigando. Anda, anda.
- Acho que estou começando a entender o que está havendo aqui - Julian contornou Kathy e parou atrás dela - ela está tentando nos colocar um contra o outro.
- Sim, esse sempre foi o plano dela desde criança.
- O quê eu ganharia separando dois idiotas que só conseguem pensar se estiverem juntos? - ela riu enquanto Julian posicionada as duas mãos em seus ombros.
- Eu seguro e você enfia a faca, Ethan - disse Julian.- Vai funcionar não rapaz, nem tiro me mata - ela riu.
- Nem a morte te quer, você quis dizer - Julian provocou.
- Então você chorava pensando em mim? Patético - ela debochou e logo após sentiu as mãos dele apertarem seus ombros um pouco mais.
- O único choro que eu dava era por causa da fome. Nada mais.
- Mas que mentira - Ethan discordou.
- Você está comigo ou contra mim, gafanhoto?
- Chorava enquanto se lamentava falando o nome dela, vai negar é?
- Vou, vou negar. Eu chorava de fome, um cagaço de fome que a barriga chegava a se mastigar.
- Não precisa ficar com vergonha - Kathy se livrou das mãos de Julian e foi pra perto de Ethan.
- É, pra que negar que você não passa de um ursinho sentimental - Ethan continuou a provocação.- Seu - Julian ameaçou segurar Ethan mas o mesmo se escondeu atrás de Kathy.
- Cuidado, não vai querer machucar sua amada que voltou do além túmulo.
- Ei - Kathy protestou - Eu não sou um fantasma não. Ou, vejamos, uma alma errante. Espírito maligno, serva de satã.
- Está ficando escuro lá fora e vocês aí falando essas aberrações - Julian encarou uma das janelas da sala.
- Uau, não sabia que acreditava nessas coisas - Kathy deu dois passos e posicionou as duas mãos no rosto de Julian - Não se preocupe com os mortos queridinho, se preocupe com o motivo que os levou a morte, pois este também pode ser a causa da sua.
- Poético, preciso anotar - disse Ethan fingindo procurar uma caneta.
- Tantos anos se passaram mas parece que ainda estamos na sala daquela pequena fazenda, a sensação não lhes trás um clima nostálgico? De qualquer forma se preparem para o plano - ela afastou-se de ambos, dando passos de costas aproximando-se da porta.- Já vai? - perguntou Julian.
- Claro, tenho que fazer alguns telefonemas. Temos uma garota para sequestrar e não deixe de fazer a sua parte hein.
- Não faço a menor ideia de por onde começar.
- Eu faço - Ethan o deu um tapinha nas costas.
- E Ethan, não deixe de ir trabalhar amanhã. Não quero ninguém suspeitamos de você antes da hora. Até mais garotos - ela se virou para a porta e a abriu, em seguida saiu, desaparecendo ao virar a direita.
- Tudo isso... - Ethan falou baixo.
- Ela está viva, todo esse tempo estava viva - continuou Julian.
- É, estava. Essas coisas que acontecem com a gente, tudo estranho e surreal. Acha que diante disso podemos ter um final feliz? Meus pais, o orfanato, exército e agora esse plano para salvar uma pessoa.
- Não somos normais, nunca seremos - Julian riu - maldita hora que fui te conhecer.- Pior que eu tenho que concordar. Eu preciso te contar uma coisa, algo que eu já devia ter lhe contado a algum tempo.
- Ei, ei, ei - Julian articulou as mãos enquanto dava passos se afastando de Ethan - Eu sou hetero, ok?
- Que?
- Que?
- Do que diabos está falando?
- Você não vai se declarar pra mim ou algo do tipo? Assumir sua homossexualidade a essa altura do campeonato?
- Vai se foder.
- Já estou fodido.
- Quero te contar o real motivo que me levou a querer salvar Elizabeth com tanta determinação.
- Você gosta dela, é óbvio.
- Vai além disso, é a minha obrigação salva-la depois de tudo que a causei.
- Eu não estou entendendo, você a conheceu no hospital então não tem como ter a causado nada.
- Ela está em um hospital por minha culpa, Julian. Não foi o Nolan que causou isso, foi eu.Ethan deixou a casa de Julian após terem uma longa conversa na qual ele esclarecia tudo para o amigo. O clima estava frio e o céu tomado por estrelas cintilantes. A movimentação de carros era baixa e as luzes dos postes encontravam-se todas acesas, criando todos os tipos de sombras entre os becos e vielas.
Após chegar em sua casa, ele acendeu as ĺuzes da sala e foi surpreendido por uma figura que já o esperava.
- Olá, irmão - Nolan estava sentado no sofá, acariciando os pelos de Nebulosa - precisamos conversar.
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A Garota Em Coma
RomanceEthan, um ex-soldado que sofre de esquizofrenia começa a trabalhar em um hospital e lá conhece Elizabeth, uma paciente que está em coma e terá seus aparelhos desligados em cinco meses.