catorze | preparativos

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Depois que Theo descobriu o que era chamego, parecia que não queria mais me largar. Ainda ficamos por um bom tempo conversando e trocando mais alguns beijos no sofá e eu tive que praticamente o colocar pra fora de casa, pois, já era tarde demais para ele ficar andando de moto por aí e com certeza Malu estava espreitando em algum lugar pra ver ele sair e voltar ao nosso apartamento.

Dito e feito ! Foi só Theo ir embora, que dez minutos depois Malu entrou em casa afobada e daí eu pude perceber que ela também estava de chinelos e pijamas, mas ao contrário do meu, era mais comprido e quente.

— Vai ! Me conta e não me esconde nada — ela disse ficando de joelhos ao meu lado no sofá.

— Eita, não tem nada pra contar — falei dando de ombros — Não aconteceu nada.

Ela estreitou os olhos pra mim e fez uma cara de quem não acreditou em uma palavra que eu disse.

— Pra cima de mim, Didi ? Eu vi a cara de ansiedade do seu apolo na terra lá na portaria e você agora aí, com essa boca toda vermelha e inchada. Quer me fazer acreditar que ficaram aqui falando do Paçoca.

— Falamos dele também — respondi, olhando ela de soslaio.

— Conta logo, inferno ! — ela resmungou impaciente e eu dei uma risadinha sapeca.

— A gente se beijou... — falei de uma vez e antes que ela me corrigisse, eu completei — ... de novo.

— E como foi? — perguntou curiosa, ainda de joelhos e segurando uma almofada no colo.

— Ah... — falei dando um estalo com a língua e suspirando a seguir — Eu só posso dizer que foi incrível.

E daí foi a vez da Malu de dar uma risadinha sapeca.

— E vocês conversaram?

— A-han

— E decidiram tentar?

— Seguimos o seu conselho, Malu. Vamos nos conhecer aos poucos.

— Que demais, Didi! — ela falou batendo os dedos, em uma agitação quase infantil — Mas, quero saber de todos os detalhes dessa conversa. Peraí.

— Onde você vai, maluca?

— Estourar uma pipoca — ainda consegui ouvir ela falar, empolgada colocando a pipoca no microondas, que assim que ela ligou soltou um faísca e exalou um forte cheiro de queimado.

— Eita, Malu, o que você colocou aí?

— Só a pipoca, mas eu acho que a fiação elétrica deu problema de novo. Vamos ter que chamar um eletricista.

— Tudo bem, eu resolvo isso amanhã.

Mesmo sem pipoca, ficamos até tarde conversando, Malu me disse que ela vai fazer uma audição para um espetáculo infantil e que Mateus recebeu uma proposta super legal para dar aula em uma escola particular. Theo já havia me mandado mensagem que havia chegado bem em casa e como eu não teria aula pela manhã me permiti dormir bem tarde; e apesar disso acabei acordando no horário que sempre acordo para ir às aulas matutinas.

Tomei o café da manhã com a Malu, avisando que as luzes do corredor também estão com problema, mas confesso que estava meio aérea; a conversa com Theo, além dos nossos beijos, é claro, estavam tomando os meus pensamentos.

Malu foi trabalhar e eu aproveitei que estava com tempo e fiz uma chamada de vídeo para as minhas saudades.

📹 — Oi, filha. Tudo bem? — minha mãe atendeu no primeiro toque e assim que eu a vi, não tinha como não abrir um sorriso. Como ela é linda ! Com os cabelos longos e poucos fios brancos, quase imperceptíveis, presos em um coque frouxo, seus grandes e charmosos óculos de grau, seu sorriso acolhedor e seu olhar afetuoso e atento — Aconteceu alguma coisa por ligar tão cedo? Não foi à aula?

Linhas Invisíveis: Diana's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora