trinta e cinco : planos

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" Diga meu nome e tudo simplesmente para

Eu não quero você como um melhor amigo

Só comprei este vestido para que pudesse tirá-lo"

( Dress - Taylor Swift )

Levantei cedinho e preparei um café da manhã caprichado pra mamãe com tudo que ela gosta que incluía frutas, cuscuz e café preto. Ela ainda estava dormindo quando eu me levantei decidida acordá-la com mais um mimo de filha saudosa.

Eu estava terminando de arrumar a bandeja, quando Malu entrou no apartamento, ou melhor, quando Malu surgiu segurando a guia do Paçoca e praticamente sendo arrastada pelo meu filhote caramelo.

— Ai, bebê mais lindo da mamãe. Que saudades do meu amorzinho.

Falei animada me abaixando para fazer carinho em suas orelhas. Ele parou no meio da sala, deixando de puxar a Malu e me olhou com aqueles olhinhos julgadores e desconfiados.

— Vem aqui, neném — pedi fazendo gesto com a mão e ele simplesmente virou a cara, me ignorando.

— Ih, Didi. Parece que ele tá chateado com você. Talvez por não ter levado ele na viagem —Malu falou divertida e eu me indignei.

Como pode? Temperamental que nem o pai dele.

— Paçoca, meu amor. Não aceitavam cachorros onde ficamos...quer dizer ... — ele me encarou — ... na verdade até aceitava, porque o Rodrigo tinha dito que era um hotel chique, mas no fim não era propriamente um hotel, era um camping e a gente até poderia ter te levado. Mas a gente não sabia. Entende?

— Eu não tô acreditando que você está se justificando para um cachorro, Didi.

— Ué, mas olha a cara dele, Malu. Ele tá me odiando.

Malu balançou a cabeça em negação e rolou os olhos.

— Ele tá de manha, isso sim. Passou o final de semana inteiro lá na casa do Matheus comigo, sendo paparicado pelos sobrinhos dele. Esse Paçoquinha aqui se divertiu a beça, que até brincou na piscina de bolinhas com as crianças — ela apertou o focinho dele, fazendo ele dar um rosnadinha manhosa e Malu completou imitando vozinha de criança — Eu gostei muito de passear , titia. Mas tô bravo com meu papai e mamãe, que me abandonaram pra ficarem de pegação.

— Besta — falei mostrando a língua pra ela, que riu.

— Bom, tenho que ir porque tô mega atrasada. Mas de noite a senhorita vai me contar mais detalhes de tudo o que rolou na sua viagem.

— Ué, mas eu já te contei.

— Quero detalhes, priminha.

— Não aconteceu nada demais — dei de ombros distraída, enquanto Malu pegava uma uva da bandeja que estava em cima da bancada da cozinha — Ei, tira a mão que isso é da minha mãe, sua folgada.

— Tenho créditos com a tia Ju, ela não vai brigar comigo por causa de uma uva. Aliás, ela não ia voltar pra Goiânia hoje pela manhã?

— Ela iria, mas resolveu pegar o voo da noite.

— Uai, por quê? — perguntou pegando mais uma uva.

— Porque agora de manhã eu vou ao médico e ela vai comigo.

— Você tá doente? Não vai pra aula? — perguntou realmente preocupada.

— Não vou para a aula e não tô doente. Vou à ginecologista e mamãe vai junto porque foi ela quem conseguiu essa consulta com essa médica super requisitada. Sabe como é, né, dona Juliette não pede, ela manda! Papai que o diga.

Linhas Invisíveis: Diana's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora