Linhas Invisíveis: Diana's Version

quarenta e um | capivara x lions

"Vamos nos levantar esta noite

Dobrar os nossos joelhos

Lutar pelo que trabalhamos por todos esses anos

E a batalha foi longa

É a luta das nossas vidas

Mas vamos levantar campeões esta noite"

Change | Taylor Swift

Faltava ainda meia hora para o início do jogo, quando chegamos no campo da faculdade. A gente já conseguia sentir a energia da nossa torcida já do lado de fora. A multidão azul e branca que se formava fora do pequeno estádio, era bastante barulhenta e empunhavam faixas e bandeiras do nosso time.

Como Benício mora praticamente dentro da faculdade, ele acabou emprestando o carro para o papai nesta semana e por isso viemos eu, meus pais e irmãos no jeep do Ben. Durante todo o percurso, Gael foi falando tudo sobre futebol americano, sob perguntas e olhares atentos e curiosos de mamãe e Maya. Até o papai que estava ao volante, apesar de tentar fingir desinteresse, prestava atenção no que Gael falava e fazia umas caretas engraçadas.

— O pai do Theo é um ídolo no país dele, porque como quarterback no 49ers já conseguiu levar o time até o super bowl seis vezes e três dessas vezes saíram como campeões. Ganhou vários MVP's e tem tantos recordes como jogador quanto o Tom Brady e o Mahomes.

— Filho, não entendi direito tudo isso que tu disse, mas dá pra perceber que o homi é importante.

— Importante e muito admirado, mãe. Não só por quem gosta de futebol americano. Ele ajuda um hospital para crianças com câncer e todos os anos ele visita esse lugar, levando presentes e dando atenção a cada paciente. Inclusive nos seus jogos, ele escrevia nomes de algumas crianças de lá,  na parte de dentro do seu capacete e sempre mostrava pras câmeras antes de colocá-lo na cabeça. A torcida vibrava.

— Que lindo ! — mamãe falou admirada pelo gesto.

— Que esnobe ! — papai resmungou.

— E isso não é tudo. Em uma temporada, ele teve uma lesão grave e ficou vários jogos sem jogar. Ficou muito mal mesmo e até pensou em abandonar o futebol. Só que o hospital começou a publicar em suas redes sociais, vídeos e fotos em suas redes sociais com as crianças pacientes usando bonés com o nome dele, exatamente como ele fazia no seu capacete,  como uma motivação pra ele não desistir. 

— Nossa que emocionante, filho.

— É, não nego que foi um gesto bonito — papai se deu por vencido…ou quase — Das crianças e não desse jogador mocorongo.

— Puxa papai, você poderia ser menos reclamão e dar uma chance ao Theo e à família dele, que você nem conhece e está todo cheio de críticas — falei séria pra ele, que fez bico.

Depois de desviar de alguns grupos de pessoas, bandeiras e vendedores de água, conseguimos chegar ao
estacionamento. Assim que papai parou o carro e nós descemos, vi que alguns veículos de emissoras de TV e internet estavam estacionados ali.

— Uai, tem até televisão? Quanta frescura para um campeonato de faculdade.

— Deixe de azedume, homi. Esse campeonato é sério. Além disso, esse mói de gente deve ser por causa do jogador, pai do Theo, que Gael já explicou que ele é celebridade por lá.