vinte e sete | desassossego

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Theo estava quietinho ao meu lado e quando olhei pra ele, percebi que estava pensativo e bastante tenso, roendo as unhas.

— Ei, para de fazer isso — pedi segurando a sua mão — O que foi?

— Nada — mentiu nitidamente pra mim, pois, como eu segurava a sua mão ele puxou com os dentes algumas peles soltas do seu lábio.

— Para com isso, vai ficar todo machucado. — o reprendi um pouco mais severa e puxei seu queixo para ele olhar pra mim — Me conta o que está acontecendo? Você parece nervoso.

— Acho que eu tô com medo. — admitiu e passou a mão pelo cabelo, sua perna direita não parava de mexer e eu nunca tinha visto ele assim tão ansioso, nem no dia da roda gigante — As pessoas estão esperando muito de mim, acho que olham pra mim e veem o meu pai e eu não sou ele. O time está contando comigo por ter mais experiência e eu tenho medo de decepcionar todos eles.

— Tem medo de decepcionar as outras pessoas ou ao seu pai?

— Acho que os dois, mas principalmente meu pai. Você precisava ver, Didi, o quanto ele ficou feliz quando eu contei que iria jogar, eu só quero que ele sinta orgulho de mim...

— E ele sente, meu dengo. Tenho certeza disso! — fiz um cafuné em seus cabelos e ele fechou os olhos aproveitando o carinho — Vai dar tudo certo, é só o primeiro jogo e você não precisa se cobrar tanto.

Ele assentiu com a cabeça, mas sua expressão ainda era tensa, me movi naquele pequeno espaço entre as poltronas que nos separava e me sentei em seu colo, o abracei forte na tentativa de lhe passar toda a segurança e fazer ele acreditar que está tudo bem, enquanto fazia carinho em seus cabelos.

— Eu sei que deve ser difícil pra você, mas tenta não pensar muito no resultado do jogo, independente de quem vença, eu tenho certeza de que você vai dar o seu melhor em campo e todo mundo vai ver isso, inclusive seu pai.

— Obrigado, linda. — ele agradeceu , fazendo um carinho em meu rosto — Obrigado por estar aqui comigo.

Ele me puxou para mais um beijo, mas dessa vez era um beijo diferente: mais tranquilo, carinhoso e amoroso. Mesmo sem dizer nenhuma palavra, eu entendi que estava fazendo bem pra ele, estando ali. sobre nós separamos quando percebemos que o ônibus parou.

— Acho que chegamos. — falei me esticando para ver a frente do ônibus.

Theo olhou pela janela e fez uma cara de estranheza ao ver onde estávamos. Aliás, todos do ônibus se entreolharam tentando identificar onde estávamos, pois a entrada não se parecia em nada com o hotel "ilha de caras" que Rodrigo divulgou. As expressões eram de surpresas, menos do Davi, que olhava para o Rodrigo com um olhar assassino.

— Confiem no Digão, vocês vão amar! — ele disse convencido e Heitor deu uma risada.

— Não sei porque, mas não consigo acreditar em você.

— Só o Fabinho acredita. — Rodney implicou, dando um tapa de leve na cabeça do amigo.

— Ei! — Fábio reclamou fazendo uma careta de ofendido.

Saímos do ônibus, Theo e os meninos foram pegar as nossas malas no ônibus e eu fiquei esperando, os outros ônibus também estavam chegando e o grupo de pessoas sem entender nada foi crescendo. Maitê e Mia chegaram ao meu lado, justamente na hora em que a Amanda, com a capacho da Larissa, desciam do ônibus.

— Quem foi o idiota que teve a infeliz ideia de deixar o Rodrigo como responsável para escolher o nosso hotel? Será que ninguém percebeu que aquele imbecil não consegue fazer nada direito?

— Dessa vez eu vou ter que concordar com a chata da Amanda — Tina chegou ao nosso lado e falou baixinho só para que eu, Mia e Maitê ouvisse — O Rodrigo não consegue fazer uma letra o, sentado pelado na areia e vocês querem que esse Sansão lesado acerte algo tão importante?

Linhas Invisíveis: Diana's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora