Linhas Invisíveis: Diana's Version

dezoito | sa-fa-de-za

Voltamos à mesa e eu ainda estava aérea recuperando o fôlego, tomando meu drink e pensando nos carinhos intensos que eu e o Apolo trocamos minutos atrás, quando percebi que Theo e Tina me olhavam com risinhos contidos, enquanto Ben falava algo diretamente pra eles e eu resolvi prestar atenção.

— Tô falando pra vocês. É sério ! Não existe alguém mais avoada e desastrada que a Diana. Minha madrinha fala que ela é distraída assim porque puxou o pai, já meu padrinho fala que essa coisa dela de esbarrar e derrubar tudo, é coisa da minha madrinha — tanto Theo quanto Tina me olhavam rindo.

— Ei ! Vocês estão falando de mim é ? E o que é tão engraçado, heim? — perguntei brava e Theo rapidamente foi se explicar.

— Não fez esse bico, lil'moon — ele disse me roubando um selinho e eu segurei um sorriso pra manter a minha pose de má — Mas é que a Tina te perguntou duas vezes se você queria voltar pra piscina e você além de não responder, estava com olhar distante e nem parecia que estava sentada aqui com a gente — e chegando mais perto só para eu ouvir, ele falou com a voz rouca — Será que a sua mente estava me imaginando nu na piscina?

Ele manteve os olhos fixos em mim e eu engoli seco, fazendo ele dar uma risadinha convencida.

— Na verdade, Didi, eu só estava falando pra eles que durante toda a sua infância e a adolescência você vivia com os joelhos ralados e roxos nas pernas.

— Ei, eu não sou desastrada, apenas tenho uma noção de espaço diferenciada — Ben estreitou os olhos pra mim e eu retruquei — Ué, não tenho culpa em ser expert em bater o dedinho na quina da porta, não me dar muito bom com eletrodomésticos e tropeçar em objetos espalhados no chão.

— Ou na própria roupa ! Vocês acreditam que na formatura de ensino médio dela, ela tropeçou na beca na hora de pegar o diploma e quase caiu no palco.

— Mas em minha defesa, preciso dizer que aquela roupa era enorme, visse ! — falei em tom divertido, tirando o canudinho do meu copo e espirrando gotas do restinho da minha capicherry na minha roupa branca e na minha bochecha — Ai, droga.

— Pois eu acho que pessoas desastradas... — Theo falou limpando com o indicador a gota em meu rosto e depois levou seu dedo à boca, chupando de leve — ... tem um charme delicioso.

Ele me deu uma piscadinha e um ponto específico do meu corpo vibrou.

— É... como dizem por aí — suspirei convencida de que eles estão certos — Metade de mim é desastrada e a outra metade derrubei e quebrei — falei com voz tremidinha e Theo me olhou com carinho e me puxou para mais um beijo

— Isso que eu acho incrível em você, Didi. A gente nunca sabe quando esse lado cômico vai atacar. Pra mim, por trás dessa pessoa desastrada, tem uma cabecinha a mil e cheias de ideias vibrantes. Seria muito chato, Diana, se você soubesse equilibrar pratos sem deixar cair, mas em compensação não fosse essa pessoa tão divertida, inteligente, amiga e maravilhosa. — Tina falou sincera e eu realmente me surpreendi por ela ter tanto carinho assim por mim.

— Ruivinha, você traduziu exatamente quem é a Didi. Uma mistura de imprevistos incontáveis com possibilidades divertidas e; posso garantir que ela é um desastre cheio de carinho e boas intenções.

— Oxi, o que vocês querem que tão me elogiando assim, heim ? — perguntei franzindo a testa e olhando para cada um deles, que riram e Theo puxou a minha cadeira pra ficar mais perto dele.

Ben e Tina comentaram algo baixinho e deram risadinhas contidas, para logo depois emendarem um beijo e Theo aproveitou a distração deles e também me beijou lentamente e só paramos para respirar.