trinta e três | Bipolar

75 12 4
                                    


"Por que você é quente, então você está frio

Você é sim, então você não está

Você está dentro, você está fora

Você está feliz e depois está triste

Você está errado quando está certo

É preto e é branco

Nós brigamos, nós terminamos

Nós nos beijamos e fazemos as pazes"

Hot n could – Katy Perry


Assim que o ônibus foi entrando no estacionamento da faculdade, o pessoal começou a se agitar. Quem estava dormindo era acordado de maneira nada delicada, com gritos e tapinhas na cabeça e o corredor se encheu e só se ouvia o barulho de mochilas sendo retiradas dos bagageiros, bocejos e alguns resmungos.

Valentina e Mia desceram na frente e vi que Ben procurava não encarar a Tina, mesmo quando ela migrou o seu olhar do meu rosto para o dele, sem dizer uma palavra, mas com uma expressão diferente, achei que até meio brava.

— Vou lá trás pegar a minha mochila com o Theo. — falei para o Ben que concordou, mas, assim que tentei me levantar, Theo passou como um foguete por nós, com a minha mochila nas costas e desceu do ônibus sem me esperar.

Fiquei parada no corredor, vendo Theo do lado de fora, pegando nossas malas e parecia que estava com cara de poucos amigos.

— Vamos, Didi ?. — Benício perguntou, tirando a minha atenção do garoto sisudo que estava do lado de fora do ônibus.

Descemos do ônibus e fui até o Theo. Mia e Valentina estavam ali também e era impossível não reparar na cara contrariada da Tina, decerto por Benício estar ali.

— Você vai com a gente, Didi? — Mia me questionou e eu estranhei a pergunta.

— Claro ! Eu vim com vocês. — confirmei e reparei no esboço de um sorrisinho cínico na cara do Theo, que disfarçou e continuou concentrado nas malas.

Theo entregou a minha mala e mochila, sem dizer uma palavra, manteve uma distância entre nós e não me olhava nos olhos.

— Ei — chamei sua atenção tentando fazer ele olhar pra mim, que continuou a tarefa de tirar outras malas do ônibus, que ele nem sabia de quem eram — Theo, olha pra mim. — pedi de modo mais enérgico, fazendo ele me encarar, mas percebi ele travando o maxilar quando viu que Benício ainda estava ao nosso lado — Tudo bem ? — tentei perguntar em um tom neutro de voz para amenizar um pouco o clima e Theo só assentiu com a cabeça.

— Só estou cansado, com um pouco de dor e doido para ir para casa. — respondeu ríspido, sem me encarar.

Theo estava nitidamente incomodado e sua voz saía tão fria que em nada parecia aquele garoto carinhoso que me fez ir às nuvens durante a viagem.

— Você parece bravo. — rebati e ele respirou fundo, claramente tentando se acalmar.,

— Não tô bravo. — respondeu com a voz, adivinha? De quem estava muito bravo e pra completar ele tinha um bico enorme na cara.

Theo retirou as malas das meninas no bagageiro do ônibus e ao contrário do que fez comigo, conseguiu colocar uma de cada lado e parece que estava vendo a melhor forma dele mesmo levá-las até o carro.

Linhas Invisíveis: Diana's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora