Capítulo 10

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                       [Thomas]

            Eu sou o Thomas, tenho 30 anos e sim, eu sou psicólogo e ao contrário dos que muito pensam eu sou uma pessoa comum, tenho meus desejos, tenho meus traumas, tenho meus problemas. As pessoas costumam pensar que psicólogos são seres de outro mundo e que não podem sofrer mas isso é balela.
            Acordei com o alarme tocando às 7:00, levantei da cama e olhei direto pra vista da janela. Moro em uma cobertura no centro de Manhattan. Eu amo a vista daqui e não vou embora desse lugar por nada. Vejo que o dia lá fora está nublado e com alguns trovões ameaçando que vai chover. Faço minha higiene na suite e desço ao encontro da Lurdes. Lurdes cuida da minha casa, não gosto de chamar ela de empregada e outros nomes que a profissão dela tem, ela me conhece desde pequeno, ela ficou muito tempo com os meus pais antes deles morrerem. Ela cuida de mim como seu fosse um bebê que precisa de cuidados especiais.
            Vou direto pra cozinha e vejo ela preparando um lindo café da manhã. Sento na minha cadeira e ela já vem toda sorridente.

- Bom dia Thomas. - Diz colocando alguns frios na mesa.

- Bom dia Lurdes, dormiu bem? - Pergunto pegando um pão.

- Sim sim, como uma rainha.

- Ah que bom.

- Vai trabalhar hoje? - Pergunta sentando do meu lado pra tomar café comigo.

            Como eu disse antes, ela não é minha empregada ou minha diarista, ela é da família então eu trato ela como ela merece.

- Hoje sim mas entro mais tarde, vou tirar o dia pra malhar.

- Ah claro, você precisa manter esse corpinho atraente.

- Hahaha nem começa Lurdes, você sabe que eu malho por mim e não pelos outros.

- Eu sei eu sei mas você deveria colocar esse corpo pra jogo né.

- Lurdes!! Você sabe que eu não gosto de relacionamentos.

            Tive um relacionamento muito conturbado com um modelo muito tempo atrás e sinceramente, ele me deixou traumas e eu também devo ter deixado ele com alguns traumas.      Voltamos a comer em silêncio até que Lurdes quebra ele com uma pergunta que me faz tremer.

- Você sabe que dia é hoje?

- Infelizmente sei, dia 2 de dezembro - Digo sério.

            Esse mês me trás lembranças horríveis. Meus pais morreram no dia 18 de dezembro, viajamos pra um chalé em NY pra curtir a noite de natal mas a neve na estrada tava mais intensa que o normal mas seguimos viagem, porém depois de um tempo na estrada pegamos uma nevasca que fez meu pai perder o controle do carro capotando o carro 5 vezes. Meu pai morreu na hora e minha mãe morreu assim que chegou no hospital. Eu também fiquei um tempo no hospital mas consegui me recuperar. Morro de saudades dos meus pais mas sei que eles não vão voltar. As pessoas me perguntam se eu não fui no psicólogo, eu passei um tempo e até que eu consegui superar um pouco mas o fim de ano sempre desperta o pior em mim, fico chato, fico sem graça, ao todo eu fico insuportável.

- Querido promete pra mim uma coisa? - Lurdes levando e vem em minha direção.

- Depende.

- Você vai prometer sim!! - Disse falando sério.

- Pedindo com essa delicadeza eu prometo sim.

- Por favor não beba na noite de natal. Você sabe como as coisas ficam perigosas no fim de ano. E eu sei também que isso é quase um ritual pra você por conta do que aconteceu mas por favor não faça isso.

Meu Psicólogo Onde histórias criam vida. Descubra agora