Meu Psicólogo

Capítulo 32

                        [Thomas]

            Acordo cedo pra ir trabalhar e Jake ainda dorme tranquilamente, é muito bom poder ver ele comigo e na minha cama. Dou um beijo na testa dele e vou tomar um banho. Desço e Lurdes ainda ainda não chegou, pego minhas coisas e vou pro trabalho.
            Assim que eu chego no consultório, a recepcionista vem até mim meio apreensiva.

- Dr Thomas, tem um moço querendo falar com você e ele disse que não vai ir embora até falar com você.

- Moço? Quem é?

- Eu, Eduardo.

            Me viro e dou de cara com o tio do Jake vindo em minha direção.

- O senhor precisa de alguma coisa?

- Quero saber onde está meu sobrinho.

- Ele tá seguro.

- Eu não acredito nisso.

- Ah não? E por que ele estaria mais seguro com você? Pelo que ele me contou você não foi tão honesto assim né.

- Pensei que a ética proibia você falar sobre a vida dos pacientes. - Ele diz irônico.

- Não tá lembrado? O Jake me contou tudo fora do consultório, eu não estava avaliando ele...

- Olha só. - Ele se aproxima de mim mas não me intimida. - Você não vai fazer o Jake se virar contra mim.

- Fique tranquilo Eduardo, a única coisa que eu fiz foi apoiar ele em voltar e falar com você. Então se ele aparecer no seu apartamento e ouvir tudo que você tem pra falar, agradeça primeiramente a mim, por que pelo que ele falou eu seria o primeiro a apoiar ele a denunciar tudo pra polícia.

             Digo isso e saio andando. Passo pela catraca onde tem alguns seguranças que cuidaram dele caso ele tente causar. Subo até minha sala e faço meu ritual de sempre, limpo algumas coisas e passo um cheirinho no ar. Mando meu primeiro paciente entrar e assim vai seguindo o dia. Antes de ir embora eu passo em uma padaria pra comprar algumas coisas, lá dentro não deixo de notar uma senhora e uma criança animados. Eles passam por mim e eu consigo ouvir a conversa.

- Aí vovó, eu amo o natal. - A criança diz alegre.

- Sim meu querido, essa é a época mais mágica do ano. Todos deveriam amar.

- Eu amo pra sempre vovó.

            Os dois saem da padaria e o que ela falou não sai da minha cabeça, o natal pra mim é a sombra do mal, desde quando esse mês maldito levou meus pais eu nunca mais consegui ver o natal de outra forma, sinto uma tristeza tomando conta de mim. Pego o que eu comprei e saio.
            Chego em casa mas parece que minha mente ainda está na padaria ouvindo a frase que a senhora falou, na teoria é tão fácil... Assim que eu entro Jake tá sentado no sofá mexendo no celular.

- Cheguei. - Digo sem graça.

- Ah que bom. E como foi o dia? - Ele vem animado.

- Estranho. - Ponho as coisas na mesa.

- O que houve?

- Eu... Eu só não sei de mais nada, vejo as ruas enfeitadas pro natal, as pessoas alegres com a data. Eu só queria não me sentir péssimo com esse mês.

- Ah eu entendo Thomas, você passou por uma coisa difícil, é normal que você não goste do natal.

- Eu vejo as pessoas animadas e principalmente você, parece tudo tão lindo.