Capítulo 11

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> Manhattan >

[Thomas]

             Quando acordo do cochilo, vejo que já são 18:20. Levanto e vou até a janela que fica na parede da sala toda e fico admirando a vista, os carros, as pessoas que daqui de cima parecem formiga e algumas decorações de natal que já enfeitam as ruas. Sinto meu estômago roncar, aproveito e vou direto comer alguma coisa, assim que eu chego na cozinha ouço minha campainha. Vou até abrir e dou de cara com Jacob na porta.

- Boa noite flor do meu jardim. - Diz entrando com uma taça de vinho.

- Ah não Jacob, eu pensei que fosse passar a noite sozinho. - Fecho a porta e volto pra cozinha.

- Pensou errado. Já que você não sai da toca nem pra foder, nós vamos passar a noite jogando e bebendo.

- Tá bom tá bom... - Digo pegando duas taças - Mas nem inventa de chamar alguém.

- Sim chefe. - Ele bate continência e ri.

            Arrumamos a sala pra ficar bem confortável, usamos a mesinha de centro pra colocar os vinhos, pego os controles do meu PS5 e ponho Mortal Kombat 1 pra jogar. E como sempre, eu ganho todas as partidas.

- Se eu ganhar mais uma você vai fazer uma massagem nos meus pés.

- Eu prefiro comer vidro. - Diz se concentrando na escolha do personagem.

            A partida começa e eu dou alguns golpes nele. Vejo o nervosismo do Jacob, mas eu não vou me abalar, jogo é jogo e eu não entro pra perder. Eu finalmente derroto ele.

- Mileena wins, FATALITY! - O narrador do jogo diz.

- Ah não você tá roubando. - Jacob solta o controle no carpete.

- Hahaha ser bom não é roubar. E agora você vai fazer uma massagem nos meus pés.

- Nessa lancha que você chama de pé? Nem vem pé grande, não vou encostar nisso aí.

            Aproximo meu pé do rosto dele e ele levanta dando risada, eu acabo dando risada da cara dele quando eu vejo que ele não quer pagar o castigo. Corro atrás dele brincando e quando chego perto dele ouço a campainha tocar. Olho pro Jacob já de cara fechada.

- Se for o que eu tô pensando você vai ir embora daqui agora! - Digo bravo.

- Não cara, eu não chamei ninguém, essa noite era só pra gente curtir.

            Eu vou até a porta e quando eu abro, tenho a maior surpresa. Na porta está uma mulher asiática de cabelos pretos com umas sacolas mas mãos.

- OLÍVIA? - Digo espantado.

- Eu mesma hahaha. - Diz ela soltando as sacolas e me abraçando.

            Abraço ela o mais forte possível. Eu tava morrendo de saudades dela. Eu, Jacob e ela éramos inseparáveis na faculdade, mesmo ela fazendo medicina veterinária, éramos um grupo de estudos onde todos se ajudavam como podiam mas depois que ela se envolveu com um gangster (Nem sabia que isso existia de verdade) e o pai dela descobriu, mandou ela pra Paris como "castigo". Ela me ajudou em vários momentos difíceis e quando ela foi embora, confesso que ficou um buraco no meu coração.

- Entre entre. - Digo animado enquanto pego as sacolas na porta.

- JACOB? HAHAHAH - Ela corre e pula em cima dele.

- OLIVIA MEU DEUS QUANTO TEMPO!!! - Jacob solta ela ficando com as mãos no rosto dela.

- Sim, mas eu voltei e agora quero aproveitar vocês. - Fala pulando de alegria. - Inclusive, vocês devem se lembrar das nossas noites de sexta né? Eram jogos, bebidas e muitas risadas e hoje não vai ser diferente.

            Ela se aproxima de mim e tira alguns jogos de tabuleiro que ela trouxe na sacola. Eu não acredito que vamos fazer a noite de jogos, bate uma nostalgia só de lembrar que fazíamos isso toda sexta feira sem falta.

- Trouxe alguns como: detetive, Banco imobiliário e o destruidor de amizades, UNO.

- Pelo visto hoje vai ter Jogos, bebidas e brigas né. - Diz Jacob rindo.

- Vai sim hahaha - Digo.

- Isso mesmo, muito dedo no cu e gritaria.

            Arrumamos a mesinha de centro novamente pra que coubessem os jogos. Fomos jogar uno pra começar a noite bem. Entre uma partida e outra, Olivia contou pra gente que depois que o pai dela descobriu o romance com o gangster, ele mandou ela pra Paris como castigo mas mesmo assim ele conseguiu dinheiro e ia ficar com ela mas ela disse que depois de um tempo mataram o cara na porta de casa. Ela chorou um pouco contando mas logo se recompôs. Ela terminou dizendo que voltou pra Manhattan pra fazer algumas coisas mas não sabia se ia voltar a morar por aqui.

- Uno, bati. - Terminou jogando +4 pro Jacob comprar.

- QUE? Eu tô com a porra de 19 cartas na mão e você joga mais +4?

- Ah Jacob, não é possível que você não tenha um +2 pelo menos. - Digo rindo.

- Olha isso aqui ô rato da ratúlia - Ele vira o leque de cartas e mostra que não tem nenhum +2.

- Bom, então você vai ter que tomar mais uma dose, porque eu também bati - Digo colocando minha última carta na mesa.

- VÃO SE FODER - Ele joga as cartas na mesa e pega a garrafa de vinho.

- "Mas cê tá bravo?" - Olivia faz referência à um meme.

- Bom, não importa, toma logo tudo - desafio ele. - E se você vomitar no meu carpete você vai limpar com a língua.

            Ele então vira a garrafa de vinho e limpa a boca com a palma da mão. Eu e Olivia não aguentamos e caímos na gargalhada vendo que Jacob é ruim em qualquer jogo.
Depois de umas risadas e outras, Jacob vai usar o banheiro e só ficamos eu e Olivia na sala.

- E como vai a vida amorosa Thom? - Ela pergunta colocando o bolo de cartas na mesa.

- Minha vida amorosa melhorou muito depois que eu desisti dela.

- Hahaha palhaço. Eu não acredito, um homem tão bonito como você, inteligente, tem dinheiro. Por que não riscar a última coisa da lista que é namorar??

- Eu não quero Liv, não sou maduro o suficiente pra um relacionamento, lembra o que aconteceu da última vez? Como meu ciúmes acabou com tudo?

- Com o tal modelo né, eu lembro sim, você espancou o cara que deu em cima dele na balada.

- Sim e depois disso eu percebi que sou esse ogro que não serve pra namorar e ter uma família.

- Olha Thom. - Ela vem na minha frente e põe as mãos no meu rosto - Uma vez você me disse que um relacionamento a gente constrói todos os dias. Então você deveria se relacionar e ir aprendendo a enfrentar seus traços tóxicos aos poucos.

- Nossa, trocamos de profissão? - Digo dando um sorriso.

- Não, você sabe que eu sou melhor cuidando de bichinhos do que esses seres que você chama de humanos. - Ela se afasta e enche nossas taças de vinho.

            Jacob volta pra sala e continuamos jogando mais um pouco até que 2h da manhã decidimos que todos iriam dormir. Mesmo que ninguém faça nada amanhã, a bebida já tá fazendo efeito.
            Assim que eu me deito fico olhando a vista lá fora. Ao mesmo tempo que eu queria me relacionar, o medo de estregar tudo por conta do ciúmes vem junto e me faz desistir na hora. Acabo pegando no sono enquanto a chuva volta a ficar forte lá fora.

                      [Continua]

Meu Psicólogo Onde histórias criam vida. Descubra agora