02. sonhos mais eróticos

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ᴄᴀᴛᴀʀɪɴᴀ's ᴘᴏᴠ

Chegamos em Los Angeles às oito e quarenta e cinco da noite. As horas passaram devagar dentro do avião. Gabriel lia revistas e mais revistas enquanto eu comia e em seguida tentava cochilar. Mas aleluia estamos aqui.

Meio perdida, eu avisto Agnes correr em nossa direção. Gargalho quando nos abraçamos forte e ela fala que não acreditou que fosse possível até que nos viu.

— Bem-vindos à nova casa de vocês. — Agnes diz arrastando a minha mala pelo chão.

— Nem fodendo que eu vou morar num aeroporto. — Gabriel brinca.

— Que piadista, né?  — ela rebate, eu reviro os olhos.

— Você devia morar num circo, isso sim... — acompanho, fazendo Agnes rir e Gabriel nos olhar irritado.

— Acho bom as duas mocinhas pararem. — ele diz, bufando e caminhando com pressa.

Saímos do belo aeroporto e entramos num táxi que Agnes chamou. O motorista nos ajuda com as bagagens e logo dá partida pro endereço que minha amiga ditou. Eu observo as ruas através da janela do carro e meu corpo inteiro se arrepia. Puta merda, é real essa porra!

— Estamos indo pro seu apartamento, certo? — Gabriel pergunta.

— Sim. Ou vocês já tem onde ficar? — Agnes diz.

— Não. — respondemos ao mesmo tempo.

— Como teríamos, Agnes? Só se pagarmos um hotel. — falo pegando um espelho pequeno na minha bolsa e checando o gloss que passei há quase uma hora atrás.

— Ainda bem que você é nossa amiga, porque além de nunca termos estado aqui antes, eu quero economizar. — Gabriel fala, gesticulando. — Se depender da Catarina, ficamos falidos hoje mesmo.

— Aham, claro. Porque a gente trouxe tanto dinheiro... — provoco em desdém e nós rimos. — Só que não.

— Eu disse que ia guiar vocês, e é isso que eu vou fazer. Mas ai dos dois se fizerem da minha casa um motel! — Agnes aponta o dedo na nossa cara.

— Quem você pensa que eu sou?! — Gabriel finge ofensa e eles me olham, até mesmo o motorista.

— ...É, jamais faria isso. — me defendo, mas suas expressões parecem desconfiadas da minha pessoa.

O taxista para o veículo em frente à um prédio lindo e bem alto. Quando Agnes paga e nós saímos com nossas coisas, caminhamos até a entrada. Minha amiga cumprimenta umas mulheres mais velhas que conversam próximas e ao entrarmos no elevador, ela troca um sorriso com um cara que saía.

— Mano, eu to em choque. — a ficha de Gabriel finalmente cai quando ele vê a beleza do apartamento. — Seu novo emprego é bem lucrativo, pelo jeito.

— Nem tanto assim. Esse lugar é um dos mais baratos da região, na verdade.

— Sério? — arregalo os olhos. — Caramba...

— Seríssimo. — Agnes ri. — Tem dois quartos além do meu aqui, pra nossa felicidade. Venham.

Ela nos apresenta cada canto e em pouco tempo já nos instalamos apropriadamente. No mesmo momento em que vi a aconchegante banheira no banheiro, decidi que iria tomar banho nela o quanto antes.

Pego minha toalha enquanto os dois conversam no quarto e vou direto me banhar.

— Fica à vontade, tá amiga?! Pode usar meus cremes, meus esfoliantes, o que quiser! — Agnes grita do lado de fora.

— Valeu! — agradeço.

De longe o banho mais relaxante que já tomei na vida. Já enrolada em frente ao espelho, passo um hidratante facial que tem no armário no rosto e faço umas palhaçadas devido à minha empolgação.

— Você ainda não falou no que trabalha agora.

— Pois é, quis esperar vocês chegarem antes.

— Por que? — questiono.

Estamos no sofá bebendo um vinho e conversando, enquanto uma música calma toca no rádio.

— Precaução. Tive receio de que não quisessem vir mais, porque...

— Ih, lá vem. Você é o quê? Traficante? — falo, fazendo pouco caso.

— Credo! Diga que não, pelo amor de Deus. — Gabriel implora à Agnes.

— Lógico que não! — Agnes gargalha, dando um tapa na minha perna. — Eu trabalho numa boate.

— Tá, mas fazendo o quê? — Gabriel apressa.

— ...Ela é stripper. — respondo, já deduzindo pela cara sem graça de Agnes.

— Quê?! Sério? — Gabriel fica pasmo.

— Sim. Vocês tem preconceito? — Agnes torce o nariz, ela já sabe que não.

— Como se você não me conhecesse. É o emprego dos meus sonhos mais eróticos, adorei. — respondo, ela sorri pra mim.

— E você, Biel?

— Não tenho nada contra. Deve ser divertido. — ele diz bebericando sua bebida.

— Você vai todos os dias ou só nos fins de semana? — pergunto.

— Quase todo dia, mas a gente tem uns intervalos entre uma hora ou outra. Até porque são vários strippers e o que vale é a preferência do público, geralmente.

— Incrível. — mordo o lábio. — Então, que horas começamos à nos arrumar pra ir? — fico de pé e coloco minha taça de canto.

— Quê? — Agnes junta as sobrancelhas.

— Sua doida, a gente acabou de chegar! To cansado. — Gabriel reclama.

— Gabriel, não começa. Imagina que merda vai ser daqui um tempo quando a gente relembrar da nossa primeira noite nos Estados Unidos? "Ah, chegamos, conversamos e depois fomos dormir." — eu faço uma leve chantagem pra convence-los.

Se bem que essa é de fato minha opinião.

— Ela tem razão. — Agnes levanta também. — É bom, que eu já apresento vocês ao pessoal e quem sabe tem uma vaga aberta...?

— Vaga aberta pra quê? Stripper? — Gabriel pergunta, nós assentimos e ele balança a cabeça em negativo. — Gente, eu só sou sexy na cama. Não vai rolar.

— Relaxa, amigo. Aqui é outro patamar, desempregado você não fica. — o puxo pelo braço e meu amigo sorri, entrando na onda.

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora