023. mais um pra coleção

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ᴄᴀᴛᴀʀɪɴᴀ's ᴘᴏᴠ

Acordo sentindo meu corpo pesar. Olho em volta de onde estou e reconheço o quarto de Leonardo, é nessa hora em que me lembro de tudo o que aconteceu noite passada. Sento-me no colchão e abraço meus joelhos, questionando mentalmente onde o loiro possa estar.

Me inclino pra ver o relógio do criado-mudo e já passaram dez minutos depois do meio-dia. Já tô vendo, se o Gabriel já não queria sair comigo ontem, agora ele deve estar até comprando a passagem de volta pro Brasil.

Eu exagerei, confesso. Em muitos sentidos. Não dando satisfação pra quem mora comigo é um deles.

Cansada de esperar o idiota, eu levanto e desço as escadas pra chegar na cozinha. De primeira, encontro Leonardo almoçando à mesa sozinho.

— Oi. — é o que eu digo.

— Oi. — ele responde da mesma forma, depois de uma encarada longa.

— Posso? — pergunto, me referindo à comida servida.

Não acredito que tô sendo fofa assim com ele. O que aconteceu com a Kitty? Mas falando seriamente, ele cuidou de mim. Me livrou de passar algum vexame. Demonstrou que se importa, por mais idiota que seja. Só preciso arrumar um jeito de agradecê-lo.

— Senta. — ele dá de ombros, fazendo pouco caso.

Eu me sento, pego um prato e o preencho com o que quero. Na medida em que como, o peso dentro de mim se vai aos pouquinhos. Leonardo permanece em silêncio, sem nem ao menos me olhar.

Quando ele termina, vai até a pia e lava sua louça. Creio que pra continuar me evitando.

— Você lembra de tudo? — me pergunta quando vê que eu acabei de comer.

— Lembro. — respondo, de forma óbvia.

— Menos mal. Isso facilita as coisas.

— Facilita o quê? — fico de pé, posteriormente dando dois passos próxima à ele.

— Você sabe, Catarina. Ontem foi uma noite completamente fodida.

— Eu não faço ideia. E por que "completamente" fodida? Você só fez o que quis comigo, me tirou da festa, me trouxe pra cá, me deu a porra de um banho-

— Por que você foi pra aquela balada, primeiramente? — ele me interrompe. — Sabia que eu estava lá?!

— Óbvio que não, Leonardo. Tá achando que eu sou quem? Nem falar com você eu queria, te disse isso já!

— Não queria, mas falou. Foi você quem veio até mim, pra quê?! Eu não lembro de ter te chamado.

— Eu tava bêbada, imbecil! — exclamo. — E nem me dirigir diretamente à você eu me dirigi.

— Claro, você foi lá, pegou qualquer trouxa pra dançar com você e achou que tava tudo certo. Mas a confusão só tava começando!

— Peraí, Leonardo...mas que porra! — esfrego meu rosto, já zonza com essa discussão. — Isso é por ciúmes, não é?! Porque eu dancei com seu amigo-

— Não, Catarina. Não. — ele parece engolir o que realmente queria dizer. — Graças à sua brincadeirinha, os paparazzis me viram sair contigo daquele lugar.

— Foda-se! Você saiu comigo porque quis!

— Porque eu sou uma pessoa consciente, garota. Eu vi que você não tava bem e que se continuasse com o Philip lá, alguma merda ia acontecer! Mas quer saber? Eu me arrependo.

— ...Pouco me importa se você se arrepende ou não. A culpa disso não é minha, é sua. Só sua! Você vem com aquela história de querer me conhecer, mas nem me reconhecer na frente dos seus amigos você é capaz! Não é capaz de ser fotografado comigo sem fazer drama e sentir vergonha de mim! — Leonardo fica quieto, está empurrando sua raiva goela abaixo. — Vai, fala! É mentira, por acaso?

— Você não sabe o que tá dizendo.

— Não, claro que não. Você é que tá certo... — concordo em sarcasmo.

— Catarina, eu tomei o maior cuidado pra que não descobrissem. Eu já sou uma pessoa pública, o mínimo que eu quero é poder ter minha privacidade, e você tirou isso de mim ontem! Agora não vai demorar pra buscarem mais à fundo sobre a sua pessoa, e vão achar, porque a mídia sempre acha. Isso se já não acharam-

— Cala essa boca! Se ao menos fosse na boate onde eu trabalho, essa sua fala teria algum sentido, mas não. Não vão descobrir porra nenhuma, porque pra eles quem importa é você! Você, você, tudo é você, né Leonardo?! Finge que se importa, mas tá pouco se fodendo. Eu sei...

— Eu me importo, sim. Me importo mais do que você, pelo menos. Você que de qualquer emprego existente no universo, foi ficar justo com esse. Tudo por que?! Porque você vive de fingir sentimentos, você brinca com os homens-

— Ah, mas eu adorei brincar com você, sabia?! — não me contenho e acabo soltando. Apesar de não ser 100% verdade, que se dane. Ele não vai sair por cima, nessa. — Adorei. Tirei seu dinheiro, transei com você, vim pra sua casa...

Esse filho da puta me fez ficar confusa com meus próprios sentimentos, coisa que ninguém nesse mundo já fez. Ele merece ser desiludido como nunca!

— Você... — o homem de tão indignado, perde as palavras.

— Nem finja estar magoado, Leonardo. Eu sei que você só tava atuando, como se eu fosse mais um filme pra sua coleção. Eu fiquei cega durante um tempo, mas no fundo sempre soube. Quem finge sentimentos aqui é você! Você que manda os empregados embora pra que nem eles saibam da "vagabunda" que você leva pra cama, né? — meus olhos ardem, mas nem aqui nem no inferno eu vou chorar.

— É verdade. — ele assente. — Eu nunca assumiria você como namorada, Catarina. Mas isso é bom pra você, né?! Até porque cê não liga pra namoro! No fundo, estávamos os dois só brincando um com o outro...! — passamos longos segundos nos encarando. — E eu acho bom você não aproveitar aquelas fotos pra ficar se promovendo na tv...

— Eu te odeio! — grito e dou as costas, indo vestir minhas roupas de volta no quarto.

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora