𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprio

015. que romântico da sua parte

ᴄᴀᴛᴀʀɪɴᴀ's ᴘᴏᴠ

Ele nos ofereceu uma carona e eu passei o caminho inteiro me martirizando mentalmente por ter aceitado. Também, Agnes ficou toda medrosa depois do susto. Leonardo usava um boné esquisito e óculos escuros, parecia um foragido pelo jeito que se dirigiu à nós.

— Obrigada, viu? — minha amiga agradece quando ele para o carro na frente do prédio.

— Imagina. Não foi nada. — DiCaprio responde.

— Foi sim. Você vem...amiga? — Agnes quase fala meu nome, mas pensa antes.

— Já vou. — digo e ela sai, posteriormente passando pela portaria.

Não sei porque ainda estou aqui. Um silêncio ensurdecedor pairando no ar, simplesmente me sinto bloqueada. Que vontade de xingar tanto esse homem em português, meu Deus. Só pra aliviar a angústia.

— Olha, antes que pergunte...eu não tô te perseguindo, tá? — Leonardo diz, me fazendo olhá-lo de canto. Não ia perguntar isso. Não agora. — Só resolvi te esperar, pra saber se tá tudo bem. Os óculos e o boné são porque tive que voltar pra casa, trocar o carro e enganar os paparazzis pra então poder falar com você com mais tranquilidade.

— Tá tudo bem, sim. — respondo. — Mas por que esse cuidado todo?

— Você sabe. — fala com firmeza, eu dou de ombros. — Sabe sim. Você tentou falar comigo antes que eu saísse, mas eu fui embora mesmo assim.

— Não era nada, Leonardo. — engulo o monte de palavras que pensei em dizer.

— Certeza? — sua mão toca meu braço.

— Sim, oras. — afirmo, meio ríspida. — Mas eu tenho que te falar uma coisa, agora.

— O quê? — ele franze o cenho.

— Minha chefe obviamente achou estranho o tanto que eu ando demorando pra aparecer, se é que me entende. — o loiro assente. — Então é melhor você se contentar com os shows tradicionais, se quiser continuar indo àquela boate. Só isso.

O homem permanece me olhando. Até que mexe no cabelo, limpa a garganta e diz:

— Acho que isso é mais sobre você do que sobre mim.

— ...Como?

— Kitty, você tá falando como se quem ficasse dando em cima de alguém aqui fosse eu. Mas é o contrário.

— E? Você não reclamou nas-

— O ponto não é esse. — ele me interrompe. — Se não podemos mais transar enquanto você devia estar fazendo outra coisa, ok, foda-se. Como já te disse, sexo é algo que eu já tenho e conheço bem. Mas você, não.

Por que ele tá se forçando tanto à manter esse papel?

— Quer me conhecer? — o questiono, em uma dedução irônica. — Por que?

— Porque não quero pegar AIDS. Por que você acha? — ele debocha, eu reviro os olhos. — Eu nem sei seu nome de verdade ainda, garota. É o mínimo.

— O mínimo é você ser honesto. Que foi, Leonardo? Quando nos conhecemos você não tava nem aí, e desde então fica nessa farsa de querer saber coisas desnecessárias sobre mim. Eu sempre deixei claro as minhas intenções contigo-

— Tá brincando que você vai jogar essa agora, pra cima de mim?! — ele me corta, de novo. — O que porra queria, afinal? Que eu ficasse com você logo de primeira e fosse embora pra sempre, que nem o Shane fez? Diferente dele e outros, eu me interesso por outras coisas além de uma vagina...

Para de mentir, para de mentir!

— Eu vou sair daqui. — tiro o cinto e tento abrir a porta, mas ela é travada na mesma hora. — Vai me prender? Que romântico da sua parte.

— A gente vai terminar essa conversa, deixar as coisas claras. Eu não aceito sair como o errado da história, como você tá me fazendo ser.

— Claro que não aceita. Você é um homem. — rebato. — Tudo que tá dizendo não passa de um monte de mentiras, só porque você quer sair como o bonzinho, o inocente. E também porque no fundo não quer que a gente pare o que estávamos fazendo.

— E você por acaso quer? — Leonardo resmunga, eu fico calada. Os nervos à flor da pele. — ...Escuta, por que não vem comigo pra minha casa? Lá a gente conversa melhor, até porque aqui as pessoas podem ver e...

— Depois fica se fazendo. Nem ao menos ser visto comigo em público você quer, e ainda vem dizer que não se interessa só pelo sexo?

— N-Não, não é isso...

— Aham. Tá bom. — finjo concordância, ele suspira pesado, aborrecido.

— ...Eu prometo que depois disso você nunca mais vai me ver na sua frente, se não quiser. É a única coisa que eu te peço, para de imaturidade e vem comigo pra conversar.

Não, não, eu não vou!

— ...Tá, vai logo. — coloco o cinto novamente e Leonardo dá partida.

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