053. isolados

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ʟᴇᴏɴᴀʀᴅᴏ's ᴘᴏᴠ

Ciara está me levando até os fundos da clínica, onde há vários cômodos vazios em construção. Totalmente isolado.

— Tô começando a me questionar se fui burro em acreditar em você. — murmuro enquanto caminho atrás dela.

— Relaxa. — Ciara fala, segurando uma lanterna acesa enorme em mãos, iluminando o local.

Entramos no cômodo maior e a mulher se inclina, para que eu passe por ela. Até que eu vejo através da luz, Catarina levantar de um banquinho de madeira. Ela abre um sorriso e corre pra me abraçar.

— Leo! — Cat fala com alegria após pular nos meus braços e distribuir beijos pelo meu rosto.

— Com licença. — Ciara deixa a lanterna ainda acesa no banquinho e logo sai.

— Eu senti tanto a sua falta! — Catarina põe os pés no chão de novo, eu ainda processo as coisas.

— Catarina, o que é isso? — eu à repreendo.

— ...Isso o quê? Eu? — ela ri.

— A-A gente se separou e agora você vem-

— Você se separou de mim, Leonardo. — Cat dá ênfase ao se referir à mim.

— Que seja. O que aconteceu de tão urgente?

— Nada. — seu olhar se entristece. — Eu só queria te ver. Passar um pouco da noite ao seu lado.

— ...Cat, o tempo passou. — minha voz embarga. — Eu tenho a minha vida e estou comprometido.

De repente o olhar dela, que até então estava triste, ficou furioso. Catarina me fuzila com seus olhos castanhos me encarando.

— Você veio aqui por um motivo. — diz com obviedade.

— Eu vim aqui porque você fez a sua enfermeira me procurar pra nos encontrarmos às escondidas. — rebato. — Acho que isso não é permitido, né?

— Para de ser hipócrita! — ela grunhe. — Fala sério, Leonardo, você não tem pena de mim? Do que me faz passar? Eu só tô nessa prisão por sua causa!

— O quê?! — exclamo. — Você tá aqui porque você é doente! Você é uma pessoa instável! — lembro do que Gabriel disse.

— Você me deixou assim! — Catarina aponta o dedo na minha cara. — O que te faz pensar que tem o direito de invadir a minha vida, a minha mente desse jeito e depois me descartar?! Me fala!

— Catarina, você tá-

— E eu sou uma idiota também, sabia? Porque mesmo depois de tudo que você me fez sofrer, mesmo depois de ter me traído, eu ainda sim quero ficar com você!

— Cala a boca! Eu não te fiz metade do que você diz. — resmungo. — Nunca te traí e eu deixei as coisas claras sobre a gente namorar.

— "Namorar"? — ela gargalha em deboche. — A gente nunca namorou. Você me enrolou e enrolou, e enrolou e enrolou de novo, e de novo, e de novo e de novo! — seus gritos me machucam como alfinetadas.

À essa altura meus olhos já estão vermelhos, cheios de lágrimas.

— Por que você me quer, então?! Me deixa viver, Catarina! Com você por perto, eu nunca vou conseguir seguir em frente. Você não entende?!

— Eu te amo, seu desgraçado! — ela choraminga. — Amo você, seu corpo, sua barba, seus olhos, as suas provocações, os apelidos que você me dá, seus defeitos, suas inseguranças, tudo. Absolutamente tudo.

Paraliso. Eu à amo mais. Muito mais do que o universo é capaz de explicar. Mas não dá. Não tem como.

Que merda!

— Cat... — sussurro como numa súplica, meu rosto molhado pelas gotas salgadas que escorrem de meus olhos.

— Você me deixou. Você não confia em mim. — ela deita a cabeça no meu peito, que sobe e desce de nervosismo.

— Eu te amo. — respondo, apertando-a contra mim.

— Não ama, não. — é o que ela diz, me olhando de novo.

— ...Se não acredita, como você acha que podemos levar isso adiante? — questiono, sinceramente.

— Eu acho que prefiro que você me prove o que diz sentir. — Catarina segura meu rosto e dá um beijo por cima de uma lágrima.

— Você não está bem.

— Eu tô perfeita, homem. — suas mãos batem em meu peito, separando de vez nossos corpos. — Você que é um babaca. O mais babaca de todos.

— Por que?

— Por que você acha, Leonardo? Tá bem claro que pra você, eu sirvo pra tudo, menos pra ser sua namorada. Você tá aí namorando outra que mal conhece! Me diz, o que tem de errado comigo?! Por que eu não sou o ideal pra você?!

— ...Você sabe muito bem. — digo, sério.

— Não faço ideia. — dá de ombros, ela não tá nada bem. — Bom, stripper eu não sou mais. É pelo escândalo? Pela sua reputação, né?

— Eu não quero falar disso outra vez, Cat. — falo, desviando o olhar.

— E eu quero que você se exploda. — ela bate com a mão novamente no meu peito, eu à seguro depois.

— Dá pra você parar? Pare, agora. — ordeno.

— Pra quê? Eu já entendi como são as coisas. — sorri com malícia. — Pelo jeito eu realmente sou a louca da história, né?

— Eu sou o mais louco dessa porra. Louco por você. — aperto seu punho com força. — Você não tem ideia do quanto eu te quero e desejo, Cat. Eu faria loucuras por você. Se não fosse pela minha carreira...

— Seu covarde. — Cat fala lentamente, o aborrecimento e decepção estampados em sua feição.

— Talvez eu seja, mesmo. — enfim solto-a. — Me perdoe.

— Eu nunca vou te perdoar.

— ...Tá bom. — após uma pausa, eu concordo em ironia. Ela levanta uma sobrancelha, intrigada. — Você acabou de dizer que me ama.

— Eu posso te amar e ainda sim não te perdoar.

— É? — pergunto baixinho. — A verdade é que você já me perdoou. — dou um leve sorriso de canto, esquecendo por um momento de que estava em prantos.

— E como você sabe disso? — Cat cruza os braços, duvidosa.

— Eu sei das coisas. — respondo, ela desfaz sua pose confiante e arregala os olhos.

estamos quase no fim 🫢🫢🫢

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora