051. ciara

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ᴄᴀᴛᴀʀɪɴᴀ's ᴘᴏᴠ

Agnes veio tomar café da manhã comigo. Como uma vidente, ela perguntou justamente sobre a última sessão de terapia que tive.

— É, na certa o Gabriel te mataria se você tivesse contado pra ele. — ela diz quando eu conto tudo.

— Pois é. Então me fala com sinceridade: o Leonardo nem sequer tentou falar com vocês, pra saber de mim?

— Não, Cat. Comigo não. Acho que com o Biel também não, porque senão ele já teria comentado. — Agnes fala, após bebericar o suco. — Você quer mesmo falar com ele? Agora? Já passou tanto-

— Foda-se, Agnes. Eu preciso falar com ele, mesmo que seja pra ouvir que ele me esqueceu, ou que esteja namorando, casando, sei lá!

— Não me entenda mal, mas você tá aqui por causa dele. — ela franze a testa e eu à olho furiosa. — Não faça essa cara, é verdade. A sua depend-

— Ai, que saco. Eu tô cheia de ficar ouvindo isso! Você não vai me ajudar, então? Só responde.

— Como eu te ajudaria? Tem muita coisa em jogo.

— Tipo?

— Tipo a sua reputação? — ela pergunta retoricamente. — Que já está manchada pela overdose e o fato de você ter sido uma stripper enquanto "namorava" o Leonardo. Ele deve ter se mantido afastado pra se proteger, te proteger. — Agnes dá ênfase em "te".

— Eu não quero saber. — cuspo as palavras. — Vai me ajudar ou não?

— ...Não. Eu não posso arriscar você assim.

— ...Certo. — acabo de comer rápido e saio do refeitório pisando forte.

Minutos depois, um enfermeiro me avisa que Agnes já foi embora. Eu passo horas e horas deitada na cama, derramando lágrimas inúteis e me sentindo uma inválida. Quando estou quase pegando no sono, ouço a porta ser aberta de um jeito que só pode ser uma pessoa.

— Levantando. — Ciara vem até mim e puxa a coberta fina do meu corpo.

— Ei! — reclamo quando ela joga o pano longe. — Que porra é essa?

— Você não almoçou, não saiu daqui e claramente não tá bem. Em uma clínica de reabilitação, isso é inadmissível. — ela discursa e eu junto as sobrancelhas.

— O que quer que eu faça?

— Se esforce. É um começo. No seu caso, mais um passo pra se recuperar por inteira.

— Você não entende. Ninguém entende. Nem a minha própria amiga. — afundo a cabeça no colchão.

— Sua amiga que veio hoje? O que foi?

— ...Nada.

— Catarina, você não pediu pra sua amiga te ajudar à fugir daqui, né? — Ciara está preocupada.

— Não, Ciara. Pode ficar tranquila, você vai continuar me dando remédio na boca. — rebato com grosseria.

— Fala sério. — ela suspira.

— ...Eu só quero ver o Leo. — choramingo.

— Seu ex? Aquele lá?

Eu contei minha história com Leonardo pra Ciara, tempos atrás. Bem por cima, mas acho que ela compreendeu.

— Isso.

— Mas ele quer te ver? Porque pensa bem, Catarina. Ele não veio aqui uma só vez, e não é por falta de informação. Seu Leo sabe bem o que houve.

— ...E se aconteceu alguma coisa? Eu quero saber.

— Cat-

— Olha, nem vem dar outro discurso, tá? — à interrompo. — Não vou sair desse quarto tão cedo, você e os outros terão que me arrastar. — me viro de costas e escuto ela suspirar outra vez.

— Já chega. — Ciara diz, já enfiando os braços por baixo de mim e me pondo em seu colo.

— Ciara, o que você tá fazendo? — me assusto com a rapidez que ela faz isso.

— Você vai comer, tomar banho e depois tem a aula de ginástica que foi marcada pra daqui uma hora. — ela caminha comigo pra fora do quarto.

— Eu não gosto de ginástica.

— E eu não gosto de manha.

— Você vai ser demitida se te virem me levar assim.

— Exato. Você pode me ajudar nessa ou não? — Ciara apela pra chantagem e eu faço uma careta irritada.

Ela é a pior enfermeira que eu já vi. Isso me faz gostar ainda mais da sua companhia.

— ...Tá bom. Me põe no chão. — mando e ela faz.

Caminhamos até o refeitório e eu como. Forçada, mas como. Depois tomo um banho quente e me apronto pra aula de ginástica — disseram que serve como um momento de lazer e relaxamento, mais pra desfrutar do que aprender. Ciara acompanhou cada ação minha e agora que estou "livre", ela se acerca e me entrega uma garrafa d'água.

— Muito bem. — já sabia que ela ia dizer isso.

— Não fiz por você. Fiz por mim mesma. — brinco, seriamente.

— Que bom, porque eu tenho uma coisa pra te dizer. — ela faz uma cara suspeita, como uma criança prestes à aprontar. Eu inclino a cabeça, apressando ela pra que me conte. — Eu vou te ajudar.

e então?
gostamos ou não gostamos da ciara?

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora