047. graças à você

111 19 0
                                    


ʟᴇᴏɴᴀʀᴅᴏ's ᴘᴏᴠ

Com nossa última discussão, Catarina ficou emburrada e mal fala comigo aqui nessa festa. Estávamos lado à lado pouco tempo atrás, mas era como se fôssemos dois estranhos. O motivo é algo tão besta, chega à ser humilhante. Eu sei que quando bebe, ela muda muito. Prefiro então pensar que é só uma fase.

Amanhã vai ficar tudo bem.

— Oi, Leo. — desvio meu olhar do corredor dos banheiros onde Cat se enfiou há um tempão e reparo na moça que se aproxima de mim.

— Oi. Você me conhece?

— Claro. Todos aqui devem te conhecer. — ela ri e se apoia no balcão atrás de nós, assim como eu.

— Sim. Claro. — respondo com pouco caso.

— Já te vi outras vezes nas baladas, mas você normalmente sempre tá acompanhado. Então...

— Pois é. — volto à encarar o corredor.

— ...O que você tanto olha ali? — ela se inclina pra procurar qualquer coisa, sem fazer ideia.

— Nada. Você tava dizendo? — recupero minha postura e agora presto atenção apenas nela.

— Ah, nada demais. Queria conversar contigo. — a moça sorri de um jeito nitidamente interesseiro.

Reflito rapidamente. Catarina veio comigo nessa pocilga e praticamente me abandonou aqui, além de termos brigado. Sabe lá o que ela tá fazendo até agora naquele banheiro, ou com quem. Não estou dizendo que vou trair ela por vingança, nem nada assim. Mas porra, com a gente é sempre oito ou oitenta.

— Qual seu nome? — questiono-a.

— Mare. — sorri novamente.

Até que eu automaticamente faço isso também. Tenho receio dela ver isso como um flerte, o que não é.

— Bonito. — elogio, encurralado.

— Obrigada. Mas não é mais bonito que você, isso é certo. — Mare me sonda.

— Poxa, valeu. — agradeço baixo e outra vez minha atenção é voltada pros banheiros.

— Sua namorada não veio? — Mare diz e eu viro pra ela num leve susto. — É. A tal Catarina, que sempre sai nas revistas ao seu lado.

— Não. Ela... — suspiro. — Ela veio, mas já foi embora. — merda, por que fui mentir?

— Nossa, te deixou sozinho? Que tipo de namorada ela é? — Mare balança a cabeça em negativo, num desapontamento.

— Sei lá. Me pergunto a mesma coisa. — dou de ombros.

Continuamos conversando superficialmente sobre meu relacionamento — lógico que eu não vou dar muitos detalhes da minha vida pessoal pra uma qualquer, porém isso me fez sentir menos otario. Só por ter desabafado, mesmo.

Quando eu já estou completamente distraído e investido na conversa, Catarina surge na nossa frente, fazendo a maior cara feia.

— O que tá acontecendo aqui? — ela questiona e eu não entendo, até que Mare afasta sua mão, que até então tocava meu braço.

— Nada. — nego rápido.

— Nada. — Catarina repete em deboche. — Você é um-

— Ô, amiga! A gente não tava fazendo nada demais. — Mare se intromete, interrompendo. — À propósito, você não tinha ido embora?

— Ah, é isso o que você disse à ela?! — Cat me olha com ódio. — Vão tomar no cu os dois... — ela dá as costas bruscamente, e por estar fora de si, mal consegue andar de forma normal.

— Amor, calma aí. — sigo ela e seguro-a pela cintura.

— Não me toca, Leonardo. — ordena, suas mãos tremem. — Tô cansada de você.

— O quê? — junto as sobrancelhas. — Cansada de mim? Eu que tô cansado de você! Faz drama com tudo, puta que pariu! — me aborreço.

— Então por que não termina essa bosta de namoro, que nem namoro é de verdade?! — Catarina cospe as palavras, seu rosto marcado de expressões.

— Vai começar com isso, de novo? — bufo, mais calmo que ela. — Quer saber? Isso aqui não tem importância. Amanhã você vai mudar de ideia e nós iremos ficar de boa. Como sempre.

— Você ter quase ficado com outra não tem importância, então?

— Eu não ia ficar com ela, só estávamos conversando.

— Então por que você disse pra ela que eu tinha ido embora?! Para de se contradizer, Leonardo!

— Quem faz isso é você! Viemos pra essa porra e tá sendo horrível, graças à você! — dou ênfase ao me referir à ela.

— ...Vai embora, então. Vai! — Catarina retruca e sem pensar muito, eu vou.

Caminho puto até os portões da saída, mas antes que eu passe por eles, me arrependo. Não dá pra ficar fugindo dos problemas, Cat e eu temos que nos resolver o quanto antes.

— Merda... — xingo ao ignorar a saída e retornar pra festa.

Decido que preciso ao menos tomar algo forte, antes de discutir mais uma vez com aquela garota. Nunca que quero retomar o assunto "traição", mas isso virá uma hora ou outra. Meu objetivo no momento é só conseguir levar Catarina pra casa e fazê-la dormir.

Procuro-a no meio das pessoas por longos minutos, até que ao me acercar de um grupo de mulheres que estavam todas sentadas em volta de um sofá estreito, encontro Cat. Sem me verem, as meninas cheiram cada uma, uma carreira de pó. Incluindo Catarina.

— Olá? — uma delas nota minha presença.

As outras riem quando olham pra mim, eu continuo encarando Catarina fixamente. Eu nunca à odiei tanto.

— Venha. — seguro a mão dela, mas a morena puxa.

— Sai daqui. — ela está brilhando de suor.

— Vem logo, eu preciso falar com você! — finjo que minha pressa é por outro motivo. Ela afasta sua mão outra vez e eu perco a paciência, dessa vez quem à puxa sou eu.

Sem dar a mínima, eu abro com força uma das portas dos fundos e então saímos por ali. Caminho com Catarina quase adormecendo em meus braços até nos distanciarmos o suficiente do estabelecimento. Quando me dou por convencido que consegui, chamo um táxi e nós entramos no mesmo.

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora