014. segredo

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ᴄᴀᴛᴀʀɪɴᴀ's ᴘᴏᴠ

DiCaprio e eu estamos no segundo round de hoje, mas aparentemente estão sentindo a minha falta do lado de fora da cabine. Já ouvi Agnes me chamar algumas vezes, e em nenhuma delas eu respondi.

— Espera um pouco, daqui à pouco você vai. — o loiro me puxa contra ele com força, pedindo numa manha impressionante.

Sinto sua boca chupando meu pescoço e meus olhos se reviram. Assim que ouço um mínimo barulho, empurro Leonardo e começo à recolher minha lingerie no chão.

— Não. — respondo seu pedido.

— ...Não? — ele franze a testa.

— Não, Leonardo. Eu já volto. — é tudo o que eu digo antes de sair, já vestida.

Assim que saio do corredor, paro em frente à um dos espelhos e começo à arrumar meu cabelo. No meio disso, Agnes corre até mim. Me viro pra ela e dou um sorrio simpático, mas isso não parece ser o suficiente.

— A Valerie me deu a maior bronca porque ninguém sabe onde você se meteu. Vários clientes já perguntaram por você, garota. Onde estava? — ela põe uma mão na cintura.

— Eu... — solto o ar preso dentro de mim, atordoada. — Tava com um cliente. Onde mais?

— Não, Cat. Me desculpa, mas não tava. Isso já tem dias! Voc... — Agnes para de falar quando vê Leonardo passar um pouco distante de nós, porém vindo de certa direção. Minha amiga volta à me olhar, dessa vez com a boca entreaberta. — Já entendi.

— Entendeu? — balanço a cabeça.

— ...Cê tá transando com o Leonardo DiCaprio? Meu Deus! — Agnes fica tão surpresa que nem parece ela.

— Edaí? Pensei que não se importasse com os famosos que vem aqui. — retruco.

— Mas eu me importo com você. Ele que te ofereceu dinheiro por sexo? — ela pergunta, preocupada.

— Não, Agnes. Relaxa. Não é nada demais... — tento tranquilizar ela. — É como se eu acrescentasse umas coisinhas à mais nos shows que eu faço pra ele, sabe? Mas é porque eu quero, não porque um homem mandou, ou sei lá!

— Tá bom. Mas você precisa dar um jeito de conciliar as coisas. Imagina se a Valerie te demite?

— Eu vou voltar agora mesmo. Só tenho que falar com ele rapidinho, antes... — digo e então corro pra conseguir alcançar Leonardo, antes que ele vá embora.

Chego próxima à saída do clube e o vejo, conversando com outro cara. Espero os dois acabarem o papo e aí chamo por Leonardo, mas ele parece me ignorar — ou não ouvir. O loiro passa pelo portão quando eu ando até ele e tento tocar em seu braço. Os flashes das câmeras dos paparazzis fazem doer minha vista com sua velocidade, me impedindo de continuar, então eu resolvo voltar.

Ao subir no palco, me lembro imediatamente do que Agnes disse tempo atrás. Sobre nós, strippers, sermos como um segredo deixado de lado pra esses famosos. Danço em volta da barra de pole dance me sentindo uma otária, por ter me humilhado pela atenção daquele imbecil, que nem sequer me pagou.

Que carência, Catarina. Você nem gosta dele. Mal o conhece.

O resto da noite passa devagar, eu sinto minha pele grudar de suor e agradeço pelo lugar se esvaziar aos poucos. Agnes e eu nos encontramos assim que saímos do vestiário com nossas roupas casuais e somos paradas por Valerie.

— Podemos conversar, Kitty? — ela pergunta educadamente e eu não fico preocupada, só pelo fato de ter sido chamada pelo meu nome de guerra.

— Claro. — concordo e olho pra Agnes.

— Eu te espero por aqui. — ela diz e eu me desvencilho de seu abraço.

Entro na sala de Valerie e ela indica a poltrona em frente à sua mesa, para que eu me sente. A patroa começa à andar de um lado pro outro, aguardando o momento certo de me questionar. Já até sei o que seja.

— Querida... — um sorrisinho se forma em seu rosto. — Não tem como eu monitorar cada stripper à cada segundo, então tudo o que eu tenho como garantia é a palavra dos meus funcionários. Espero que você seja sincera.

— Eu vou ser. — garanto.

— O que você faz tanto esses últimos dias, que some por horas, sem ninguém sequer te ver? Sua amiga não soube me responder.

— Talvez... — engulo seco. — Eu me empolgue bastante nos shows particulares, e eles acabam levando mais do que o necessário.

— Hm. Como são seus shows? Me dê os detalhes, a ordem das coisas.

Eu detalho pra ela, claro que omitindo várias coisas, afinal não quero ser demitida. Se Valerie soubesse o que eu tenho feito pra "atiçar" o Leonardo, me mandaria embora à pontapés. A regra desse clube de strip não inclui sexo com clientes, é uma lei. Priorizar o controle. Fazê-los quererem mais.

Sempre mais. O que resulta no retorno dos mesmos.

— Eu prometo que vou ser mais atenta, Valerie.

— Acho bom. Você é boa no que faz, Catarina. Não queria ter que perder uma profissional como você. — Valerie diz, me fazendo sorrir confiante. — Pode ir.

Saio da sala e puxo Agnes pra irmos embora. Conto tudo como foi.

— Já decidiu como vai ser mais "atenta"? — ela faz aspas com os dedos.

— Sim. Não vou mais transar com ele. — falo com certeza, mas aí penso melhor. — Pelo menos não enquanto devia estar trabalhando.

— Boa. Mas se vocês só se veem aqui...

— Ele vai ter que se mancar. Me ver como uma stripper, não como uma prostituta.

— ...Não foi você mesma que disse que não é nada demais? Que é como se acrescentasse-

— Eu sei, Agnes. — à interrompo. — Mas quem eu quero enganar? Já tava ficando envolvida, começando à amenizar as coisas à favor dele. Só que agora eu não vou mais fazer isso. Nunca que eu me humilho pra homem. — abraço forte minha amiga de lado.

Saímos da boate, nos despedindo de nossos colegas. Já são altas horas da madrugada e a rua está muito menos movimentada do que mais cedo. Decidimos voltar pra casa caminhando, mas quando cruzamos a esquina, um carro não tão longe buzina pra nós.

— Ah, não! — Agnes fica com medo e se põe atrás de mim.

Não dá pra ver direito quem dirige o veículo, pois as películas são bem escuras. O carro dá partida e então para perto de nós. Eu me arrependo de não ter corrido quando a janela se abre, dando visão à Leonardo.

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora