01. pena que não vou estar aqui

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ᴄᴀᴛᴀʀɪɴᴀ's ᴘᴏᴠ

O Gabriel terminou com o namorado há duas semanas e ele ainda está chorando no meu ombro por causa disso.

— Não me diga que vai desistir... — olho meu amigo como se o ameaçasse. — Já compramos as passagens, embarcamos amanhã, seu-

— Eu não vou desistir, Catarina! — Gabriel exclama, me interrompendo. Ele finalmente tira a cabeça do travesseiro e enxuga as lágrimas. — Mas pode me deixar sofrer enquanto ainda tô no Brasil?

— Que saco, garoto. Foi o João Pedro quem levou o fora e o imbecil deve estar, sei lá...transando nesse momento. Totalmente despreocupado. — levanto e vou até o espelho me olhar. 

— Por que você acha que eu tô chorando, dessa vez? — me viro e encaro Gabriel de olhos arregalados. — Eu não suporto que ele esteja tão feliz, depois das merdas que me fez passar em quase um ano de relacionamento. 

— Fica tranquilo. — me aproximo. — Quando estivermos em Hollywood, tudo vai melhorar. Em todos os sentidos. — suspiro, sonhando acordada.

— Claro... — Gabriel revira os olhos, ele deve estar cansado de me ouvir falar nisso desde que combinamos a mudança.

— Caso contrário, cê vai sofrer, mas em Los Angeles. Olha que privilégio! — tento anima-lo.

— Eu quero beijar na boca de um gringo, isso sim. — ele fica de pé e recolhe uns sapatos jogados no chão do meu quarto.

Moramos juntos há bastante tempo e somos amigos desde o colégio. O modo como "nasceu" essa nossa fantasia de destino desafiadora é até engraçado.

Irei contar.

Quando eu tinha dezessete anos e ainda morava com meus pais, em certa tarde em que fomos todos à praia, conheci uma garota um ano mais velha que eu. A Agnes. Ela sempre morou nos Estados Unidos, mas como sua mãe é brasileira, eventualmente visitava o país como turista. Agnes sabe falar português melhor que eu.

Ficamos muitos próximas e conversamos através de cartas e ligações até hoje. Gabriel entrou na nossa chamada uma vez e brincou que um dia fugiríamos pros EUA pra ficarmos perto da Agnes. Isso gerou tantas risadas e piadinhas nos anos seguintes, que o assunto acabou ficando sério e a proposta mais ainda.

E cá estamos nós, prestes à fazer disso a realidade. Agnes será como a nossa guia por lá. Pelo que me contou, ela mudou de emprego há pouco tempo e as coisas estão bem mais interessantes.

Mais tarde, Gabriel finalmente esquece um pouco do ex babaca dele e me ajuda à revisar nossas malas. Nosso apartamento é alugado e como nenhuma mobília daqui é nossa, ficará mais fácil ir embora deixando tudo como está.

— Minha mãe me ligou umas dez vezes, hoje. — ele comenta enquanto checa o dinheiro em sua carteira mais uma vez.

— Você contou pra ela? — beberico minha cerveja.

— ...Contei. — Gabriel dá de ombros.

— Mentiroso! — brinco.

— Não enche, Catarina. Eu disse que ia viajar, não que tava de mudança. Você conhece minha mãe, ela vai surtar tanto quanto sua mãe surtaria se soubesse.

— Pena que não vou estar aqui pra ver isso acontecer. — dou risada.

— Aliás, por que será que elas vão surtar? Somos duas vagabundas crescidas com mais de vinte anos nas costas...

— Talvez pela ideia de não termos noção do que vai acontecer. Mas isso é o que me deixa mais excitada. — reflito.

— Né? Podemos acabar virando celebridades muito conhecidas, quem sabe?

— Inglês nós sabemos. — quem dá de ombros dessa vez sou eu.

As horas passam e eu mal posso esperar pra acordar, sair de casa e entrar naquele maldito avião. Claro que eu vou sentir falta do Brasil, da cachaça, do funk, das festas incríveis, dos churrascos de domingo com a minha família. Tudo isso foi ótimo experienciar nesses meus vinte e quatro anos.

Mas sejamos honestos, o que poderia me fazer mais feliz agora do que farrear em meio à um monte de playboys norte-americanos? Não consigo imaginar uma resposta pra isso.

Sou uma mulher determinada. Eu sei que se eu não me mexer, as coisas não vão sair de acordo com a minha vontade. Pode ser que eu me arrependa mais pra frente, mas eu só vou poder dizer que me arrependi se eu fizer.

E eu vou fazer.

— Hora de acordar, Catarina! — acordo escutando a voz de Gabriel invadir meu quarto, juntamente com a luz do dia.

— ...Já tá na hora? — eu me espreguiço, ainda raciocinando.

— Aham. Vamo, amiga. — ele abre as cortinas e eu esboço um sorriso de orelha à orelha.

primeiro capítuloooo
tô planejando essa fic há uns dias já
espero que eu consiga terminar ela KWKDJWKEJDK
enfim...o que acharam dessa pequena introdução?

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora