𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprio

033. decifrando de verdade

ʟᴇᴏɴᴀʀᴅᴏ's ᴘᴏᴠ

Passou um tempo e como Jenna ainda não tinha saído do quarto, captei que as duas estavam entretidas conversando. Ao caminhar por perto, pude ouvir Catarina rir e minha cozinheira comentando algo empolgada.

Tomei banho e vesti uma roupa quente qualquer em outro quarto, a primeira que encontrei. Agora cá estou, parado perto da grande janela de vidro da minha sala, encarando a chuva.

Penso em como minha rotina tem mudado nos últimos tempos. Eu estou basicamente determinando o que faço e quando faço. Isso é bom por um lado, claro. É algo que eu sonhava direto quando comecei minha carreira, lá atrás. Mas eu sonhava em fazer isso unicamente por mim, e não por outra pessoa.

Graças à Catarina, ela virou meu compromisso inadiável de cada hora de cada dia. Nunca fui tantas vezes em uma boate só em poucas semanas. Estou me metendo na porra de um beco sem saída, onde a sensação que tenho é que não vai acabar bem.

Mas o pior disso é que ainda sim eu gosto de permanecer aqui, tentando. Se não acabar bem, eu posso dar um jeito. Eu consigo mudar as coisas. Eu consigo ficar com a mulher que eu gosto.

— Senhor DiCaprio? — a voz de Jenna me acorda dos meus pensamentos.

— Sim? — viro pra ela, meio assustado.

— Desculpe a demora. Estávamos só batendo um papo. Se quiser falar com a Catarina, ela está deitada na cama. — ela sorri, gentil.

— Que isso, tá tudo bem. Já vou lá.

— Ok. Eu vou me ajeitar pra ir embora.

— Pode ficar, Jenna. Tem vários quartos vazios. — digo apontando pra tempestade atrás de mim.

— Não, imagina. Eu liguei pra uma pessoa da minha família, já está vindo me buscar.

— Oh. Tá certo, então. Se cuida.

— Vocês também. Juízo! — Jenna acena se despedindo e dá as costas.

Mordo o lábio e respiro fundo antes de ir em direção ao meu quarto. A porta está entreaberta, eu seguro a maçaneta sem fazer barulho algum. Vejo que Catarina está acordada e ando até a cama. O olhar dela sobre mim me faz sentir pequeno.

— Onde você vai? — pergunta quando eu pego meu travesseiro e me distancio aos poucos.

— Dormir. — respondo ainda sem estar de frente pra garota.

— Mas esse é o seu quarto. — Catarina dá ênfase. — Qual o seu problema?

— Como? — viro meu corpo bruscamente.

— Por que não dorme aqui?

— ...Você que não me queria por perto. — quase gaguejo, reparo nela vestida apenas com um robe.

— Venha. — gesticula pra que eu obedeça, eu levo uns segundos pra fazer o que mandou.

Ela adora mandar.

— Não tente me seduzir. — brinco em tom sério ao me deitar e pegar em mãos o controle das luzes do cômodo.

— Jamais. — vejo-a sorrir pra si mesma. Antes que eu desligue completamente a luz, ela me impede. — Espera. Não apague tudo. Deixa aquela ali, um pouquinho. — aponta.