054. sem conclusões, sem respostas

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ʟᴇᴏɴᴀʀᴅᴏ's ᴘᴏᴠ

Não sei como nem porquê, mas o Gabriel acabou sabendo do meu encontro com a Cat.

— Eu disse pra você se afastar. O que pensa que tá fazendo? — ele me repreende ao telefone.

Acabei de acordar e não tô com paciência pra falar com ninguém, mas é melhor que as merdas que tenham que acontecer, aconteçam logo. Assim eu não preciso me preocupar em pensar nisso, depois.

— Ela contou pra você? — pergunto sem vontade.

— Fui visitá-la e escutei ela falando com a enfermeira. Tive que insistir muito pra Catarina admitir.

— Bom, o que você tem a ver com isso? Cuida da sua vida, que tal? — retruco.

— Acontece que nós fizemos um acordo. Quer apostar quanto que agora a Catarina vai ficar pior do que antes?

— Por mim, eu aposto sim. Porque eu sei que não é verdade.

— ...Sinceramente. — ele suspira. — Vocês são iguaizinhos. Devem se merecer, mesmo.

— Já acabou?

— Não. Mas vou fingir que sim. Até porque você não vai me dar ouvidos, né?

— Exatamente. — sorrio, ele percebe e resmunga.

Finalmente Gabriel desliga e eu posso tomar meu café da manhã. Enfio o telefone debaixo das cobertas e desço as escadas até a cozinha.

— Bom dia, senhor DiCaprio. — Jenna fala comigo.

— Bom dia. — respondo pegando a garrafa de café e despejando o líquido escuro numa xícara branca.

Não contei à ela sobre a Cat. Não preciso de mais alguém me julgando à essa altura. Por conta da minha atual namorada, acho que Jenna me julgaria por sair tarde da noite pra me encontrar com outra mulher em uma clínica de reabilitação. Ela é minha funcionária, mas é super transparente ao dizer suas opiniões. Um dos motivos pelos quais à contratei.

— A Heidi disse que viria aqui, hoje. — Jenna diz, aproximando a bandeja de torradas de mim.

— Sim, eu chamei.

— Aconteceu alguma coisa?

— Muitas... — esfrego meu rosto, atordoado.

— O senhor parece cansado. Se sente mal?

— Não. Digo...vai passar, Jenna. — me explico, ela me sonda intrigada. Intrigada, porém acreditando.

— A viagem de férias ainda está de pé?

— Não sei. Eu não sei de nada. — lembro da decisão que Cat e eu tomamos anteontem, a qual é pra ser definitiva.

Não é atoa que eu sou um ator, porra!

Ouvimos sons de passos e em segundos, Heidi aparece com um pacote grande em mãos.

— Oi, meu amor. — ela puxa meu rosto e me beija com força.

— Oi. — digo, espremido com seu toque.

— Trouxe seu sapato! — Heidi tira uma caixa do pacote e abre a mesma, revelando um tênis que eu já devo ter pelo menos cinco pares iguais.

— Heidi, eu disse que não queria. — murmuro, incomodado.

— ...LD, não faz assim. Eu trouxe com tanto carinho.

— Posso ver, Heidi? — Jenna pergunta, curiosa. Heidi mostra à ela e minha cozinheira fica fascinada. — Que lindos! Por que não quer, senhor DiCaprio?

— Eu só não quero, gente. Entendam. — justifico.

— Sendo assim, eu posso ficar pra mim? Meu filho adoraria, ele gosta desses modelos.

— Tudo bem, Jenna. — Heidi sorri fraco, Jenna agradece e logo sai da cozinha com o presente. — Tá, agora vai me dizer o que tá acontecendo?

— ...Deixa eu comer primeiro. — peço e ela assente.

Como devagar, pensando nas palavras que usarei. Heidi me observa, brincando com sua pulseira prateada. Engulo seco ao deixar minha louça na pia e me virar pra mulher, sentada à mesa.

— Então? — ela pergunta, me incentivando.

— Eu quero terminar. — falo de uma vez. Heidi abre a boca, pega de surpresa. — A verdade é que eu cometi erros. Um deles foi te pedir em namoro, sem te amar realmente. Eu sei, dói ouvir isso. Mas não posso ficar te iludindo, te prendendo...

— ...Você nunca me amou? — ela diz. — Por que me pediu pra namorar contigo, afinal?

— Porque foi fácil. Era fácil te chamar de namorada, justamente por não te amar. Mas o que eu sinto por outra mulher é tão intenso, que me assusta e me faz agir com imaturidade. — revelo. — Nem acredito que tá sendo fácil admitir isso, de uma vez por todas.

— ...Leonardo, você não pensa nas outras pessoas? Só em si mesmo e no que você quer? Quanto egoísmo.

— Você tá certa em me odiar, agora. Eu entendo, Heidi. Mas precisava te falar tudo isso. — dou de ombros.

— Tá bom. — ela levanta e se distancia aos poucos.

— Desculpa! — grito quando Heidi já está longe.

Mais tarde, quem me liga é a Agnes.

— Por que as coisas ficaram calmas de repente? — ela pergunta, na certa Cat não quis falar com ela.

— Como assim? — falo como quem não entendeu.

— Vocês se encontraram depois de um tempão, e foi isso? Nada mais aconteceu? Sem conclusões, sem respostas?

— Isso é você quem tá dizendo. — rio baixinho. — Você e o Gabriel estão esperando satisfações, mas isso é um assunto entre a Catarina e eu. Sério, eu agradeço a preocupação, mas não é da conta de mais ninguém.

— Calma, Leo. Eu entendo. — Agnes diz. — A Cat me pediu ajuda pra falar contigo e eu disse não. É justo que vocês se resolvam sem envolver mais ninguém, mesmo.

— Não tem nada resolvido. Acho que isso nunca terá solução, honestamente. Mas eu arrumo um jeito pra lidar com a situação.

— Peraí. Eu não tô entendendo mais nada. — ela gargalha.

— Melhor assim. — digo por fim, eu devo comprometimento ao que a gatinha e eu conversamos.

!!capítulo propositalmente confuso!!
o próximo é o último, gente 💗

𝐊𝐈𝐓𝐓𝐘, leonardo dicaprioOnde histórias criam vida. Descubra agora