Cap 1 _ E se não fosse a mostarda...

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                                                                 Série Andaluz Parte 1 Revelação

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                                                                 Série Andaluz Parte 1 Revelação

E se não fosse a mostarda...

1

O impacto foi bem maior do que esperei.

E não me refiro ao esbarrão que quase me derrubou agora e, sim ao fato de que aqui, no meio da pizzaria simples e perto da minha casa, o cara mais perfeito que já vi em todos os meus longos e entediantes dezessete anos de vida, está me sustentando pelos ombros. 

Ele, muito bem vestido, a pele hidratada, cabelos sem um fio fora do lugar e um perfume de hipnotizar, enquanto eu, de chinelos, com a roupa velha de ficar em casa, a cara amassada de quem dormiu a tarde inteira, e com o cabelo num coque mal amarrado, por pura preguiça de pentear. 

A única pretensão que tive ao sair, era a de matar minha fome, e como já vim aqui um milhão de vezes, sem encontrar ninguém interessante, não me preocupei com a aparência.

— Você está bem? — Pergunta, com voz de tenor, para ter a certeza que, se me soltar, eu não vou estatelar no chão.  

Fiz que sim com a cabeça. E foi o único movimento que me permiti, já que além do constrangimento, por estar de frente aquele deus de alguma mitologia nórdica, e eu parecendo uma pedinte, cada milímetro do meu sistema nervoso reagia como se fossem milhares de fios desencapados se tocando, enquanto sentia suas mãos quentes e firmes me segurando.

— Bora Mel! Cadê a pizza?! — Meu irmão grita com sua voz de trovão, lá da nossa mesa, mas não olho em sua direção. Até porque, tudo ao meu redor parece embaçado; as outras pessoas sentadas ao redor das mesas de toalhas quadriculadas, os quadros decorativos com fotos de pizzas na parede de tijolinhos, o atendente atrás do balcão... tudo fosco, menos quem está a minha frente.

O garoto que me segura, continua me encarando por mais quatro ou cinco segundos. Tempo suficiente para eu esquadrinhar cada um de seus traços: A curva perfeita do seu maxilar; o alinhamento sublime de seus lábios; o desenho impecável de seu nariz e, ainda pude ver com nitidez, cada nuance da cor castanho em seus olhos, que exibia um brilho intenso. Estanquei pasma e, com certeza, de queixo caído, quando a soma de todos aqueles detalhes formou o rosto mais atraente que já vi.

— Me desculpe — digo, mas o tom sai quase em um murmúrio.

— Tem certeza que está bem? Quer ajuda para... alguma coisa?

Será que estou bem? — Me questiono em pensamento. Já que, pela forma como ele me olha, eu devo ter uma expressão bem esquisita.

Mas, fora as pernas bambas, o coração subindo pela garganta, o formigamento nas extremidades do meu corpo e a boca seca, todas minhas funções cognitivas estavam funcionando perfeitamente.

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