Capítulo 18/1

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Chegamos a porta de casa. Jeziel me puxa pela cintura, aproximando meu corpo ao dele me olhando ternamente. Sorriu pra mim.

— Você precisa entrar agora.

— Não vai entrar?

— Não. Hoje você fica em casa e amanhã a gente se vê.

— Amanhã?

— Sim, sua mãe vai nos preparar um almoço especial lembra?

Havia me esquecido do almoço combinado, para quando minha mãe chegasse. Ela sempre oferecia um almoço para Jeziel e Ernest quando voltava de viajem.

Beijou minha testa em despedida.

Eram quase seis da tarde. Dava tempo de tomar um banho e pensar um pouco. Estava aliviada, pois Jeziel estava bem. E muito bem, como ele mesmo disse — Sorri, me lembrando da forma entusiasmada que ele me beijou. — Meu Leo, meu amor.

E que loucura! Que dia intenso. Descobri que meu pai teve mais um filho, ou melhor, uma filha. — Caramba! — Fiquei incomodada com a recente descoberta. Apesar de nunca me importar muito com meu pai, me senti traída.

Ele foi embora, supostamente para nos proteger, mas nos abandonou aqui e se casou de novo e teve novos filhos. E o amor que minha mãe jura que ele sentia por ela? Como ele pode ficar com outra pessoa, sabendo que sua família estava aqui, desesperada, procurando por ele?

Minha mãe jamais ficou com outro alguém, esperando que ele voltasse. Ela nunca mais conseguiu se apaixonar.

Nas conversas que tivemos, me contava que Victor sempre dizia que ela era o grande amor de sua vida, e que jamais haveria outra em seu coração. Que ele a tratava como ninguém conseguiria fazer. — Era como se ele lesse os meus pensamentos — dizia ela. E era o que ele fazia, hoje eu sei. Se ela soubesse a verdade...

Não havia afinidade entre mim e meu pai por não ter sido criada com ele. Sempre fui indiferente. Hoje, eu começava a não gostar dele.

De manhã, quando Jeziel chegou mais cedo para o almoço com minha família, querendo passar mais tempo comigo, pude perceber que o entusiasmo dele de ontem ainda não havia passado. Ele me beijava mais avidamente e mal conseguia disfarçar o brilho intenso dos seus olhos.

Mais próximo da hora do almoço, Ernest chegou. Mamãe serviu comida portuguesa. Eles trocaram algumas receitas e foram para sala conversar.

Jeziel e eu subimos até meu quarto para ficar longe dos olhos da minha mãe e de Ernest, já que ele mal continha sua empolgação.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo. Não pode ser só o elixir. Você se tornou muito mais atraente para mim, depois que despertei daquele mal. — Sua boca procurava sedenta pela minha. — Acho que foi o fato de pensar em te perder naquele acidente.

Eu é que não estava achando ruim.

— Você está tão linda, tão cheirosa, tão minha... — falava enquanto se emaranhava em meu pescoço e nos meus cabelos. Suas mãos pressionavam e percorriam meu corpo de uma forma íntima, nova e particular. E apesar de jamais, nem por um segundo, pensar em fazê-lo parar, estava começando a ficar acanhada, diante da sua ousadia.

— Droga. — Ele parou e se afastou irritado.

— O que foi? — Perguntei surpresa.

— Ernest. Na minha cabeça. Me chamando para ir embora.

— Ah não. — Grudei em seu pescoço. — Você não vai.

— Preciso ir. Preciso tentar descobrir o que Raika faz em minha casa, verdadeiramente.

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