Capítulo 34

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Ernest?!  Exclamo espantada, abrindo a porta de vez. Por segundos fico paralisada, imaginado que aquela visão era algum tipo de alucinação. E quando ele geme meu nome novamente, me aproximo, ajudando a se levantar. Apoio seu peso em meu corpo, para que ele consiga caminhar e o sento.

Observo Ernest, que respira com dificuldade, seu corpo tomba no sofá e percebo que há ferimentos em seus braços e seu rosto, suas roupas estão sujas e rasgadas e sua pele, meio acinzentada. Ele estava todo ferido. Aparentando ter participado de uma grande luta.

Água Pede num sussurro.

Corro até a cozinha e volto num átimo. Quando lhe entrego o copo nas mãos, elas tremiam, ele se apoia sobre um cotovelo e bebe a água com sofreguidão. Esperei que se recuperasse um pouco, para poder falar. Enquanto aguardava, fiquei me questionando se eles, por esse tempo todo, não foram embora, e mais um daquele homem, que me atacou naquela noite na mata, teria atacado o chalé.

Jeziel Arfei aflita. Se Ernest estava aqui, naquelas condições, e Jeziel não estava com ele... Meu Deus, Ernest! Me diga o que aconteceu, onde está Jeziel? suplico impaciente.

Em Andaluz Responde com dificuldade.

Se ele está em Andaluz, deve estar seguro.

O que você está fazendo aqui, e... por que está todo machucado?

Me desculpe, eu fui um imbecil...

Mais desculpas?! Será que esse povo de Andaluz não sabe falar outra coisa?

Me diga o que está acontecendo Ernest, por que está aqui? — insisto angustiada.

Eu consegui fugir das masmorras.

O que? Masmorras? Você foi preso? Por quê? o que ele falava não fazia sentido. Alguma coisa dera errado?

Ernest tombou de lado, caindo exausto no sofá. Eram tantas as perguntas que me assolavam e Ernest não tinha condições nenhuma de responder. Ele apagou. Com certeza, a travessia por algum portal, devia ter lhe tirado as forças. E em todo o tempo que ele dormia, eu me torturava sem as respostas. O que ele estaria fazendo preso em uma masmorra? E Jeziel?

Ernest, deitado em meu sofá, não parecia melhorar, e comecei a ficar preocupada. E se ele morrer aqui, o que faço? toco em seu braço e noto que sua temperatura está baixa. Fico angustiada ao lembrar que nenhum remédio daqui, poderia ajuda-lo. O que posso fazer agora?

"Essa coroa de diamantes, que passa hoje para sua mão, não é um simples ornamento. Ela tem poderes..."

A carta de meu pai.

Corro até meu quarto e abro a mochila pegando a coroa.

De volta a sala, coloco sobre a cabeça de Ernest e nada acontece. Olho por todos os ângulos da coroa, e não consegui entender como ela funcionaria.

Pego de volta a coroa e coloco sobre a minha cabeça. Sinto um certo medo, mas tinha que tentar alguma coisa e ver no que ia dar.

Quando a coroa se encaixa, sinto uma leve pressão, como se ela se unisse a algo dentro de mim. A atmosfera do lugar mudou, sinto um calor suave em minha pele, e minha luz, a tanto tempo adormecida, rompe num brilho esplendoroso, iluminando tudo ao meu redor. E da mesma forma que a luz se expandiu, ela retorna, suave, voltando para o centro do meu peito, só que não parou ali, senti que deslizou mansamente para meus ombros, passou pelo meu pescoço, continuou subindo até a raiz dos meus cabelos e pousou na coroa, que emitiu seu brilho azul, como um caleidoscópio, refletindo nas paredes, combinações variadas de efeitos visuais por uns dez segundos, e em seguida se apagou. Imediatamente, após essa sensação, no mínimo estranha, meus olhos não enxergavam mais a sala, nem Ernest, nem nada. Uma a tela gigante parecia ter surgido a minha frente, e então vi Jeziel. Preso pelas mãos, por correntes, ele tinha um arco prateado, tipo uma tiara, circulando sua cabeça.

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