Capítulo 19/1

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— Frango? — Falou me distraindo do assunto.

— Claro.

No almoço, tudo correu leve. Nossas conversas andaram em torno das férias escolares que estavam próximas e Leo me convencia de que seria uma boa época para eu cumprir minhas promessas aventureiras. Estava animada com a ideia, e apavorada ao mesmo tempo. O que ele me faria agora? Escalar o Everest de patins? Ele riu e eu sabia que era do meu pensamento.

Após o almoço, fomos para sala assistir um filme. Ele escolheu um de ação e, deitada no colo dele, com seus dedos brincando com meus cabelos, adormeci. Nem as explosões nem os tiros nos efeitos do filme, conseguiram me manter acordada depois de um esforço físico e de um super almoço.

Quando despertei, estava deitada numa cama gigantesca, dessas que se é projetada e construída, não comprada. Leo me carregou enquanto dormia.

O teto do quarto era decorado com uma pintura do céu azul e nuvens branquinhas. Não havia estado nesse cômodo ainda, nem sabia que havia um quarto ali. Uma janela aberta dava a ventilação que fazia a fina cortina de renda flutuar levemente pelo ar.

Dei uma boa espreguiçada e levantei para ver onde estaria Leo. Olhei pela janela que dava para o rio, através da fina cortina. E lá estava ele, mergulhando nas águas cristalinas. Quando se ergueu, penteando os cabelos molhados com as mãos e, com gotas de água em seu corpo reluzindo com o brilho do sol, não pude deixar de admirar seu corpo seminu, inacreditavelmente perfeito, e em composição melodiosa com toda aquela natureza. A brisa que entrou pela janela refrescou minha face, me fazendo perceber que minha temperatura estava bem mais quente que o ar lá fora.

Ele não me percebeu, envolvido demais naquele habitat. Aproveitei sua desatenção para contemplar, sem medo de ser surpreendida, aquele ser, que de tão lindo, só podia ser de outro mundo. Aquela fina camada de renda me protegia do olhar direto dele e do sorriso que ele sempre dava quando percebia meu interesse. Fiquei ali idolatrando cada centímetro daquele corpo moldado pelos deuses.

Resolvi sair do quarto e me encontrar com ele na beira do rio. Leo estava muito relaxado e fez sinal com a mão para que eu entrasse.

— Venha, a água está uma delícia — convidou.

— Tudo bem — Me sentei no chão e tirei o tênis. Arranquei a camiseta, já que estava de top por baixo e permaneci sentada, esperando que ele se esquecesse de mim. A minha vibe com essas coisas de natureza, não passa nem longe da de Jeziel. Prefiro banho de chuveiro.

— Quer que eu vá te buscar? — Ameaçou.

— Já estou indo — caminhei disposta a não deixar meu humor causar outro tipo de discussão entre nós, sentindo a grama e a areia da beira do rio.

Quando coloquei o pé na água, mudei de ideia. Fria demais para o meu gosto. E antes que eu pudesse dar um passo para trás, Jeziel me puxou de supetão. O choque foi um só, da água fria molhando meu corpo, em seguida, minha temperatura se adaptou a água, a tornado realmente agradável. O rio não era fundo, naquela parte, chegava na altura dos meus ombros.

Leo bateu a mão na água, esguichando em mim, repeti o gesto contra ele, brincando feito bobos.

— Quer ver algo interessante? — Se aproximou com cara de maroto.

— Quero — Respondi curiosa.

Mergulhou uma das mãos na água por alguns segundos. Quando a ergueu, uma esfera líquida a acompanhava. Aproximou diante dos meus olhos e a esfera brilhava refletindo a luz do sol.

— Olhe dentro.

Um minúsculo peixinho nadava despreocupado dentro da bolha de água, sem saber onde estava, sem sentir medo. Olhar aquele feito me encantou e Leo percebeu que eu havia gostado. Ele baixou a mão e a esfera se desfez libertando o peixe.

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