1/2 Chegando em Andaluz

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— Vamos para Andaluz! – Lanço sobre Ernest, que me olha admirado.

— Tem mesmo certeza?

— Temos outra alternativa?!

Ele balança a cabeça negativamente.

— Mas não será fácil, e quando passarmos pelo portal por onde vim, é possível que Cordoman esteja nos esperando do outro lado.

— Nós temos uma coisa que ele não tem — Ergo a coroa.

— Isso pode nos dar uma vantagem — Falou pensativo.

— Como ela funciona? Como eu pude ter a visão de onde Jeziel está?

— Ela sempre obedece a seu dono. Quando você colocou sobre a cabeça seus pensamentos queriam alcançar a ele, e a coroa te levou até lá.

Coloquei novamente sobre minha cabeça.

— Mostre Jeziel.

A visão novamente se abriu, e ele ainda estava preso pelas mãos. Me surpreendi como era clara a visão.

— Jeziel... — Falo a ele que continuou de cabeça baixa. — Será que ele pode me ouvir ou me sentir? — pergunto a Ernest.

— A distância é grande. Mas vezes ele acordava no meio da noite dizendo que podia ouvir você o chamando.

O que Ernest me falou me deixou comovida. Mesmo tão distante ele ainda estava ligado em mim?!

— Eu acordei por várias noites gritando o nome dele. — Recordei entristecida, às inúmeras vezes que acordava com uma dor cortante no peito.

A visão ainda estava aberta diante dos meus olhos.

— Jeziel, se você pode me ouvir, só levante a cabeça. — Não houve reação.

— Não parece que ele me ouve — Disse a Ernest.

— Chame-o como você costumava. Talvez ele esteja pensando que está delirando. Ou sonhando.

— Leo, não é delírio eu estou aqui com Ernest ele me contou o que aconteceu e nós vamos te ajudar.

Leo riu sem humor.

— Ele riu — Falo para Ernest.

— Bom, agora tenho certeza ele acha que está delirando. Eu e você juntos? Ele pensa que ainda estou nas masmorras.

— O que faço para ele acreditar?

Ernest deu e ombros.

E fiquei olhando Jeziel que mesmo aprisionado por grilhões, ainda mantinha o mesmo porte majestoso e a mesma beleza que tanto me encantava.

Não sei para onde foi toda minha resistência, ou toda a terra que eu tinha jogado sobre meus sentimentos. Ao poder vê-lo, meu coração que há muito tempo mal batia de teimoso para manter meu corpo vivo, deu um salto no peito o reconhecendo. Meu coração se encheu de ternura. Eu não queria isso, mas não consegui evitar, era algo involuntário a emoção que voltava a brotar em meu coração por ele.

Baixei a guarda.

— Leo... Mesmo pensando ser um sonho ou um delírio, ainda que você não acredite que seja eu. Só responda. Você ainda me ama?

Eu sabia que precisava dessa resposta, ainda que não soubesse o que fazer com ela, mas no momento parecia vital pra mim, principalmente diante do que eu estava prestes a fazer.

Ainda de cabeça baixa ele ficou parado. De repente ele se endireitou e olhou para frente.

— Se eu ainda te amo? Eu sempre te amo. — Me respondeu como no passado.

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