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A fogueira estava preparada e já havia anoitecido. As estrelas do céu de Andaluz já brilhavam na imensidão, Ernest me contava mais algumas das suas experiências como pai, me fazendo rir e me contando mais algumas histórias de sua dimensão. Ele jamais se cansava, então vi que ele realmente amava esse lugar e também amava Jeziel.

Andei em volta do acampamento, esperando que as horas passassem. Ernest preparava algo que seria o nosso jantar, quando o som de um graveto se quebrando na floresta, fez Ernest se levantar sobressaltado colocando a mão na bainha da espada.

— Melissa — Ele sussurrou e fez um gesto com a cabeça para que eu fosse para o lado dele.

Caminhei devagar alguns passos mas, de repente, oito homens saíram gritando de trás dos arbustos e com armas em suas mãos em nossa direção.

Ernest correu para meu lado, mas antes que ele se aproximasse dois homens começaram uma batalha de espadas contra ele.

Num reflexo arranquei o bastão que estava preso ao meu cinto, apertando-o pelo meio, fazendo se estender, me defendendo de outro homem que me atacou com uma espada. Não era como o treinamento, este homem realmente queria me ferir. Ao primeiro golpe contra meu bastão, fez com que ele trepidasse em minha mão. Segurei firme e me concentrei em cada movimento dele, me defendendo de um segundo homem que chegou por trás.

Já estava me sentindo numa arena, e ainda um terceiro veio correndo em minha direção, seguido por mais dois armados até os dentes. O da frente trazia um machado enorme e uma face cruel, o que me fez tremer de medo. Mas antes que ele pudesse me alcançar, seu rosto mudou de feroz para perplexo. Ele colocou as mãos para trás e despencou com a cara no chão, com uma lança cravada nas costas. Os outros dois seguiram caindo antes que chegassem a mim, também cravados, desta vez com flechas. Continuei minha defesa contra os dois que ainda me cercavam, mas olhei para Ernest que permanecia ocupado na batalha, ainda com os outros três, e olhou para mim surpreso. Evidentemente, não tinha sido ele a acertá-los em minha defesa.

Em um golpe brutal, um dos homens que lutavam contra mim me desarmou, lançando meu bastão a metros de distância, me fazendo cair de joelhos ao chão.

Enquanto meus olhos fixaram na grande espada que refletia o brilho na direção da minha cabeça, uma sombra passou sobre mim arrancando a espada que estava embainhada em minhas costas, dando um golpe fatal no homem que estava preparado para me decapitar. O outro também foi atingido tão rápido que nem se deu conta de onde veio o ataque. Caiu bem ao meu lado com os olhos arregalados e... morto.

Me arrastei de costas para longe daquele corpo caído. Apavorada. Me sentei encolhida ao pé de uma árvore. Ernest e outro homem agora lutavam juntos, dando um fim aos últimos três que ainda restavam.

Quando a luta finalmente acabou, olhei desorientada para todos aqueles corpos que jaziam no chão. Um mar de terror. Corpos perfurados por espadas e lanças, sangue, olhos esbugalhados sem vida, que pareciam olhar diretamente pra mim. Uma imagem terrível e traumatizante. Mas enquanto eu ainda olhava incrédula a cena, em poucos minutos, o que eram corpos se tornaram fumaça, se dissipando no ar. Sumiram... Os corpos daqueles homens sumiram diante de meus olhos. Se esvaeceram na fumaça.

Eu ainda estava em estado de choque, quando o homem que nos ajudou, se posicionou diante de mim, estendendo a mão para me ajudar a me por de pé. Me encolhi ainda mais e abracei minhas pernas, debruçando a cabeça sobre os joelhos, escondendo meu rosto.

Ernest correu até mim e me abraçou paternalmente. Um soluço começou a surgir dentro do meu peito. Finalmente meu emocional aterrorizado não suportou a pressão e foi liberando um choro compulsivo.

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