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A manhã estava fria, me enrosquei melhor em minha capa. Ernest está sentado ao meu lado estudando o mapa e Ethan mergulhando no rio de águas mornas. Desejei estar na minha cama quentinha, sem precisar sair de casa.

— Está se sentindo bem para prosseguirmos a nossa jornada? — Ernest sondou meus olhos.

— Estou — Menti descaradamente. Eu só queria ficar deitada.

— Que bom — Ele assentiu. Com certeza percebeu minha mentira. — Agora deixe-me marcar nosso trajeto. Até a vila Barock.

Levanto, para espantar a preguiça, me visto de todos meus artefatos medievais, e levo a mão por cima do ombro para retirar a espada da bainha em minhas costas, que estava atrapalhando colocar a capa. Uma mão grande e quente segurou a minha com urgência.

— Se você puxar a espada desse jeito, acabará se decapitando. — Falou Ethan por trás de mim.

Quando me viro, ele estava com os cabelos molhados e com o peito nu. Me sinto estranha ao olhar para ele.

— Primeiro, segure firme o punho e eleve o braço em linha reta até perceber que a bainha não prenderá a lâmina. — Deu a volta por trás de mim e segurou minha mão, me ensinado — Depois puxe para frente, por cima da cabeça. Assim você não vai se ferir.

Olhei para Ethan que me encarou por três segundos, então soltou minha mão.

— Venha cá. — Ele desembainhou sua espada e se posicionou em minha frente — Deixa eu te mostrar uma coisa. Levante a espada — Me ordenou. — A espada serve tanto para defesa quanto para o ataque. Dá para usar algumas técnicas que você sabe, do bastão. Por exemplo, se o golpe vir por cima — Ele ergueu a espada — Você faz? — Eu ergui minha espada em diagonal sobre minha cabeça. Se eu vir por baixo? — Desci a espada em vertical a minha frente. — Ótimo! — exclamou — Vamos fazer um exercício simples. Os movimentos serão por cima, por baixo, a sua direita e a sua esquerda e você defende.

Concordei com a cabeça.

— Devagar para começar. Flexione as pernas, concentre-se e... Cima, baixo, direita, esquerda.

Consegui defender de todos os golpes leves que ele deu. Repetimos esse exercício várias vezes.

— Vamos acelerar um pouco mais agora. Ele acrescentou mais peso e mais rapidez, fazendo minha espada tilintar. Repetimos outras várias vezes.

— Mais rápido! — Novamente defendi seus golpes — Ótimo, você aprende rápido.

— Está na hora de ir! — Gritou Ernest, do outro lado do acampamento.

— Agora, para recolocar a espada na bainha, sem arrancar a própria orelha, leve-a por trás do ombro, e é só encaixar com cuidado. Ele acompanhou meu braço com a mão, e a espada deslizou para dentro da bainha em segurança.

Me senti estranha com o toque dele, mas disfarcei, agradeci o treinamento e andei até Ernest.

Por todo o dia, caminhando para Barock, Ernest estava muito ocupado fazendo a rota da viajem. Ethan se posicionou ao meu lado para me dar segurança, pois ainda estava cismada com a figura do grande animal que tinha visto na noite anterior. Ao menor barulho feito na mata por um roedor ou por um pássaro me fazia tremer de terror.

No momento em que um galho seco caiu de uma árvore próxima a mim, num salto me agarrei ao braço forte de Ethan, que não se importava de me servir de escudo.

— Desculpe — Pedi a Ethan, depois que pulei novamente em sua direção, me escondendo atrás de suas costas, quando um bichinho menor que um coelho passou correndo a nossa frente.

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