Capítulo 25/1

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Apesar de ter me ocupado bastante sem Leo em casa, dançando e me vestindo para nossa noite especial, senti sua falta, e não via a hora dele chegar para contar sobre minha evolução. Fiz muito bem o dever de casa. E providencialmente ele me chama ao pé da escada.

Passo mais uma vez na frente do espelho avaliando o vestido preto que escolhi. Quero ver novamente o queixo dele caindo enquanto me admira. Passo pelo corredor animada, mas quando chego no topo da escada, vejo Jeziel que nem me olha. Alguma coisa o aborrecia e imaginei que ele e Ernest haviam discutido outra vez.

— Não. Não briguei com Ernest — responde ao meu pensamento, me lembrando que devo usar minha tela protetora.

— O que foi então? — Desço as escadas até ele.

— Raika está doente — sinto a preocupação em sua voz.

— O que ela tem?

— Sente falta de casa, da mãe, reclamando que se sente muito sozinha. Ela é apenas uma garota, um ano mais nova que você, não sabe lidar com isso. E como ainda não posso manda-la para casa, está entrando num estado de depressão perigoso. Os dons dela também não estão reagindo, e isso faz com que as coisas só piorem. Até mesmo a luz dela está esfriando, e nós sabemos que não tem remédio que resolva isso aqui.

Tive a impressão de que ele se culpava pelo estado dela.

Me senti culpada também. Se eu não a tivesse evitado tanto, talvez ela não se sentisse sozinha. E querendo ou não, ela é minha irmã. Meia irmã e mais nova. Devo ter alguma responsabilidade quanto a ela. E se alguma coisa acontecer a filhinha do papai, o que que ele vai achar disso? E Leo, o que vai pensar de mim? Que sou uma egoísta ciumenta, que deixou a irmã caçula sofrer até a morte.

— Podemos fazer alguma coisa?

— Melissa, não é responsabilidade sua, é minha.

Ele estava realmente se culpando.

— Ela é minha irmã, não é?

— É bem mais complicado que isso. Ela veio por minha causa e agora... — se interrompe — Não imaginei que fosse chegar a esse ponto.

— Não é culpa sua. Ela veio, trouxe o remédio e já teria voltado se o portal pudesse ser aberto. Não é culpa sua o portal não se abrir, é?

— Não — responde no automático, só para não me deixar no vácuo. Mas esse não parecia ser o maior problema.

— Cuidaremos disso juntos, está bem? Ela é uma adolescente deprimida. Eu sou adolescente, já fiquei deprimida. E nada como um passeio com os amigos e uma boa dose de conversas jogada fora, para acabar com a tristeza. Podemos ir ao shopping, ao cinema, ou leva-la em nossas trilhas. Acho que pode até ser legal.

Leo me olha, duvidando da palavra legal, da minha frase.

— Você está mesmo disposta a isso? — questiona, incrédulo.

— Não vejo outra alternativa. Raika só precisa se animar um pouco.

— Não sei se é uma boa ideia. Ela está muito carente e querendo atenção. Até sugeri que ela desse um passeio com Maxuel, mas ela não quer estar com alguém que precise fingir o que é ou de onde é.

— Ela não precisa fingir com a gente — Argumento.

— Mel, eu te conheço. Por mais que eu esteja preocupado, não posso pedir que goste dela ou que se importe com ela, sei do seu ciúme por causa do seu pai e... — ele hesitou — e de mim.

— Não sou tão ciumenta quanto pensa. E ela não tem culpa do nosso pai — Ardeu falar nosso — Ser como ele é. Um... — Leo me interrompeu.

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