Capítulo 21

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Tive uma crise de assessórios.

— O que será que eu visto? — analisava minhas peças no guarda-roupa. Ele falou de um restaurante, mas tenho que me vestir para uma festa. O que ele está planejando?

Revirei tudo atrás de algo legal. Nada parecia bom o bastante para a noite especial. Encontrei nos últimos cabides, um saco que guardava um vestido que minha mãe me dera há muito tempo e que eu nunca tive coragem de usar. Ele tinha um decote em V revelador e as costas nua, feito em cetim num tom de vinho bem escuro que me lembrava os vestidos das lindas mulheres dos filmes antigos. Ele ia até a altura do joelho delineando meu corpo, e era por isso que não havia usado ele até hoje. Sempre achei que ele atrairia muita atenção. Mas nesta noite, bem que eu poderia quebrar as regras de boa moça um pouquinho. Experimentar coisas novas.

Deixei o vestido sobre a cama e fui tomar banho. Caprichei nos sais e no creme hidratante. Dediquei tempo a maquiagem, ao cabelo e não me esqueci do perfume. Quando me olhei no espelho, parecia outra pessoa. E eu estava mesmo me sentindo diferente está noite. Talvez tivesse a ver com o treinamento bem sucedido, sei lá.. realmente tinha algo diferente em mim.

Ao colocar o vestido, dei outra olhada no espelho e me surpreendi com o que vi. Me examinei desde os sapatos de tiras finas até o penteado preso num coque, e fiquei alegre com a figura do espelho.

— Como não usei esse vestido antes? Ele é perfeito.

Parei de me admirar e desci para esperar Jeziel na sala. Ele já estava lá, ao pé da escada. Tinha pego a mania de entrar sem se anunciar e eu não me incomodava com isso.

Um príncipe encantado, vestindo num terno preto de corte, definitivamente, feito para ele. Nem mesmo um rei estaria mais elegante. Se narciso visse Jeziel agora, não morreria pela vaidade e sim de inveja.

Eu podia até não ler seus pensamentos, mas sua boca entreaberta e seus olhos vidrados e intensos em mim, me confirmaram que ele também gostou, e muito, do que viu.

Segui descendo as escadas e a cada degrau, a intensidade na expressão em seu rosto, ao invés de me constranger, como de costume, me deixou lisonjeada.

Ele estendeu a mão quando cheguei ao último degrau. Vi quando engoliu a seco antes de falar comigo.

—Mel, você está... — Ele parecia procurar pela palavra — Linda? Não... exuberante? Não... você está estonteante.

Eu sorri e ele me ajudou a descer o último degrau, me examinado a frente e as costas.

— Não sei se quero sair com você vestida assim.

— Por que não? Qual o problema? — Fiquei insegura de repente.

— O problema é que os homens vão cair aos seus pés.

— Está com ciúmes? — Comentei feliz com a ideia.

— Ainda não. Só não sei qual será minha reação, se eu ver ou ler algum pensamento engraçadinho sobre minha namorada.

— Faça como eu, finja que não vê.

Passei por ele, seguindo rumo a porta, com os olhos de Jeziel nas minhas costas.

Ele abriu a porta do carona para mim, ainda com um ar preocupado e ciumento, mas se conformou e dirigiu pela cidade.

Num lugar distante do centro, chegamos ao restaurante. Por fora, a entrada era suntuosa, por dentro, era como estar no salão de um palácio. Respondendo a minha admiração Leo completou.

— Um palácio sim, porém, ainda não digno da minha princesa. Seu palácio é maior e mais imponente que este restaurante. Se você se admira com essa beleza, imagino o que sentirá quando ver o esplendor do seu castelo em Andaluz. Olhei para ele cética de que pudesse haver lugar mais bonito. Toda sua arquitetura e sua decoração me lembravam o romantismo do século XV.

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