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Por dias, viajamos sem o menor sinal de perigo. Ethan com seu jeito sempre muito atencioso e cordial, estreitava cada vez mais nossa amizade. Agora que ele sabia de onde eu vinha, as nossas conversas ficaram bem mais interessantes. E suas perguntas bem mais formuladas. Mas eu sempre encontrava um jeito de dar somente as respostas que não revelariam, meu objetivo aqui. Já o tinha envolvido mais do que o necessário nisso tudo, poderia ser perigoso para ele ou para mim.

Ele estava mais animado e mais à vontade ao meu lado. Por esses últimos dias o vi sorrindo mais, e já o estava conhecendo melhor. Ele não era como os bárbaros guerreiros, que estava acostumada a ver em filmes épicos. Ethan era gentil, especialmente educado, cavalheiro, protetor, inteligente e muito sexy.

Nossos dias se passavam com nossa caminhada pela floresta e minhas aulas de espada e de luta corporal, na qual sentia ele mais perto.

À noite, ao redor da fogueira, Ethan, cuidando de suas armas, chamava a atenção do meu olhar.

— Desde que você saiu do exército, como tem conseguido fugir de Cordoman?

— Eu não sou ameaça para ele. Ele tentou me encontrar algumas vezes, mas não sou prioridade. Com certeza ele deve imaginar que eu esteja morto. Já tinha um tempo que não precisava enfrentar seus soldados. Você tornou minha vida um pouco mais movimentada.

Sorri sem graça para ele.

— Me desculpe.

— Não se preocupe com isso. Foi até bom. Eu estava ficando um pouco ocioso e um tanto quanto enferrujado. Além do mais, sua companhia é um prazer.

— Também estou contente por ter sua companhia.

— É verdade, ou é só o fato de ter alguém para te manter viva?

— Isso contribui muito, mas, gosto mesmo da sua companhia. — Revelo.

Ele se levanta vindo em minha direção, se abaixa a minha frente, estende seu braço para trás do meu pescoço, deixando seu rosto a centímetros do meu, me encarando profundamente, fazendo meu corpo todo gelar. Ao se afastar, a espada que estava em minhas costas, agora está em sua mão. Ele me entrega e se senta ao meu lado, me dando também uma pedra de amolar.

— Segure. Você precisa aprender a cuidar da sua espada. — E passou a me ensinar a afiá-la.

Sentado ao meu lado, especialmente nesse momento, eu estava altamente consciente da nossa proximidade. Mais até do que devia.

Pelos dias que se seguiram, o olhar dele quando não estava vasculhando a floresta em vigília, estava furtivamente em mim. Cada passo, cada mergulho em um rio, cada gesto meu, era observado por ele, que às vezes desviava o olhar quando eu me virava. Eu devia, mas não me aborrecia com isso, era na verdade muito lisonjeiro. Ele era um gentleman em tudo.

Eu também passei a observá-lo mais. Seu rosto muito bonito, seu sorriso maroto e encantador, que de tão belo, me dava vontade de provocá-lo com minhas piadas e brincadeiras que, a maioria, ele não entendia, mas o fazia sorrir.

Seus olhos claros e penetrantes, sempre pareciam que viam além de mim, e me passava uma confiança incondicional. Mesmo notando seus olhares e suas investidas, ele jamais avançava além do que eu permitia.

Seu corpo moldado de um guerreiro, era agradável de ver. E sua voz firme e melodiosa, preenchia nossas noites enquanto ele cantava para as estrelas até que eu adormecesse.

Fazendo o caminho de volta, chegamos à vila Passuir, onde havia conhecido o curandeiro. Ethan quis passar na casa de seu amigo, já que teríamos muitos dias ainda de viagem.

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