Capítulo 5

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— O que aconteceu? — Pergunto para a moça que estava ao meu lado, com um aferidor de pressão.

— Você desmaiou querida, mas não foi nada grave. Uma queda de pressão.

Eu desmaiei?! Mas eu me sentia bem antes de ver Jeziel. O que teria acontecido comigo? — Penso atordoada.

— Você lanchou direito? — Ela me sondava com cuidado.

— Não comi nada esta manhã. — Falo, percebendo o vazio no estômago.

— Por isso o desmaio. Já telefonamos para seu irmão, ele virá te buscar. Enquanto espera, beba esse suco e coma esses biscoitos. — Mostrou uma bandeja na mesinha ao lado da maca.

— Como eu vim parar aqui? — Questiono.

— Ah, um dos garotos da sua turma te carregou. Ele parecia bem preocupado com você — disse com um olhar insinuante — tive que empurrá-lo para fora daqui. — Deu uma risadinha.

Torci para que não fosse quem eu imaginava.

— Você sabe o nome dele? — Quis saber, já sentindo meu coração se atropelar nas batidas.

— É o novo aluno da sua turma, que tem um nome diferente, Je... Jeza...

— Jeziel. — Completei o que ela não parecia se lembrar.

— Esse mesmo — confirmou.

— Aí! — Gemi por puro constrangimento.

A imagem de Jeziel me carregando e, eu feito um boneco mamulengo, largada em seus braços, permeou meu imaginário. Por que qualquer outro não foi ao meu socorro? Aceitaria até Maxuel com aquele estranho jeito otaku, barra, geek hipster, que ninguém entende. Ou poderiam ter me deixado esparramada lá no chão feito um capacho. Não me importaria.

Mas logo Jeziel?! Será que revirei os olhos ou babei? Ou fiquei esperneando feito uma barata mal matada? — Oh, céus! O que será que fiz em outras vidas, pra merecer isso?!

— É melhor comer alguma coisa antes que desmaie outra vez. Está ficando pálida. — A socorrista me aconselha.

Minha palidez de agora, tinha uma única razão, era o luto pela minha dignidade. Na cartilha de coisas que uma garota não deve fazer na frente de um cara lindo como Jeziel, com certeza, apagar assim do nada e cair feito um saco de batatas no chão, deve estar em destaque.

— Por acaso, eu cheguei aqui me debatendo, tendo espasmos? — Perguntei num fio de esperança ,de que o vexame não fosse tão grande.

— Não florzinha, foi mesmo um desmaio, como se tivesse caído no sono.

Sem saber se a informação me trouxe algum alívio, mastigava devagar o biscoito, planejando descobrir se o que passei há alguns minutos, não era delírio ou sonho.

Será que eu cochilei e sonhei? Ele realmente falou comigo atrás da árvore? E se a resposta fosse sim, sobre o que estava falando? Me lembrava dele dizendo: "te encontrei." O que isso significa? Ele estava me procurando e chegou até a árvore? E como chegou primeiro que eu na sala? Ou Jeziel passou por mim e eu não percebi? Ele não estava vindo atrás de mim?!

Minha cabeça fervilhava de perguntas. Era tudo tão estranho, que parecia outro sonho esquisito.

Biel se aproximou todo aflito e o tranquilizei. E tive que controlar todas aquelas questões mal resolvidas na minha cabeça e ir para casa. Quando chegamos, já me sentia muito melhor, entretanto, mesmo depois de várias horas, meus pensamentos não conseguiam chegar a uma conclusão do que havia acontecido. Precisava esclarecer essas dúvidas. Eu tinha o número de telefone dele. Não ia esperar, era só ligar.

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