Capítulo 17/1

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Ernest, subiu tão rápido as escadas em direção ao terceiro andar que, mal consegui alcança-lo.

Entrei na sala de treinamento ofegante e encontrei Ernest de frente ao grande baú com o cadeado em suas mãos. O som do destravar a combinação fazia eco em toda a sala. Me detive na porta, pois não sabia o que iria acontecer. Num som forte de um solavanco, a trava se abriu e Ernest levantou a grande e pesada tampa do baú. Ele se curvou para dentro e se endireitou, trazendo três grandes pedras de cristal trabalhado. Seu formato me lembrava um trevo.

Me olhou e colocou no chão, a sua direita, uma das pedras, a outra a sua esquerda formando uma linha reta de dois metros de distância e a terceira se iluminou em sua mão.

Ele andou até, exatamente o meio das duas outras pedras, e fez que a de sua mão flutuasse se erguendo no ar.

Uma energia emanou daquela pedra tocando alternadamente as outras duas no chão, como filetes de raios de luz em várias cores. Um som agudo, mas não incomodo soava quando a energia da pedra principal tocava as do chão.

Ernest veio se afastando de costas e a pedra ia se elevando, formando com sua luz um arco. Outra luz começou a aparecer se formando dentro daquele arco. Ela oscilava entre forte e mais forte ainda. Meus olhos já estavam ofuscados peço brilho, olhei para Ernest que se aproximava de mim. Sua postura era de um guerreiro pronto para luta. conclui que ele não estava tão seguro quanto ao que ia passar por ali. Seus olhos fixos no portal que se abria.

Se posicionou, me tirando da linha de frente do portal. Ergueu sua mão esquerda em direção a parede do nosso lado e, uma espada prateada voou arrancada de seu suporte pousando na mão de Ernest. Ele estava tenso. Trocou a espada de mão endireitando seu corpo. Ele estava pronto para uma luta. Seu comportamento me fez sentir medo do que meus olhos viram em seguida.

Uma silhueta surgiu em meio ao portal e um vento soprava gelado, passando por aquela imagem. Aquela figura vinha caminhando lentamente. De repente, houve uma grande explosão de luz, que invadiu toda a sala e se contraiu de volta ao portal que se fechou imediatamente unindo as três pedras de cristal no chão.

Ernest ainda estava posicionado em minha frente, a espada em sua mão. Eu esfreguei os olhos para poder ver o que tinha acontecido, e notei alguém caído ao chão, próximos as pedras. Havia também uma pequena caixinha caída ao lado daquela figura. Passados alguns segundos, Ernest, devagar, se aproximou daquela pessoa. Ouvi o som da espada sendo largada no chão e ele correu, se agachando ao seu lado.

Minhas vistas ainda não estavam captando a imagem perfeitamente, pelo ofuscar da explosão, mas vi quando Ernest ergueu no colo aquele ser.

Longas mechas de cabelos lisos e loiros, balançaram em seus braços e Ernest, rapidamente passou por mim, descendo os degraus da escada. O segui até o quarto de frente ao de Jeziel e deparei com uma garota deitada numa grande cama. Desmaiada.

Ernest estava com uma das mãos sobre a cabeça dela, havia um brilho em sua mão. Observei aquela pessoa de longos cabelos loiros prateados e de pele numa cor tão suave que encantava só de olhar. Seu rosto era inocente e angelical, numa beleza de traços e combinações perfeitas. O rosto digno de uma princesa de conto de fadas, ou, da própria fada.

Usava um vestido azul claro, feito de várias camadas de tecido fino, incrustado de minúsculas pedras azuis cintilantes. A luz sobre as pedras, dava um brilho esplendoroso aquela garota mística. Ela começou a se mover delicadamente sobre a cama. Abriu os olhos assustada, como que querendo identificar onde estava.

Ao ver a mim e Ernest, se levantou rapidamente pelo outro lado da cama, temerosa. Foi se afastando de nós até encostar na parede, bastante aturdida.

— Não tenha medo — Disse Ernest, se dirigindo a garota que parecia ter a minha idade. Um pouco menos talvez — Eu sou Ernest — Ele falava pausadamente tentando acalmá-la — E esta é Melissa.

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