Capítulo 13

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Por toda a semana tive que driblar minha mãe para poder ficar com Jeziel. Ela fez marcação serrada e controlou os horários em que eu saía e que voltava.

Minha salvação era a escola, ela não tinha como controlar o tempo em que passávamos juntos, já que sentávamos lado a lado e só ficou mais tranquila após eu ir ao passeio em grupo com a turma da escola, assim como Jeziel previu.

— Você não pode focar só em Jeziel, tem outras pessoas no mundo, tem seus colegas de escola. Não pode ser dependente dele, tem que ser uma garota com opções, nenhum relacionamento. onde se vive em simbiose emocional com o outro, não pode ser saudável — me aconselhou pela milionésima vez.

— Que simbiose?! — retruco — qual casal de namorados não quer passar mais tempo juntos? Sair, comer, assistir a um filme juntos?

— Você tá de brincadeira Melissa! — ela se irrita — não é possível que não perceba essa dependência, essa.. essa.. compulsão, esse vício que você tem nesse garoto?

— Coisa nenhuma — rebato nervosa — você exagera mamãe, não tem nada de compulsão, é amor, amor... dá pra entender?

— Eu desisto... não sei mais o que falar, nem mais o que fazer...

— Só me deixa! Deixa eu curtir meu namoro em paz. — resmunguei ­— por acaso, com você e o pai foi diferente?

— Não, não foi, mas é exatamente por isso que estou preocupada. Porque sei pelo que passei e jamais quero isso para você minha filha.

— Mãe, sei que quer me defender, quer me proteger, mas Jeziel não é como Victor, ele jamais me deixaria, jamais me abandonaria. Ele me ama, tanto quanto eu o amo.

— Como pode afirmar isso com tanta certeza?

Pelamordedeus! É só olhar pra ele e olhar pra mim... mãe, quando um cara feito Jeziel, perfeito como ele é, iria querer alguém como eu se não fosse amor?

— O que tem de errado com você? Você é que é a perfeita nessa relação, você é pura, ingênua, linda, linda... tá me ouvindo? — falou brava — não quero ver você se achando inferior a ninguém, meu Deus do céu! Não é possível que você não se enxergue? Ele é quem tirou a sorte grande em ter te encontrado. Só que vejo você mudando a cada dia, como se precisasse se adequar a forma de Jeziel. Isso me preocupa. E na minha opinião, ele nem te merece. Além de ser bonito, o que mais ele tem? É educado, bem criado, bom aluno. Mas fora isso, me diz o que mais te faz ser tão apaixonada assim?

— Não tenho como explicar uma coisa dessas, Dona Eliana, não é só aparência, nem gentileza é... é algo por dentro, vem da minha alma, corre nas minhas veias, me falta o ar quando sinto a falta dele, não é algo que eu possa explicar com palavras.

Ela se sentou no sofá, derrotada. Passou a mão pelo rosto e soltou:

— Eu sei. Sei muito bem como é essa sensação, como é esse sentimento. Mas, por favor minha filha, não se anule por ninguém. Você é perfeita do jeitinho que é — Suspirou, estendeu a mão para que eu a pegasse e me puxou, me sentando ao seu lado — Melissa, tudo que eu quero é que você possa ser feliz. Claro que tenho medo que você se machuque, e queria poder te poupar disso, mas infelizmente não cabe a mim, não tenho esse poder. E... — soltou o ar vencida — como estou notando que esse assunto te deixa infeliz, sobre minha preocupação com esse namoro, prometo que não vou pegar tão pesado, mas vou ficar observando, e Jeziel está na minha mira. Se ele te magoar... se ele te fizer sofrer... juro que acabo com a raça dele.

Eu ri e ela me abraçou. Não tinha como ficar zangada, eu entendia que tudo aquilo era amor de mãe e valorizava muito esse cuidado. A minha única vontade é que ela parasse tanto de pegar no meu pé.

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