A noite chegou. Todos foram para seus quartos depois de uma longa conversa e boas risadas em meio ao jantar. Tudo ali tinha uma vibe tão boa e gostosa. Aquelas pessoas pareciam tão felizes, mesmo que algo ruim fosse o motivo de estarem todos ali. Parecia mais que estavam celebrando a vida que o homem teve, e não lamentando o falecimento. Achei uma coisa impressionante.
Carson e eu também fomos para o nosso quarto, o que deu uma certa tremedeira nas minhas pernas. Eu já tinha dormido na casa dele, mas foi sem querer e no sofá. Agora dormiriamos no mesmo quarto... Na mesma cama. Isso me deixava fraca só de pensar.
Para evitar que ele notasse de cara o meu desespero, corri para pegar um pijama e anunciei que tomaria outro banho. Eu nem tinha me sujado e faziam poucas horas que eu tinha tomado banho, mas precisava me acalmar. Parecia até que eu tinha me casado com ele e agora seria a noite de núpcias. Por que estou tão nervosa?
Ouvi o som da televisão do quarto ser ligada e me encarei no espelho.
É o Carson, Flor. O seu patrão. O cara que te deu uma casa pra ficar. O rabugento que vive na escuridão. Que te chamou no escritório dele uma vez para te chamar de doida. Que ficou de cara emburrada no meio de desfile super colorido e alegre. Que quase enlouqueceu quando ficou trancado comigo. É só o Carson. Não tem porque ficar tão nervosa.
Tentei ver Carson como o cara que era antes de eu me apaixonar por ele. Que certamente não aguentaria passar uma noite comigo nesse quarto, porque eu o iria enlouquecer.
De certa forma, deu certo. Minhas pernas pararam de tremer e meu coração se acalmou. Voltei minha atenção ao banho que eu precisava tomar e coloquei minhas mãos para trás, para abrir o zíper do vestido. Fiquei assim uns bons minutos, a raiva já tinha me subido e eu até tentei tirar o vestido sem abrir, mas ele estalou e eu pensei que fosse rasgar, então desisti.
ㅡ Eu não vou fazer isso... ㅡ Falei comigo mesma no espelho. Estiquei os braços para trás novamente para tentar abri-los, mas meus ombros doeram de tanto que eu já tinha tentado. ㅡ Droga... ㅡ Resmunguei. ㅡ Carson? ㅡ Falei alto para que ele me escutasse. O som da tv diminuiu e ouvi passos. ㅡ Pode me ajudar?
ㅡ Posso abrir? ㅡ Perguntou do outro lado da porta.
ㅡ Pode. ㅡ Respondi.
A porta se abriu devagar e pelo espelho o vi entrando. Ele me olhou e se aproximou, deixando a porta entre aberta.
ㅡ Não consigo abrir. ㅡ Apontei para o zíper.
Carson assentiu. Com um cuidado fascinante, ele pegou as mechas do meu cabelo e as colocou para o lado, por cima do meu ombro. Seus olhos estavam baixos, focados em minhas costas. Os meus estavam focados no espelho, olhando para ele.
Senti suas mãos em minhas costas. Ele pegou o zíper e o abriu devagar. De repente me senti nervosa novamente. O zíper era grande, abria até a minha cintura. Minhas costas estava completa exposta e eu sentia o seu hálito quente bater na minha nuca, mesmo que ele não estivesse tão perto.
Embora ele já tivesse terminado, permaneceu no mesmo lugar, da mesma forma. Os olhos tão penetrantes focados em mim. Minha pele já estava arrepiada e minha respiração desregulada.
Foi quando ele olhou pelo espelho e me encarou. Olho no meu olho. Meu coração disparou ainda mais e eu pensei que fosse entrar em colapso. Como apenas um olhar poderia me causar tantas coisas?
Carson fechou os olhos. Ele os apertou e se afastou de mim. Me deixando confusa, ele saiu do banheiro e fechou a porta.
Virei para a porta e me escorei na pia atrás de mim, sentindo a fraqueza em minhas pernas. O volume da televisão aumentou e eu passei as mãos no rosto.
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Um raio de Sol em minha vida
RomantikEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...