Fui expulsa da faculdade.
Isso ecoou na minha cabeça durante todo o caminho de ônibus. Ônibus esse que estava indo para algum lugar dos Estados Unidos que eu não tinha ideia. Acho que nunca estive tão sem rumo quanto agora.
ㅡ É o ponto final. ㅡ O motorista veio me avisar, pois a distraída aqui estava ocupada demais encarando a parte de trás da poltrona da frente, se perguntando o que faria da vida.
ㅡ Ah... ㅡ Olhei em volta. Não tinha mais ninguém no ônibus. ㅡ Me desculpa. ㅡ Abri um sorriso culpado.
O homem não disse mais nada, apenas voltou para a frente do ônibus e eu me levantei. Peguei minha mochila, que pesava milhares de quilos, e saí do ônibus.
ㅡ Obrigada. ㅡ Peguei a mala que o motorista tirou do bagageiro e permaneci parada no mesmo lugar até o ônibus arrancar e sair dali fazendo poeira subir.
Quando a poeira baixou, me deparei com uma praia. Ok, isso não era o que eu esperava a essa altura da minha vida. A cinco minutos atrás estava pensando no que fazer da vida, me sentindo na sombra do fundo do poço, e agora eu havia caído numa praia. Peguei um ônibus aleatório que nem tinha ideia de para onde ia e vim parar numa praia.
Talvez a sorte esteja a meu favor.
ㅡ Ah, qualé, Carson? ㅡ Ouvi alguém resmungar e olhei para trás. Um senhor de barba grande e calça pescando reclamou com o outro que parecia o estar expulsando do bar.
ㅡ Já falei que aqui você não bebe mais. Anda. ㅡ O outro homem colocou as mãos na cintura e apertou os olhos por conta da luz do sol. Ele observou o senhor até que ele se afastasse enquanto murmurava um monte de palavrões.
Quando o senhor barbudo sumiu de vista, os olhos do homem se pousaram em mim. Meu corpo deu reset. Sabe quando você está com má postura, cabelo na cara, careta no rosto e parece que saiu de um conto de terror infantil, e aí você se toca e se ajeita rapidamente? Foi isso que fiz. Fiz, pois o cara que me olhava poderia facilmente ser considerado o mais bonito que já vi na vida.
Apesar de estar com cara de poucos amigos, ele era muito atraente. Seu maxilar era marcado, seus olhos azuis pareciam cintilar no sol, os cabelos pretos feito carvão contrastavam bem com sua pele branca. A camiseta sem manga deixava a mostra algumas tatuagens em seu antebraço.
Foi quando parei para olhar para mim mesma. Eu vestia uma camiseta cinza da universidade de São Francisco, um macacão jeans jardineira e all star nos pés. Meus cabelos deviam estar do mesmo jeito de quando acordei e minha cara limpa de qualquer vestígio de maquiagem. Era uma ótima hora para eu encontrar o cara mais gato da Califórnia. Ótima!
Apertei a alça da mala de rodas que estava parada ao meu lado e ouvi passos. Olhei na direção do bar e vi que o homem havia entrado. Também notei outra coisa, uma placa de precisa-se de garçom. Nunca fui garçonete na vida, mas não tenho nem onde passar a noite hoje, não custa nada tentar.
Não pensei muito antes de entrar no bar. O lugar era muito escuro comparado ao dia ensolarado e colorido lá fora. As paredes eram em marrom desbotado, tinham alguns quadros de bandas e outras coisas nas paredes. As mesas eram de madeira, sem alguma toalha por cima. Não era muito enfeitado, era simples, tristes e sem vida.
Quando cheguei perto do balcão, me inclinei para ver se encontrava alguém. Foi quando aquele mesmo cara se levantou segurando um pano e parou na minha frente, do outro lado do balcão. Meu corpo congelou por uns segundos, mas logo abri um sorriso.
Ele me observou sem expressão alguma, apenas parecendo esperar que eu dissesse o que queria.
ㅡ Er... ㅡ Apontei na direção da porta. ㅡ Vim pelo anúncio de garçom. ㅡ Ele continuou sem expressão, mas ao mesmo tempo parecia analisar-me muito bem. Como se me estudasse.
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Um raio de Sol em minha vida
RomanceEla é distraída, impulsiva, esquecida e ama dias de sol. Ele é dono de um bar, não tem amigos, não gosta de pessoas, mora perto da praia, mas nunca põe os pés lá. Florence, que prefere ser chamada de Flor, chega à Santa Bárbara só com uma mala e a...